Sporting CP 3-0 Estoril Praia SAD: Reis foi com sede ao Pote

    A CRÓNICA: EM NOME DA ROSA

    A euforia sempre terá que coexistir com os malignos efeitos do descalabro. Para os mais atentos, é um dogma natural. A rosa também nos contenta as vistas mesmo que a sua beleza encubra os espinhos que passam despercebidos por concentrarmos atenções na cor das pétalas e ignorarmos o que nos é capaz de ferir.

    Incongruente circunstância aquela que permite que as coisas se alinhem para que o mesmo sítio onde esfolamos a pele nos sirva para sararmos as feridas, mesmo as mais profundas. Em Alvalade, onde Manchester City FC deixara magnânima demonstração de poder, os leões reencontraram-se com as vitórias depois de dois jogos sem ganhar.

    Mesmo que a cimeira europeia não tenha corrido como desejado e o rescaldo tenha sido destrutivo, o Sporting CP ativou o modo Plano de Recuperação e Resiliência. Ainda assim, os primeiros investimentos foram do Estoril Praia SAD através de bons envolvimentos coletivos dinamizados por Francisco Geraldes e André Franco.

    Quando os verdes e brancos descobriram que tinham espaço para procurarem cruzamentos para a área, Matheus Reis começou a soltar veneno sempre que para lá endossava a bola naquela zona. Ia valendo Joãozinho e Ferraresi para remediar. O jogo das probabilidades para chegar primeiro ao golo, que até perto do final da primeira parte se mantivera equiparado, começava a mudar.

    Pedro Gonçalves meteu as fichas todas no erro de Dani Figueira. A falha acabou por acontecer quando o guarda-redes do Estoril Praia SAD não conseguiu conter o remate de Sarabia e Pote lá estava para faturar.

    O Estoril Praia SAD tentou subir a pressão, mas não mais se encontrou com os bons desenhos ofensivos. Raul Silva entrou aos 60 minutos e aos 64 borrou logo a pintura com uma entrada sobre Porro que lhe valeu a saída do jogo.

    Com a vitória encaminhada, mas sem o resultado a corresponder às sensações que pairavam, as coisas ficaram decididas com o golo que Matheus Reis, não se deixando deslumbrar pela assistência de Paulinho como toda a gente no estádio, marcou. O tento final de Sarabia fora já mero, mas vistoso, entretenimento.

    Quase de saída da Liga dos Campeões, o Sporting CP dá um passo para lá voltar na próxima época. Os leões afundaram o SL Benfica na mesma praia em que deixaram o Estoril.

     

     

    A FIGURA

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Matheus Reis – Coroou a exibição com um golo, prémio para as tantas vezes que, com empenho, tentou assistir os colegas.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Raul Silvafoi uma estreia que durou quatro minutos. Jogador novo no Estoril Praia SAD, mas a apetência para os cartões vermelhos já é velha.

     

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP

    Rúben Amorim, o rígido. O 3-4-3 lá se manteve, nem podia ser de outra forma. Ainda assim, em virtude das circunstâncias, o treinador leonino mudou-lhe alguns nomes.

    Neto entrou para ser central pela direita na linha de três. Gonçalo Inácio atuou pelo meio, sendo que, na saída baixa de pontapé de baliza, funcionou como um autêntico médio ao lado de Ugarte, permitindo a Matheus Nunes adiantar-se. Assim, o Sporting CP igualava o número de homens no meio e mantinha superioridade atrás em relação à pressão do Estoril Praia SAD.

    Com a coordenação entre a ação defensiva dos homens da frente e o acompanhamento do meio-campo, Ugarte e Matheus Nunes ganharam confiança para saltar nos médios interiores estorilistas e recuperarem a bola mais cedo.

    A atacar, o flanco esquerdo foi a zona preferencial. Os cruzamentos vindos dessa zona geraram situações de conflito para a defesa contrária.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Antonio Adán (5)

    Pedro Porro (5)

    Luís Neto (5)

    Gonçalo Inácio (6)

    Zouhair Feddal (5)

    Matheus Reis (8)

    Manuel Ugarte (7)

    Matheus Nunes (7)

    Pedro Gonçalves (6)

    Pablo Sarabia (7)

    Paulinho (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Daniel Bragança (5)

    Islam Slimani (5)

    Marcus Edwards (-)

    Gonçalo Esteves (-)

    Nuno Santos (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ESTORIL PRAIA SAD

    O Estoril Praia SAD apresentou Rosier na posição de maior exigência tática da equipa. Ao francês coube interpretar quando lhe era exigido que se juntasse aos centrais, formando o 5-4-1 da equipa estorilista em fase defensiva ou quando tinha que ser dinâmico a procurar as costas da primeira linha de pressão do Sporting CP no momento de ter a bola.

    A atacar em 4-3-3, a preocupação da equipa de Bruno Pinheiro foi sempre formar triângulos em que o portador tivesse, pelo menos, duas soluções de passe.

    A rapidez com que os extremos se empenhavam a fechar o corredor central quando a equipa perdia a bola denotava um claro convite a que o Sporting CP jogasse por fora. Negaram bem as ligações interiores dos leões com Paulinho.

    A saída de bola ficou marcada pelo posicionamento dos médios interiores. Bem abertos, Franco e Geraldes obrigavam o Sporting CP a abrir espaço para Clóvis servir de referência.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Dani Figueira (4)

    David Bruno (5)

    Bernardo Vital (5)

    Ferraresi (7)

    Joãozinho (7)

    Rosier (7)

    Francisco Geraldes (6)

    André Franco (6)

    António Xavier (5)

    Arthur (5)

    André Clóvis (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Jordi Mboula (5)

    João Gamboa (6)

    Raul Silva (-)

    Leonardo Ruiz (5)

    Romário Baró (-)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Sporting CP

    BnR: Ugarte voltou hoje a ser titular. Reconhecendo que é um jogador bastante diferente do Palhinha, que mudanças tiveram que ser feitas na dinâmica entre o jogador da posição seis e o da posição oito?

    Rúben Amorim: Não fizemos nenhuma alteração nesse aspeto, mantiveram os mesmos posicionamentos. O Palhinha é diferente do Ugarte, sim, mas também é muito bom a variar jogo, é muito bom com a bola, melhorou muito nesse aspeto, mesmo a carregar. As diferenças não são assim tão grandes. Talvez o facto de, no passado, o Palhinha jogar um bocadinho mais baixo do que o Ugarte lhes dê ali um bocadinho de características diferentes.

    No decorrer do jogo, em termos estratégicos, como é que lidou com o convite ao jogo exterior por parte do Estoril Praia SAD?

    Rúben Amorim: Isso já aconteceu e foi por isso também que fomos buscar o Slimani. Acho que se notou, que cada vez que havia um cruzamento, a presença do Slimani ajudou. Então quando é Slimani e Paulinho, ajuda-nos bastante e isso pode-nos libertar ali alguns jogos, sabendo que, em caso de extremos, podemos ter ainda o Paulinho, o Slimani e o Seba. É normal, começam-nos a fechar muito o meio, porque sabem que o Pote, o Edwards, o Pablo, o Nuno são perigosos lá. Temos que arranjar soluções para vencer os jogos.

    Estoril Praia SAD

    BnR: Pedia-lhe uma avaliação ao papel dos médios interiores e à forma como o Estoril Praia SAD conseguiu criar condições para desenvolver jogo interior na melhor fase que teve na partida.

    Bruno Pinheiro: O jogo depende muito do que o adversário dá. O que nós fazemos muito é tentar ensinar o jogo em termos de espaço para os jogadores terem tempo e espaço. De facto, há momentos do jogo em que isso é possível, há momentos em que isso não é possível. Hoje, houve alguns momentos em que isso estava a ser possível, porque tínhamos três médios, um médio defensivo e dois interiores. O Sporting CP tinha dois médios. Quando o Paulinho saltava nos centrais, em teoria, dava-nos o médio defensivo livre, mas, muitas vezes, o Ugarte acabava por saltar e permitia-nos, por exemplo, libertar o Geraldes. A partir do momento em que a bola entra num dos médios interiores com tempo e espaço, as combinações são apenas uma mera consequência dos espaços que surgem em função do que o adversário faz para compensar a falta de um homem. Não é um trabalho específico de combinações para este jogo ou para outro, é apenas compreensão do jogo e do que o que o adversário nos dá.

     

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.