Em Alvalade manda o leão… na teoria
A selva que compõe o campeonato português coloca frente a frente, na vigésima segunda sobrevivência, o leão meigo e a pantera astuta. Pontualmente, a diferença que os distancia é menor que a dezena (oito pontos) e, objetivamente, o intento é comum, embora a pretensão dos verdes e brancos resvale no acesso direto, ou seja, o alcance do terceiro posto da tabela classificativa.
Erigido o espetro motivacional, facilmente se observa qual é a formação que se estimula jornada após jornada e a que se arrasta até ao fraquejar do músculo mais recôndito. Os dois últimos jogos caseiros do Sporting CP, diante de Marítimo e Portimonense, respetivamente, não são relacionáveis, em momento algum, com a vitória europeia diante do Basaksehir: se os dois primeiros embates primaram pelo bocejo e pela exaustão outorgada ao adepto, o terceiro estimulou-o e fê-lo sonhar (dentro do que a utopia permite). No caso do Boavista FC, o registo de três vitórias em cinco possíveis alimenta a esperança dos adeptos para o que resta da competição com uma vantagem destacada: o espírito aguerrido e combativo do Norte do país.
Os axadrezados não pontuam em Alvalade desde março de 2003! Será desta?
COMO JOGARÁ O SPORTING CP?
Na teoria, a previsibilidade recai sobre uma formação que aposte na posse de bola, nas triangulações delineadas, no ataque pelos flancos e na chuva de cruzamentos bombardeados para a grande área defensiva do Boavista FC: resumidamente, espera-se que os pupilos de Jorge Silas dominem o encontro, do início ao fim, sem grandes surpresas e com a maior tranquilidade. Porém, por vezes, a teoria e a prática não são capazes de se confluir: sem Coates (exclusão) e Mathieu (lesão), Ilori junta-se a Luís Neto na dupla de centrais (o clã leonino começa a sentir os calafrios antes da partida); à semelhança do que aconteceu na quinta-feira europeia, Battaglia, Wendel e Vietto ocuparão o meio campo e Jovane, Bolasie e Sporar serão a aposta tripla ofensiva na demanda do golo.
JOGADOR A TER EM CONTA
Vietto – a classe é inquestionável! A inconstância também! Diante dos turcos, por momentos, despertavam em mim visões de um (quase) Bruno Fernandes. As movimentações, os rasgos de genialidade, a visão de jogo periférica e a capacidade de transportar e ser a locomotiva de uma equipa que se tem movido a carvão são traços que o preenchem na totalidade e sem os quais o Sporting CP ainda adquiria uma personalidade mais aborrecida, abatida e incólume. De um plantel inteiro, só Luciano Vietto possui qualidade suficiente para assumir a batuta. Resta saber como soa a sonoridade da melodia por ele ensaiada.
XI PROVÁVEL:
4x3x3: Luís Maximiano; Ristovski, Neto, Ilori e Acuña; Battaglia, Wendel e Vietto; Jovane, Bolasie e Sporar.
COMO JOGARÁ O BOAVISTA FC?
Na temporada vigente, a pantera é um animal com olhar tranquilo e decidido quando urge atacar a presa. Daniel Ramos implementou no Bessa, desde o primeiro momento, o ímpeto do contra-ataque e a consequente capacidade de surpreender o adversário com movimentações e trocas de bola ao primeiro toque, velocidade nos flancos e capacidade letal dos atacantes. O sucesso da estratégia depositou os nortenhos na nona posição e na luta pela Europa, ainda que esta seja dificultada por outras formações de valor igual ou superior. A solidez defensiva é outro aspeto a salientar: Ricardo Costa ergue-se como o timoneiro da terceira melhor defesa da prova e como um dos promotores de uma respiração sã que, em épocas passadas, se contemplava completamente obstruída.
JOGADOR A TER EM CONTA
Heriberto Tavares – capacidade de explosão, poder de desmarcação impressionante, técnica trabalhada e progressiva e finalização afinada (na maioria das vezes) confina ao cabo-verdiano o papel de homem capaz de fazer e construir a diferença nos campos aparentemente mais inacessíveis. Além disto, aproveitando a alteração no setor defensivo do adversário e as consequentes debilidades vincadas de Tiago Ilori, será seta apontada à baliza de Luís Maximiano e um cabo de trabalhos para a defesa leonina.
XI PROVÁVEL:
4x4x2: Hélton Leite; Fabiano, Neris, Ricardo Costa e Carraça; Heriberto, Ackah, Obiora, Marlon; Paulinho e Yusupha.
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede
Artigo revisto por Diogo Teixeira