Os agentes de futebol, assim como os políticos, gostam de nos encher os ouvidos com frases feitas quando não querem responder, ou não sabem o que dizer.
Frases como, “temos de levantar a cabeça”, “temos de olhar para nós e esquecer o adversário”, “estamos focados no nosso jogo, sem olhar ao que os outros fazem”, “herança pesada”, e tantas outras já fazem parte do léxico futebolístico e quase já adivinhamos as respostas dependendo do interveniente.
Nos últimos dias, foi o actual presidente do Sporting que nos deixou uma dessas pérolas, dizendo que “Destruir é fácil e rápido, Construir demora tempo”. Concordo com ele (não, não estou a ser irónico), apesar de no contexto em que foi aplicado não concordar tanto assim. Digo que concordo, porque, em termos abstractos, sem especificar o motivo, é uma afirmação verdadeira e que não merece contestação.
Assim, cingindo-me apenas ao significado generalista da afirmação vou aproveitar a ideia para descrever os momentos que, para mim, foram chave para destruir o que parecia ser a recuperação de um Sporting Forte.
CONTRATAÇÃO DE JORGE JESUS
Digo isto, não pela incapacidade técnica do treinador, mas pelo efeito borboleta que gerou no futebol português e principalmente no clube que o empregava.
Ao contratar Jorge Jesus, o presidente do Sporting daquela altura criou um rebuliço no futebol em Portugal, porque teve a audácia de “roubar” um treinador ao rival (sim, roubou, porque apesar de o quererem despachar, queriam escolher o seu destino – e agora voltou). Até esse momento, havia uma lei de não-agressão entre os três “grandes” que eu nunca entendi muito bem (até porque sempre que havia uma troca de jogadores entre clubes, o Sporting quase sempre acabava a perder – se isto não é agressão, não sei o que é).
Este primeiro acto agitou as águas turvas, de onde começaram a surgir entidades incomodadas com este novo modus operandi fora dos pressupostos implementados no sistema.
📺 Conferência de imprensa do ‘Mister’ #JorgeJesus – Agora em Directo ▶ https://t.co/mF7QQaxyT8 pic.twitter.com/xLUrTM1iYi
— Sporting Clube de Portugal (@Sporting_CP) February 25, 2018
Jorge Jesus foi protagonista de um dos verões mais quentes do futebol
DENÚNCIA DE VOUCHERS
Este acto foi mais uma pedrada no charco em que estava (e está) inundando o futebol português.
Ninguém estava à espera que o “puto” que, por sorte, ganhou as eleições do Sporting viesse para um programa televisivo, em horário nobre, denunciar uma prática que “era mentira”, mas que depois “afinal, era verdade mas todos faziam”, e que, depois de muita tinta, e lavagens cerebrais acabou no esquecimento.
Ainda assim, os “bosses” do sistema perceberam que não iam ter descanso enquanto aquele “rapazola” estivesse na presidência do Sporting, pelo que seria necessário afastá-lo e desacreditá-lo.