Sporting CP | Um modelo de jogo que não vive de vedetas

    Um Sporting sem vedetas

    Todos temos perfeita noção de que no Futebol, como em qualquer outra actividade, o trabalho colectivo tem sempre melhores resultados do que várias individualidades que não juntem os seus esforços por um único objectivo.

    E mesmo em actividades consideradas a “solo”, como alguns desportos individuais por exemplo, há sempre trabalho de “backoffice” como treinadores, família, agentes, que contribuem para o resultado final.

    Ainda há poucos dias, um ex-jogador de Futebol veio criticar o trio de ataque da equipa do PSG por considerar que eles não correm em prole da equipa. Ou seja, correr até correm, uma vez que qualquer um deles é bem rápido com a bola nos pés, mas o que o crítico queria dizer é que não trabalhavam para a equipa quando a mesma estava sem bola, o que criava desequilíbrios tácticos.

    Por isso é que estas equipas poderosas, cheias de grandes individualidades, quando encontram equipas bem organizadas e pressionantes têm maior dificuldades em ganhar, chegando mesmo a perder pontos apesar da grande diferença qualitativa.

    Quanto a isso eu sempre digo que as equipas podem ter melhores jogadores que o adversário, mas só conseguirão ser superiores se correrem pelo menos tanto quanto os onze adversários para que depois a sua qualidade lhes possa dar vantagem sobre o oponente. E isto se tivermos apenas em causa a qualidade individual.

    Mas conta muito mais ter um grupo bem organizado tacticamente, em que todas as “peças” sabem perfeitamente o seu papel em campo, tendo noção do que deve ser feito sempre que acontece uma variação no jogo, ou o colega faz determinado movimento, quando o adversário pressiona mais alto, quem deve sair na profundidade, quando e como, etc.

    Um Sporting que vale pelo seu colectivo

    A equipa do Sporting vale pelo seu todo, pela sua organização táctica, e porque correm e lutam sempre, pelo menos, tanto como os adversários. Mais importante que tudo isso, os jogadores leoninos parecem lutar uns pelos outros, porque sabem que o sucesso de um será o sucesso de todos. Sabem que, se tentarem jogar só para si nunca conseguirão ter sucesso, porque, ainda que se consigam destacar com fintas bonitas nunca conseguirão vencer. E só as vitórias geram campeões.

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Ainda há pouco tempo atrás vi Pedro Gonçalves com a baliza à sua mercê, mas optou por fintar para trás e soltar para Paulinho que estava à entrada da pequena área. E Paulinho marcou um golo que lhe fazia falta como de “pão para a boca” para poder amenizar vozes críticas sobre o seu poder matador. O Ponta de lança marcou e agradeceu ao colega.

    Lembro-me ainda de o Paulinho, aquele ponta de lança que devia estar lá só para fazer golos, no último jogo ter entrado na área, levantando a cabeça e descobrindo Daniel Bragança junto da marca de grande penalidade em boa posição para marcar.

    Bragança nunca havia marcado pela equipa principal do Sporting, mas Paulinho ofereceu de bandeja essa oportunidade que, podia ter sido também mais uma chance de marcar mais um golo para calar a crítica. Ainda assim, esta sua decisão pode ter ajudado muito mais o Daniel e a equipa do Sporting.

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Recordo-me ainda da estreia de Nazinho a titular na equipa principal do Sporting e o apoio que lhe foi oferecido pelo Matheus Reis, esse que era até há bem pouco tempo um dos patinhos feios do plantel. Sempre que o Nazinho precisava, tinha nas costas o Matheus Reis a dar-lhe tranquilidade, a compensar posicionamento, e o menino saiu do jogo com nota positiva.

    E já que falamos de patinhos feios, falemos de Neto. Há bem pouco tempo, ainda que por declarações indiretas de alguém próximo aos jogadores, confidenciou-se a ajuda que dá à academia, aos jovens. Percebe-se também que é um dos jogadores que ajuda a gerir o balneário, e que, apesar de criticado, quando foi chamado não falhou e capitaneou a equipa tão bem que deixaria Coates orgulhoso. Com certeza deixou.

    Coates, esse já pouco há a dizer, apesar de ter passado “as passas do algarve” para chegar ao actual estado de graça. Manteve-se fiel ao clube, e é hoje a referência maior no plantel leonino. Vê-lo a orientar, a explicar, a motivar os miúdos, e estes a olhar com o respeito que se olha para um líder/sábio, ou devia respeitar, deixa qualquer sportinguista confiante sobre os ensinamentos passados a estas novas gerações de jogadores sobre os valores do clube e comprometimento para com o mesmo.

    Todos falam agora de Inácio, Porro, Coates, Palhinha, Pedro Gonçalves, da ligação que Paulinho proporciona ao jogo do Sporting, da regularidade de Matheus Reis e Esgaio, do comprometimento e qualidade de Nuno Santos, do futuro promissor de Gonçalo esteves, Nazinho ou Essugo, mas há bem pouco tempo ninguém dava nada por muitos destes jogadores, estando mesmo muitos deles a jogar na “pior geração de formados em alcochete” segundo alguns.

    Mas todos juntos fizeram do Sporting campeão, e passada metade de mais uma época desportiva continua no topo da classificação, a lutar por todos os objectivos a que se propôs.

    Tudo isto é culpa de todos os jogadores do plantel, sem excepção, e do treinador que consegue tirar o melhor de cada um, dando-lhes todas as ferramentas para que façam bem o seu trabalho. Organização e intensidade.

    Todos trabalham, começando pelo treinador, para o colectivo, aproveitando a qualidade das individualidades, nunca colocando o interesse destas á frente do todo. E por isso, mesmo tendo Pedro Gonçalves como melhor marcador, quando é para cobrar, como diz o mister “se um falhou no jogo anterior, passa a vez a outro”.

    O Sporting campeão fez-se com individualidades a servir o colectivo. Porque havendo um grupo a lutar pelo mesmo objectivo, todas as suas individualidades sairão valorizadas pelo sucesso alcançado.

    Quando vemos esta equipa do Sporting a defender, a pressionar, a atacar como um bloco coeso, todos parecem craques. Porque o sucesso da tua equipa fará com que pareças melhor jogador do que efectivamente és. Basta colocares à disposição do colectivo a tua melhor versão. E este Sporting é a melhor versão que já vi.

    Onde vai um vão todos. Todos por um, o SPORTING.

    Artigo revisto por Joana Mendes

     

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.