Além dos três grandes e dos clubes que tradicionalmente lutam pela Europa, existem obviamente aqueles que batalham ano após ano pela manutenção de forma aguerrida e até aos últimos segundos da competição. É deles que vou falar neste texto.
Começo no Minho, com o Moreirense. Miguel Leal perdeu grande parte do “11 tipo” da época passada. Marafona, Paulinho, Filipe Melo, André Simões, Arsénio e João Pedro rumaram a outras paragens, ficando os centrais Marcelo Oliveira e Danielson como figuras de ligação entre as duas épocas. Como reforços, existem algumas caras bem conhecidas da nossa Liga. O guarda redes Nilson, uma das grandes figuras do Vitória de Guimarães na última década, André Micael, Filipe Gonçalves (ex-Estoril), André Fontes e Rafa Sousa (ambos ex-Penafiel) ou Vítor Gomes, que regressa ao clube depois de seis meses na Turquia. Penso que merecem ainda destaque Sagna e João Vieira, dois elementos que fizeram uma boa época em Chaves e viram essas boas prestações reconhecidas por Miguel Leal.
O Estoril, uma das grandes deceções da temporada passada, está em contrarrelógio para apetrechar o plantel às ordens de Fabiano Soares. O impasse na venda da SAD retirou muito tempo na construção do plantel, desfalcado pelas saídas de referências como Vagner, Ruben Fernandes, Tozé, Kuca, Filipe Gonçalves, Kléber ou Balboa. Para fazer face a este amontoado de saídas, ainda não são conhecidos grandes reforços. A exceção será mesmo Bruno César, que passou pelo Benfica. O brasileiro poderá ser mesmo um dos pilares da equipa, caso esteja na melhor condição física, o que não parece ser o caso, pelo menos neste momento.
No Bessa, apesar da troca de relvado, penso que vai morar uma equipa tranquila e que poderá bater o pé a clubes mais cotados. O Boavista foi uma das equipas que mais me agradou ver na época passada e, felizmente, manteve essa base. Atletas como Mika, Beckeles, Afonso Figueiredo, Idris, Gabriel, Zé Manuel e Uchebo poderão manter a preponderância na manobra da equipa, reforçada com alguns nomes interessantes, dos quais relevo três: Paulo Vinícius, que deverá ser o patrão da defesa depois de já o ter sido em Braga há uns anos atrás, Samuel Inkoom, jogador ganês de grande intensidade que se deu a conhecer ao mundo no Mundial 2010 e Luisinho, extremo que alinhou em quase todos os jogos na época passada pelo Académico de Viseu, marcando uma dezena de golos. Três jogadores mesmo à imagem do treinador Petit, que foi outra das boas notícias da Liga 2014/15.
Em Setúbal, o plantel sofreu uma grande razia com a chegada do novo treinador Quim Machado, mantendo apenas alguns jogadores interessantes como Lukas Raeder, Venâncio, Zequinha ou Suk, além do capitão Paulo Tavares. De entre as caras novas, olho com agrado para o regressado guarda-redes Diego ou para André Claro, avançado de qualidade que veio do Arouca. Uli Dávila, médio ofensivo emprestado pelo Chelsea, pode ser uma das principais figuras da equipa, caso esteja em boas condições físicas e se empenhe a sério nesta decisiva etapa da sua carreira.
Em Coimbra, mora uma equipa histórica e um dos treinadores mais acarinhados na época passada, José Viterbo. O “homem da terra” salvou a equipa do naufrágio causado por Paulo Sérgio e teve este ano a oportunidade de fazer um plantel à sua medida. Emídio Rafael, Rabiola e o guarda-redes Pedro Trigueira são alguns reforços que encaixam na imagem de jogo do clube. Contudo, o cabeça de cartaz entre os novos jogadores é, sem dúvida, Gonçalo Paciência. O jovem ponta de lança emprestado pelo FC Porto vai tentar afirmar-se em Coimbra e não será de espantar que no final da época vá ao Euro 2016 pela Seleção Nacional.
O Arouca foi outra equipa protagonista de uma grande transformação. Trocou de treinador (saiu Pedro Emanuel para entrar Lito Vidigal), mas a construção do plantel, até ao momento, não augura um futuro muito risonho. A chegada de Bracali, que vem substituir Goicoechea, um dos melhores guardiões da última Liga, é a grande notícia até agora. O problema está nas saídas. Iuri Medeiros, Diego Galo, Ivan Balliu, Kayembe ou André Claro eram elementos importantes e as suas ausências não parecem ter sido totalmente colmatadas. Não é de estranhar que venham mais reforços até ao final de agosto.

Fonte: Associação Académica de Coimbra
Entre os dois primodivisionários, destaque inicial para o Tondela. A equipa de Vítor Paneira, que vai receber o Sporting na primeira jornada, contratou alguns elementos com bastante experiência no nosso campeonato como Matt Jones, os centrais Markus Berger e Kaká, Luís Alberto, médio que se notabilizou no Nacional e em Braga, ou Lucas Souza, que deixou boas indicações nas passagens por Olhão e Moreira de Cónegos. Realce ainda para a armada emprestada pelo Benfica: Romário Baldé, Raphael Guzzo e Jhon Murillo, extremo venezuelano que teve grande destaque quando foi contratado pelas “águias”, mas que nem chegou a vestir a camisola encarnada nos jogos amigáveis. Entre as saídas, é de lamentar a de Tozé Marreco, segundo melhor marcador da Segunda Liga no ano passado.
Por fim, o União da Madeira. Luís Norton de Matos foi chamado para o lugar de Vítor Oliveira e já tem alguns nomes interessantes para fazer frente à nova época. O jovem guardião André Moreira, que se mostrou no Mundial sub 20, Diego Galo (ex-Arouca), Paulinho (ex-Moreirense) e o jovem Tiago Ferreira, formado no FC Porto, são bons valores para ajudar os madeirenses na luta pelos seus objetivos. O sportinguista Filipe Chaby ainda é muito falado para um regresso aos ilhéus e seria, quanto a mim, um ótimo valor acrescentado para a turma de Norton de Matos.
Foto de Capa: Estoril Praia SAD