O Sporting ainda está muito verde

    Não, o problema não é ser verde. O problema é estar ainda verde em algumas questões como as movimentações de mercado. Este início de nova época desportiva tem demonstrado que há matreirices que ainda escapam aos dirigentes do Sporting CP.

    Há várias variáveis que levam a que um jogador de qualquer modalidade escolha um ou outro emblema. Entre elas há a marca, mas a que mais pesa são os valores.

    Sim, estou a referir-me a valores, mas não os morais e ideológicos. Estou a falar dos outros, os que movimentam as economias.

    Hoje em dia poucos são os jogadores que analisem o clube que lhes propõe um contrato pelo seu histórico ou pelo “amor” ao emblema. E mesmo quando parece isso, lá aparece uma comissão paga a empresário, a jogador ou aos dois, e lá se vai a teoria da paixão desacerbada.

    E é com estas questões “escondidas” é que o Sporting ainda tem de a jogar ou não teriam acontecido algumas questões como as de Viti no Hóquei em Patins ou Fran Navarro no futebol.

    Segundo se fala, o Sporting antecipou-se ao clube que acabou por comprar Fran Navarro fazendo uma proposta de sete milhões de euros por 65 por cento do passe, o que daria pouco mais de 10 milhões pelo total do passe, no entanto, o presidente do clube de Barcelos pediu nove milhões pela percentagem sugerida. Pouco tempo depois os nossos rivais do outro lado da segunda circular ofereceram 10 milhões pelo jogador, ao que lhe responderam que os dragões já haviam adquirido o passe pelo valor de 8 milhões.

    Relativamente a este caso falta perceber-se a que percentagem do passe se referem esses oito milhões, quanto de prémio de assinatura poderão ter recebido o jogador e/ou o empresário ou qualquer outra figura que tenha estado incluída no processo. À primeira vista o Sporting parece ter perdido a corrida por falta de valores monetários e tem lógica que quem vende o faça a quem paga mais, no entanto, o motivo que fez o presidente do clube de Barcelos não aceitar a proposta verde e branca não serviu para recusar a azul e branca, porque estes também não chegaram aos nove milhões pedidos. Ou terá chegado?

    Houve ainda o caso de Viti que parecia ter tudo acordado para assinar com a secção de Hóquei em Patins do Sporting, mas tudo mudou quando o rival de Lisboa surgiu com a proposta de que ofereceria o dobro do que os “Leões” pagassem, fosse qual fosse o valor. Aqui está um caso de ultrapassagem pela direita, mas que mostra que, quando se vai com intenção de ganhar a corrida se entra com tudo.

    Este caso só mostra, mais uma vez, que os dirigentes leoninos ainda estão verdes porque, se sabiam de antemão sobre isto, apresentavam uma proposta de 20 ou 30 milhões só para ver até onde iria a coragem do outro lado. Depois dizia que era só a brincar. Não podem ser só eles a brincar connosco. E nem era pelo jogador que, com 16 anos, é uma promessa que pode não vingar, e promessas temos também na nossa formação. Era só mesmo pelo “valor” da palavra que tanto pesa para uns e fica como o “dito por não dito” quando se trata do Sporting.

    Viktor Giokeres é reforço do Sporting
    Fonte: Sporting CP

    A verdade é que o Sporting tem recursos financeiros limitados e não tem orçamentos que outros podem ter. Não podemos reclamar disso e depois virmos dizer que o clube está falido. Há que gastar conforme as capacidades. Não estamos como alguns rivais que parecem ter um saco sem fundo para gastar. E se até clubes que vão participar na Champions parecem não ter capacidade de seduzir bons jogadores (ainda que tenham já um plantel mais equilibrado que nós), o que dizer de quem irá participar na Liga Europa?

    Eu sei que, por estarmos a falar de incapacidade financeira, provavelmente vão falar dos mais de 20 milhões gastos no ponta de lança sueco, mas apesar de parecer um valor alto e um gasto irresponsável, pode-se vir a mostrar um investimento muito proveitoso. Depende do rendimento desportivo. Veremos.

    Penso que, para não termos este tipo de percalços, devemos começar mais cedo a trabalhar a preparação das épocas desportivas, porque quanto mais tarde começamos mais o mercado fica restrito, e deixando arrastar apenas faz o “activo” ficar mais caro. É a lei da oferta e da procura. É básico. E antecipamos ainda as “jogadas” “escondidas” dos adversários. É como nos jogos, se formos rápidos o adversário já não chega a tempo para pressionar e antecipar.

    Vá lá. Já tiveram tempo para amadurecer, e já não dá para se desculparem com o passado. Há que reconhecer os erros porque só assim poderão evoluir como dirigentes. E o “balão” de um campeonato nacional de futebol juntamente com “uma das melhores épocas desportivas em todas as modalidades” (dito por vós) já se esvaziou.

    O Sporting precisa de mais. O Sporting merece mais. O Sporting é mais que isto.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.