Sporting CP 3-1 Gil Vicente FC: Uma lição bem estudada que acabou em chumbo

    A CRÓNICA: UMA LIÇÃO BEM ESTUDADA POR RUI ALMEIDA

    Hoje, a Liga Portuguesa volta a estar toda em pé de igualdade. Isto porque esta noite o Sporting CP e o Gil Vicente FC defrontavam-se para a jornada em atraso. Um jogo de acerto de calendário referente à primeira jornada do campeonato.

    O duelo começou com um Sporting superior e um Gil Vicente a conceder domínio territorial aos de verde e branco. Ainda assim, os gilistas procuraram desde cedo condicionar a construção dos leões assim que estes passavam do meio-campo.

    Durante maior parte do primeiro tempo, o Sporting não conseguiu meter a bola nas costas do Gil Vicente. Verdade seja dita: os de Barcelos vieram com a lição bem estudada. E tenho de dar nota dez porque, de facto, o Sporting teve muita dificuldade para chegar ao último terço. Culpa de Rui Almeida que preparou e organizou muito bem o seu conjunto para este duelo. O Sporting não estava a conseguir sair com ataques organizados e a tarefa de surpreender o adversário mostrava-se complicada.

    A aproximar a meia hora de jogo, os leões começaram a inverter esta tendência. Ainda que timidamente e sem lances de perigo iminente. Porque de facto o Gil Vicente FC mostrou-se durante a primeira parte uma equipa muito compacta e competente a nível defensivo. Foi um primeiro tempo interessante, mas essencialmente a nível tático. Lances de tirar o fôlego? Nem vê-los. Mas, ainda assim, a forma como os gilistas se apresentaram esta noite em Alvalade, principalmente a nível defensivo, é de se tirar o chapéu.

    O Gil Vicente é dono e senhor dos primeiros minutos da segunda parte e consegue mesmo materializar esse ascendente num golo. Aos 52 minutos, Lucas Mineiro desvia a bola com um toque subtil, mas intencional, para colocar o esférico fora do alcance de Adán. Foi assim a mexida no marcador, com os de Barcelos a aproveitar alguma passividade dos leões no regresso dos balneários. O Sporting estava a precisar de acelerar processos, alterar dinâmicas e procurar surpreender uma equipa que analisou ao pormenor todo o estilo de jogo de Rúben Amorim antes desta partida.

    Na corrida dos dez últimos minutos, o Sporting foi mais feliz. Rúben Amorim tira dois coelhos da cartola. Ou devo dizer do banco? No espaço de dois minutos, o Sporting faz a reviravolta ao marcador. Aos 82 minutos, após uma jogada pelo lado esquerdo (finalmente), Nuno Santos passa para trás de cabeça para Sporar. O esloveno, sozinho ao segundo poste, desvia para o fundo das redes.

    De seguida, Tiago Tomás faz o segundo da noite para os leões. Daniel Bragança desmarca o avançado que toca subtilmente, mas de forma eficaz, para dentro da baliza gilista. Nos minutos finais, ainda houve tempo para mais um tento dos leões. Depois de uma atrapalhação na defensiva gilista, Pedro Gonçalves aproveitou e fez o terceiro para a sua equipa.

    Um resultado, sem dúvida, pesado para aquilo que aconteceu dentro das quatro linhas durante os 90 minutos. O Gil Vicente esteve perto de ganhar os três pontos, mas deixou fugir a vitória nos últimos dez minutos. Um castigo, ainda assim, demasiado pesado para aquilo que foi este jogo.

     

    A FIGURA

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Lição bem estudada por parte do Gil Vicente FC – Rui Almeida preparou criteriosamente este jogo frente ao Sporting. E por isso “concebo” esta menção honrosa como figura do jogo. O Gil soube aproveitar as fragilidades leoninas e só vacilou mesmo nos últimos minutos da partida. Como já o disse, um resultado pesado para aquilo que foi este duelo.

     

    O FORA DE JOGO 

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Jovane no corredor central – Não rende o mesmo no corredor central. Pode ser muito voluntarioso e solidário, mas a verdade é que quando Jovane retoma à sua posição preferida, faz logo muito mais estragos. No corredor central, este jovem parece como um peixe fora de água.

     

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP

    O Sporting mostrou-se esta noite em Alvalade no esquema tático habitual: um 3-4-3, com uma construção a três e na saída rápida. Os leões estavam a ter mesmo muito dificuldade em construir e continuou a sentir-se a tendência para investir mais no lado direito para atacar. Algo que o Gil, fazendo o trabalho de casa, conseguiu aproveitar muito bem. Era um Sporting com pouca dinâmica, com processos lentos e algo previsíveis. Fragilidades que, sem dúvida, não estavam a permitir que o conjunto de Rúben Amorim chegasse com ímpeto ao último terço do terreno.

    Assim que sofreu o golo, Rúben Amorim investiu em mais gente no ataque. Tiago Tomás e Nuno Santos estiveram no terreno como falsos laterais e Nuno Mendes como terceiro defesa. Pedro Gonçalves ficou na direita, Daniel Bragança veio a jogo (mais ofensivo do que Matheus Nunes). Rúben Amorim coloca ainda Sporar sobre o corredor central e trás Jovane para o corredor esquerdo.

     

    11 INICIAIS E PONTUAÇÕES

    Adán (5)

    Zouhair Feddal (6)

    Coates (7)

    Nuno Mendes (7)

    João Palhinha (6)

    Matheus Nunes (5)

    Nuno Santos (7)

    Neto (5)

    Pedro Porro (6)

    Pedro Gonçalves (6)

    Jovane (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Tiago Tomás (8)

    Sporar (8)

    Daniel Bragança (7)

    Gonçalo Inácio (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – GIL VICENTE FC

    O Gil Vicente deu aqui em Alvalade uma lição de como preparar um duelo frente a uma equipa que indiscutivelmente tem mais argumentos. Num 5-1-3-1 a defender, os gilistas  conseguiram criar uma muralha que os leões não estavam a conseguir ultrapassar. O Gil conseguiu impedir muitas vezes que os da casa chegassem ao último terço do terreno. Um dos destaque da estratégia de Rui Almeida foi a atenção redobrada no lado esquerdo da defesa. Isto porque a equipa de Rúben Amorim costuma privilegiar o lado direito para atacar. Outra nota também dos apontamentos do treinador gilista que deve ser destacado diz respeito ao pontapé de saída dos pés de Adán.

    O Sporting costuma sair curto e, por isso, o Gil colocou três homens mais subidos nesse momento para exercer uma maior pressão e obrigar ao erro. Assim que o guardião leonino libertava a bola, esses mesmos três homens recuavam para compensar defensivamente. Mais uma prova da lição bem estudada.

    A nível ofensivo, o Gil apresentou-se num 3-4-2-1. Como já disse, muito compacto. Tanto a nível defensivo como ofensivo. Quando começava a construir, a equipa de Barcelos apresentava a mesma postura: passes curtos de forma a diminuir a margem de erro.

     

    11 INICIAIS E PONTUAÇÕES

    Denis (5)

    Joel (5)

    Rodrigo (6)

    João Afonso (5)

    Miullen (4)

    Kanya (5)

    Lucas Mineiro (7)

    Ruben Fernandes (6)

    Samuel Lino (6)

    Talocha (5)

    Nogueira (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Antoine Léautey (5)

    Lourency (6)

    Claude Gonçalves (-)

    Vítor Carvalho (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Sporting CP 

    BnR: Pedia-lhe que comentasse o rendimento de Jovane no corredor central, uma posição onde não está tão habituado a jogar. É esta uma aposta para continuar?

    Rúben Amorim: Percebo a pergunta. O Jovane tem vindo a fazer a pré-época ali, teve jogos muito bons. Está à procura do melhor espaço e consoante o jogo nós vamos escolher o melhor espaço para ele. Quando o treinador entender que joga um, joga. Quando entender que joga outro, jogará. Eu estou satisfeito com ele. Ele dá o máximo. Vai melhorar ainda. E, portanto, é como lhe digo: estão todos disponíveis e todos preparados para jogar. Às vezes os jogadores que estão no banco são tão importantes como aqueles que jogam de início.

    Gil Vicente FC

    BnR: A certa altura do jogo, notou-se uma especial atenção da equipa do Gil Vicente FC para cobrir o lado direito do ataque sportinguista. Foi uma das estratégias para este jogo, visto que tendencialmente a equipa de Rúben Amorim constrói mais por esse flanco?

    Rui Almeida: Não penso que tenha sido determinante. A nossa equipa desequilibrou em várias partes do terreno. Aquilo que vocês viram e aquilo que nós fizemos foi estar pressionantes nos três setores. Sabemos que o Porro é muito forte. Penso que não foi por aí o desequilíbrio. Houve sempre uma cobertura, alguém que conseguiu chegar perto e chegar rápido. Portanto, não foi por aí. Aqueles momentos são momentos críticos do jogo. Temos de estar 95, 97, 100 minutos sempre ligados porque é assim que naturalmente se ganham jogos.

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    Inês Marques Santos
    Inês Marques Santoshttp://www.bolanarede.pt
    A Inês é licenciada em Jornalismo. A experiência do Bola na Rede veio juntar duas coisas de que gosta de fazer: escrever e ver futebol. Desde nova que quer entrar no mundo do jornalismo desportivo e espera um dia conseguir marcar o seu lugar no mesmo.