A verdade é que esta melhoria não elimina o erro por várias razões. Para já, porque é gerido por pessoas que, na sua condição humana, erram e tomam decisões emocionais e não apenas racionais e objectivas, depois porque um negócio de milhões como é o futebol não pode ficar à mercê de decisões objectivas que não possam ser manietadas por poderes instalados. E depois, a tecnologia é má, não podemos admitir que ela nos vença, que ela nos substitua, certo? Mas o mau atrai o ser-humano, e não falo apenas da tecnologia (que no caso até podia ser muito bom, se bem utilizada).
Sem o erro, para onde iriam todos os programas, jornalistas e “paineleiros” que enchem as semanas da televisão, debatendo o mais pequeno sopro que os jogadores sintam ou provoquem, cada voo e queda provocada e simulada?
Há muitos motivos e interesses no futebol a lutar contra as tecnologias para que, em uníssono, se defenda a sua utilização efectiva e permanente. Para já acontece apenas por quem se sente injustiçado em decisões dos árbitros durante os jogos, ou quando se perde um jogo. Há até quem mude de opinião de um dia para o outro, e depois retroceda, conforme lhe convenha.
O vídeo árbitro não pode ser eficaz enquanto não estiver perfeitamente estabelecido quais as suas funções, em quais situações deverá intervir, e, sendo uma tecnologia avançada lhe sejam introduzidas capacidades de analisar de forma rápida e correcta (Como é possível não existir nesta tecnologia a linha de fora de jogo, quando já há tecnologia de linha de golo?). As imagens em análise não podem ser também fornecidas por televisões afectas a clubes onde os mesmos são intervenientes, porque sabemos que essas imagens podem não ser fornecidas, ou serem apenas as que não ajudem a qualquer decisão.
Onde poderá funcionar melhor o vídeo-árbitro? Em Inglaterra. Porquê? Porque todas as transmissões estão centralizadas, e geridas pela Premier League. Mas sabemos que isso não acontecerá por estes lados, pelos menos durante os próximos 20 anos, ou enquanto durarem os novos contratos de patrocínio das equipas portuguesas.
Ainda assim, o VAR nunca será infalível porque são as mesmas que pessoas que erravam antes a fazer as análises das imagens, e que têm a mesma subjectividade de análise, as mesmas emoções e afinidades, e a mesma liberdade de optar por ver, ou não, um lance de agressão, fora de jogo, ou qualquer outra.
Para já, o vídeo-árbitro é apenas mais uma tecnologia que serve para nos entreter, e que, enquanto não tiver regras definidas, e tenha quem castigue os intervenientes que errem, não melhorará em nada o nosso futebol.
E por falar em tecnologias, percebi esta semana porque o Ministério Público ainda não avançou com as investigações de E-mails, piratarias informáticas e afins. É que, nos últimos tempos têm estado permanentemente de auscultadores nas orelhas a ouvir as versões do Tony Carreira. É normal que não tenham tempo nem cabeça para mais nada. Mas deve estar para breve.
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