UEFA como na Roma Antiga | Sporting CP

    Onde quer que existam seres humanos com poder e dinheiro (é impossível dissociar um do outro) haverá sempre a grande probabilidade de haver movimentações para conseguir vantagens por mais dinheiro e poder. No caso da UEFA, esta é uma realidade bem presente nos nossos dias.

    Isso acontece desde que há sociedades, ou melhor, desde que há pessoas com capacidade de inventar formas de contornar leis criadas para que uma civilização continue a poder definir-se como tal e não um grupo de seres pensantes a fazer tudo para ter mais que todos os outros.

    Roma Antiga, uma das maiores civilizações do seu tempo, foi a escola de todos os manipuladores, de onde saíram as bases das manobras de driblar as leis, de organizações obscuras tão poderosas que conseguiam dar e tirar poder como o “rufia” do recreio que decide quem brinca e com quê, e muitos são os que, nos dias de hoje, retiram inspiração dos jogos de poder aí inventados.

    Não os vemos, mas sabemos que esse tipo de negociatas existe em todos os quadrantes das altas esferas. Desde cartéis de empresas, política, desporto, entre outros, em todos há em comum um grupo de poderosos a “comer a carne” deixando os ossos para todos os outros.

    Sporting x Dortmund
    Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

    A UEFA, por dominar a seu bel-prazer o futebol de clubes, sem concorrência de qualquer outra organização que ofereça o mesmo tipo de “serviços” aos clubes, é o cartel perfeito que pode mandar e desmandar. E não me digam que só depende dos clubes, porque basta pensar na “superliga” para se perceber o quanto é difícil algum deles se desvincular dessa organização, quanto mais criar uma concorrente. E não foram clubes de pouca dimensão os que quiseram fazê-lo (ainda que pudesse ser uma jogada para conseguirem o que queriam. Mais dinheiro e poder dentro da organização).

    Bem sei que a UEFA é os clubes que a compõem. O problema é que uns têm mais poder que outros (o problema bloqueador de muitas organizações reguladoras), que têm os seus próprios interesses. Quando uma organização depende de elementos que pensam no seu próprio umbigo e não numa competição igualitária, então está inquinado à partida. (Porque é a Premier League o campeonato mais forte e competitivo?)

    Facilmente se percebe que a UEFA (assim como a FIFA) tem esse tipo de problemas quando se ouvem jogadores e treinadores a desmentir os seus votos para a eleição de “melhor do mundo”, ou de presidentes de federações quando é para escolher o país organizador de um Europeu. Já para não falar dos “roubos” que se veem em determinados jogos das competições organizadas por essa entidade.

    Ora, o Sporting, sendo um dos clubes com menor expressão junto das altas esferas do futebol europeu, facilmente será preterido quando entrar na luta por lugares mais altos. Se não tiver empresários amigos, dirigentes que se relacionem junto de quem manda no futebol europeu, se não tiver o patrocinador certo, dificilmente conseguirá vantagem quando se chega às decisões.

    Só para citar alguns casos, em 2014 o Sporting perdeu a hipótese de avançar mais na prova milionária por ter sido marcado um penálti que só o árbitro entendeu e viu. Coincidentemente a equipa adversária tinha o patrocínio de uma empresa que patrocinava a mesma prova. Já este ano, também na “Champions”, o clube leonino foi prejudicado de uma forma leviana e despreocupada contra uma equipa alemã (porque é fácil prejudicar um clube cuja voz pouco ou nada vai ecoar).

    Ainda noutra modalidade, onde, o Sporting, por ser um clube que está a crescer e a ameaçar a hegemonia dos clubes do país vizinho, foi “roubado” da possibilidade de mais uma conquista. Mas entende-se. Então, uma “Final-Four” em Espanha, país dominador da modalidade na Europa, não podia ser ganha por um clube português, muito menos aquele que tem mostrado ser o único capaz de ameaçar essa mesma hegemonia de “nuestros hermanos”.

    Senão vejamos, desde a época 2016/2017, em quatro épocas foi ganho por equipas espanholas e em duas por portuguesas. Ora, as duas portuguesas foram conquistadas pelo Sporting, que se podia ter transformado em três. Mas ali não podia ser, nunca iriam deixar. Tinha que se tentar estancar o crescimento europeu do clube leonino. Veremos se conseguiram. Só depende dos dirigentes, treinadores e jogadores do clube lutar contra isso, ainda que quando lá voltarmos nos tentem boicotar. Para que isso não aconteça só temos de lá chegar tão fortes que não demos hipótese de deixar dúvidas ou hipótese de uma “espertice” de qualquer menino de azul ou de fato.

    Nuno Dias Sporting CP
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Voltando à Roma antiga, ver o Sporting a jogar nas competições da UEFA parece-se com uma cena do “Gladiador” protagonizado por Russell Crowe, em que que há dois gladiadores a lutar, a certo momento entram na arena tigres presos por correntes que são soltas e puxadas, limitando ou não o raio de acção dos animais, dependendo de qual era o lutador a aproximar-se das feras. Ou seja, o jogo estava viciado, e no caso dos jogos europeus, ironicamente os felinos não são os do Sporting.

    Ah, e se a culpa não for diretamente da UEFA, é pelo menos culpada por não conseguir (ou não querer) regular as suas competições e os seus “corredores”.

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.