Querido Diego,
Podes perguntar “Não me viste jogar, porque sou um dos teus ídolos”? Mas é verdade. Tenho apenas 20 anos e os teus tempos áureos já tinham passado enquanto crescia a ver Messi e Ronaldo a brilhar na minha televisão. Tudo a que eu tinha acesso eram DVD’s e excertos teus que via na televisão ao lado do meu pai, um grande fã teu.
Infelizmente, nem sempre ouvi falar bem de ti. Cometeste muitos erros, mas sempre que olhava para as tuas imagens via um sorriso, sendo isso o que eu guardava. A bola ao teu lado era bem tratada e, mesmo sem termos acesso ao que ela pensava, temos a certeza que era muito feliz quando estava nos teus pés.
Desde que comecei a apreciar futebol, o meu pai persuadiu-me para pensar que eras o melhor do mundo. Confesso que no início duvidei, porque estava deslumbrada com os craques do momento, mas aos poucos fui lhe dando razão. Podem não achar que és o melhor futebolista de sempre, mas tenho sempre as palavras certas para defender o contrário.
Vejo vezes e vezes sem conta os teus vídeos. Enquanto crescia e achava que tinha jeito para jogar à bola, pensava que podia fazer o que fazias, mas nunca vai existir ninguém igual a ti. As tuas fintas, os teus passes e os teus golos vão marcar para sempre o futebol e não só, porque o que fazias rompia barreiras.
Diego Maradona training in the mud back in 1986 🤩
That final goal was something special 😳
(via @asifkapadia, @MaradonaMovie) pic.twitter.com/c4HZQ27dSu
— ESPN FC (@ESPNFC) October 27, 2020
O teu futebol podia ser comparado ao ballet, porque é a dança mais perfeita. As tuas fintas podem ser acompanhadas pela melhor orquestra do mundo, porque são a melhor composição. Os teus golos podiam ser um filme vencedor de Óscar, porque se tratam de histórias únicas.
É difícil encontrar sinónimos do que fazias dentro e fora das quatro linhas. Tudo parava para te ver. O estádio enchia antes do apito inicial só para te ver aquecer e eu acho isso inacreditável, porque eras o espetáculo já dentro do espetáculo que era um encontro de futebol.
Agradeço ao meu pai, que me apaixonou pelo futebol e por me ter apresentado um génio como tu. Hoje, desapareceste fisicamente, mas o teu legado fica garantido para sempre. As novas gerações são despertadas desde cedo para a magia do futebol e, mesmo com algumas polémicas, existem sempre bons motivos para te perpetuar no tempo.
Confesso que escrevo esta carta com a voz embargada e com os dedos congelados. Ainda parece mentira, mas quero acreditar, Diego, que isto é apenas o início da tua carreira noutro clube, ao lado de nomes como Eusébio e Di Stefano. Que belo duelo vai existir entre vocês, não é verdade? Diverte-te, como nos divertes a nós.