O médio brasileiro Wendel parece ser uma das grandes apostas de Marcel Keizer no plantel leonino. Foi titular nos dois primeiros jogos de estreia do técnico holandês – frente ao Lusitano de Vildemoinhos para a Taça de Portugal e contra o Qarabag para a Liga Europa – funcionando como homem mais avançado de um tridente do meio-campo constituído por Nemanja Gudelj a seis e Bruno Fernandes a oito.
Trata-se de um jogador com qualidades técnicas claramente acima da média. Trata a bola, não diria como ninguém, mas certamente como muito poucos. A condução do esférico, a forma delicada com que o trata, faz parecer que bota e bola estão presas por um cordão invisível. Destaca-se também a sua elevada capacidade de decisão e técnica no passe. Mas o que mais o caracteriza, principalmente nos últimos dois jogos dos Leões, é um sentido de pressing alto e forte aquando da perda da bola. O jogo contra o Qarabag foi o corolário disso mesmo: várias vezes o brasileiro condicionava a primeira fase de construção da equipa azeri, numa excelente interpretação das ideias que Keizer quer ver neste Leão.
Contudo, nem tudo foram rosas para Wendel no reino do Leão. Quando chegou a Alvalade (na época 2017/18) deparou-se com uma clara dificuldade de adaptação ao futebol português, apesar de vir como uma das principais promessas do Brasileirão. Era um jogador lento e a dificuldade de adaptação traduziu-se em baixa auto-estima e desmotivação. Corria ainda a era José Peseiro, e o jornal Record, escrevia que o empresário do jogador estava em Lisboa para averiguar as intenções da SAD relativamente ao futuro do atleta. Mas o treinador Marcel Keizer pode muito bem ter resolvido um dossier sensível para os lados de Alvalade. Uma aposta de risco, é certo, mas certamente uma oportunidade para o jogador e para o Sporting.
Foto de Capa: Sporting CP