Zicky-Paçó, Pátria, Família (e alguns shots de bagaço e vodka)

Contrariamente ao que defende a nata política e o respetivo grupo de amigos com interesse, Portugal continua na cauda da Europa. Bem escondido, de olhos esbugalhados e com sucessivas arritmias cardíacas, de maneira a inventar e descobrir uma maneira de escape.

Podia, à boca cheia, afirmar que as duas palavras pertencentes à frase anterior (“inventar” e “descobrir”) são sintomáticas do que é ser português: contudo, em primeiro lugar, a etiqueta não decreta que as migalhas e os restos possam ser expelidos aquando de um vocábulo mais violento; em segundo lugar, o período das embarcações e do lavrar terreno foi giro e tal, mas exalava um bafio.

António de Oliveira Salazar, líder carismático da União Nacional, estabeleceu um importante sustentáculo na sociedade portuguesa durante o período épico (António Costa tem pedalado bem) do seu mandato: a família. A intelligentsia e o brilhantismo, quando bem aplicados, surtem efeito.

O “sôr” doutor pensou (e bem!) que, se o país fosse consolidado por famílias unidas e com predisposição para sofrer em conjunto, assegurava a jurisdição da Pátria. Deus até podia “meter o bedelho” – a grosseria, a falta de respeito – aqui e ali, mas não entrava na convocatória.

Ontem, cada pessoa sentada em frente à televisão (em pé, no meu caso) teve a sorte de constatar que a autoridade tinha etimologia portuguesa. Na final do Europeu de Futsal, a equipa das quinas bateu a seleção russa por 4-2 e perpetuou o estatuto de campeão que lhe costuma assistir há alguns anos. Se repararem, na página de Facebook, a publicação que há três anos foi escrita não sofreu qualquer alteração, à exceção da correção do adversário.

Esgrimir elogios à conquista redunda em “mais do mesmo” e eu não vou adotar essa estratégia. Parabéns, equipa! Parabéns, mister e restante equipa técnica! Parabéns, estrutura! Parabéns, a todos!

O que eu proponho é uma entrevista com o Zicky Tê e o Tomás Paçó. Uma pessoa que anda a estudar Jornalismo e acompanha a modalidade com alguma frequência, adoraria dialogar com os visados. Por isso, sabendo de antemão que os tempos que se avizinham proporcionarão inúmeras conversas com vários meios de comunicação social, puxo a brasa à sardinha do Bola na Rede (se insistem, sim, posso tomar a iniciativa e ser um dos entrevistadores). Deste modo, contribuo com uma preparação prévia para não pensarem que é pura balela.

Bola na Rede: Zicky e Tomás, sejam bem-vindos! Antes de mais, qual é a vossa de adentrarem pelo Palácio de Belém e tirarem a segunda selfie com o Presidente Marcelo no espaço de meses?

Bola na Rede: Ganharem tudo aos 20 e 21 anos, respetivamente – no clube e na Seleção – e contribuírem ativamente para isso responde indiretamente à pergunta “qual é sonho de qualquer profissional de futsal ao terminar a carreira?”

Bola na Rede: O futsal é uma família, como já disseram. Vocês ajudam nas lides domésticas (cozinhar, limpar, passar a ferro, estender a roupa, etc.)? Pergunto-vos isto porque alguns dos vossos pais estão em final de carreira…

Bola na Rede: Tomás, o Sokolov marcou um golo na final, mas foi imediatamente enfiado no bolso, após reduzires para 1-2. Quando é que tencionas dar descanso aos adversários pela marcação in extremis e retirá-los do bolso para que possam inspirar e expirar? (É só uma ideia…)

Bola na Rede: Zicky, melhor jogador do torneio. Algumas lágrimas… é seguro voltar a tocar neste tema? Perguntamos isto porque parece antagónico demonstrares uma capacidade sublime para atrair dois jogadores quando tens a bola e sair do aperto com relativa facilidade e depois derramares ao receber um prémio…

Zicky
Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

Bola na Rede: Quando entraram para esta família, foram praxados com ovos e farinha? O meu palpite é o seguinte: a vossa praxe consistiu na difícil tarefa de ouvir o mister Jorge Braz gritar convosco numa sala pequena, pouco ventilada e com um eco intenso. Estamos errados?

Bola na Rede: Vocês ocupam posições distintas no campo. O Tomás é um fixo, enquanto o Zicky é pivot. Nos treinos, quando fazem cinco para cinco e jogam em equipas adversárias, os outros ficam a assistir a uma espécie de “nova ordem do futsal” de “um futuro no presente”? (Se calhar, esta pergunta era para os colegas de Seleção Nacional…)

Bola na Rede: Estão familiarizados, minimamente, com a personagem de António de Oliveira Salazar. Pode dizer-se que a Seleção Nacional rege autoritariamente a modalidade e o executa muito pelo núcleo duro (família) que possui. Vocês, imberbes, não estão a habituar mal os portugueses?

Bola na Rede: Vamos à prova dos nove. Zicky… Tomás… quem foi o campeão nos shots de vodka e de bagaço, antes de cada partida?

O Bola na Rede pede calma aos leitores. A dupla maravilha está no início da carreira. Se tudo correr normalmente, a gente é capaz de fazer coisas destas de ano a ano.

Romão Rodrigues
Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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