Um Sporting CP que vinha na sua segunda melhor série para o campeonato (cinco vitórias consecutivas), superada apenas pela sequência de 11 triunfos seguidos entre a sexta e a décima sexta jornadas, fez um dos seus piores jogos esta temporada frente ao maior rival SL Benfica.
É verdade que se olhássemos somente para as estatísticas diríamos que a sorte esteve do lado dos encarnados. Com os leões a rematarem por 16 ocasiões, tendo 28 ações com bola no interior da área adversária, com sete cantos ganhos e com total domínio da posse da bola seria fácil cair no erro de dizer que foi por mero acaso que o conjunto de Nélson Veríssimo venceu em Alvalade.
As águias foram ao outro lado da 2ª circular para procurar fazer uma exibição à semelhança daquelas que alcançaram na Liga dos Campeões, e que lhes permitiram sair do maior palco do futebol com uma bela imagem. Neste caso, a uma mão, apanharam-se cedo em vantagem e guardaram o ouro do bandido como ninguém. Foram capazes de tapar todos os caminhos para a baliza de Odysseas Vlachodimos.
Uma noite em que a turma de Alvalade foi incapaz de perfurar a defensiva contrária. Os comandados de Nélson Veríssimo bloquearam por completo o meio-campo dos leões. Matheus Nunes foi incapaz de fazer a diferença e de assumir o jogo, o que explica muito da dificuldade que o Sporting demonstrou em ataque posicional. Também Paulinho e Sarabia tiveram bastantes furos abaixo, assim como Pedro Gonçalves que continua irreconhecível.

Darwin Núñez voltou a fazer a diferença. Na primeira volta a defesa leonina não lhe deu aquilo que faz com que se destaque, o espaço, mas desta vez deu e pagou caro. Com a ajuda do compatriota Sebastián Coates empurrou o esférico para dentro da baliza de António Adán. A velocidade do uruguaio permitiu-lhe ganhar as costas dos experientes centrais dos leões, que na verdade tiveram uma péssima abordagem ao lance, assim como o guardião espanhol. Um erro infantil, que custou caro, muito caro.
A formação de Rúben Amorim assumiu o jogo do início ao fim, mas tanto ofensivamente como defensivamente esteve longe de um bom jogo. O conjunto leonino incapaz de marcar um único golo, algo que não acontecia desde fevereiro de 2021. Em Alvalade, é preciso recuar ainda mais, até julho de 2020 para encontrar um jogo em que não marcaram para a Primeira Liga.
Com uma semana de preparação, e maior vantagem à partida para os de verde e branco, pois os encarnados jogaram a meio da semana em Anfield frente ao Liverpool FC, o desfecho não foi condizente com a mesma. É caso para dizer que na hora “H” tiveram uma branca. Uma equipa sem ideias, uma noite desinspirada – como apelidou Amorim.
O treinador dos leões avisou antes do jogo que não havia tempo para festas, relativamente à homenagem a Jérémy Mathieu, mas a verdade é que o bonito gesto, que como o técnico leonino referiu, que o clube lhe devia acabou por ser o momento alto da noite para os sportinguistas.

“É um momento duro, mas ainda temos a Taça e temos de fechar o segundo lugar”
Foi obviamente com tristeza que o treinador dos leões admitiu que o título está perdido, com o FC Porto a precisar de apenas quatro pontos em doze.
A desinspiração da noite de domingo de Páscoa tem de ficar para trás. O conjunto de Sérgio Conceição está mais motivado que nunca, e podia perfeitamente abordar o encontro de quinta-feira como fizeram os encarnados, na expectativa (dado que parte em vantagem após ter ganho 1-2 em Alvalade na primeira-mão), obrigando o Sporting a assumir as despesas, mas acredito que não o faça, ainda para mais em casa.
Vai certamente querer pôr um fim o mais cedo possível à eliminatória. Mas os de verde e branco têm de estar preparados para tudo, pois não pode voltar a acontecer o que aconteceu. Contra um bloco baixo não é permitido a uma equipa como o Sporting criar tão poucas oportunidades reais de perigo.
Como estamos habituados a ouvir, o jogo da Taça de Portugal é o mais importante porque é o próximo, mas há ainda que garantir o 2º lugar que dá acesso direto à Liga dos Campeões e que é muito importante para o clube.