Força da Tática: Como Nagelsmann derrotou Mourinho (Parte 2)

    Depois de analisada a primeira mão, vamos dar um salto para a segunda mão na Alemanha!

    Dada a vantagem na eliminatória, a equipa alemã apostou num jogo muito mais vertical do que na primeira mão. Ambas as equipas mudaram muitas das suas dinâmicas. O Tottenham Hotspur FC utilizou um sistema de 5-2-3 (defesas: Aurier, Tanganga, Dier, Alderweireld, Sessegnon; médios: Lo Celso, Winks; avançados: Lucas Moura, Dele Alli, Lamela. O Leipzig manteve o seu 5-2-3 (defesas: Mukiele, Klostermann, Upamecano, Halstenberg, Angelino; médios: Laimer, Sabitzer; avançados: Nkunku, Schick, Werner).

    Em ataque posicional, o Leipzig apresentou várias novidades relativamente ao jogo anterior, principalmente pela pressão mais intensa da equipa de Londres. Para sair dessa pressão, o Leipzig utilizou uma dinâmica preferencial. Em ataque posicional, Upamecano subia no terreno para se juntar a Laimer, enquanto Sabitzer aproximava-se dos avançados. Esta dinâmica tinha o objetivo principal de dar mais soluções em momentos de ataques mais verticais, através de passes longos para Schick e com vários jogadores na aproximação para a segunda bola. Além disso, permitia uma superioridade numérica no meio-campo, após a supressão da primeira linha de pressão.

    Presença de Laimer e Upamecano em zonas centrais com Sabitzer mais próximo de Nkunku
    Fonte: SkySport

    Outro aspeto diferente da primeira mão relaciona-se com a marcação individual dos avançados Werner, Schick e por vezes Nkunku (que se apresentavam, novamente quase sempre em espaço interior). O problema desta marcação individual setorial está na impossibilidade de o central realizar a cobertura ao seu lateral, quando Angelino e Mukiele subissem e forçassem o um contra um. Vejam na imagem:

    Defesa Central (Tanganga) marca Werner
    Fonte: Skysport

    O Tottenham apresentava-se uma equipa muito mais pressionante do que na primeira mão. Realizavam uma pressão com marcação individual. Dentro disso, a aposta coincidiu mais em ataques rápidos e em bolas longas a aproveitar o jogo aéreo do jogador referência Schick (só ele ganhou mais duelos aéreos do que os três centrais do Tottenham). Para baralhar os encaixes do Tottenham, Nagelsmann optou por juntar Upamecano a Laimer, assim como colocar lado a lado um avançado com Sabitzer. Este desenho tático permitia uma saída de bola muito mais facilitada. A primeira linha de pressão do Tottenham de 3 elementos era assim facilmente superada, e ,depois disso, havia superioridade numérica no meio-campo.

    A verticalidade da equipa alemã provocou grandes dificuldades à equipa inglesa, por vários motivos. Primeiro, a superioridade em zonas de criação passada a primeira linha de pressão. O Tottenham apostou num duplo pivô e com três jogadores mais avançados, que davam pouco à equipa em processo defensivo. Dentro disso, e visto que o Tottenham pressionava alto, os passes longos foram o principal meio para superar a primeira linha de pressão. Passado esta linha, o Leipzig tinha os três avançados, Sabitzer e os dois laterais a subir no corredor. Sabitzer e, por vezes, Laimer faziam o papel de terceiro homem nas combinações com bola longa, para depois explorar a amplitude e profundidade oferecida pelos laterais. Estas aproximações de médios e dos avançados Nkunku e Werner, permitiam ao Leipzig ganhar a segunda bola e atacar muitas vezes com várias unidades.

    Havia uma insistência dos jogadores da linha defensiva na realização de passes verticais para espaço entre linhas – priorização de passe progressivo para espaço central e com concentração elevada de jogadores. Depois do passe chegar a zonas centrais, os laterais (principalmente, Angelino) estavam sempre subidos e abertos no corredor para receber.

    “Quando ameaçamos por dentro no corredor central, mas também o fazemos por fora, é quando se cria uma mais-valia para atacar a linha defensiva adversária” – Nuno Campos, em Quarentena da Bola, por Rémulo Jonátas.

    A criação de indefinição aos laterais da equipa do Tottenham pelo posicionamento por dentro de Werner ou Nkunku, e por fora de Angelino ou Mukiele, foi um dos aspetos mais importantes nesta eliminatória. A dúvida que pairava sobre o lateral e também sobre a linha defensiva, se se marcava o jogador por dentro ou acompanhava o jogador por fora, resultou em jogadas perigosas e no golo do vídeo abaixo.

    Outro aspeto importante foi o aproveitamento do espaço em situações de transição ofensiva. As características dos jogadores da frente de ataque, dos laterais e do médio Sabitzer de definir bem com pouco espaço e tempo, permite-lhes chegar a zonas de finalização muito rapidamente. Depois o aproveitamento que têm em situações de cruzamento é absolutamente absurda! Isto acontece não só pela forte presença em zonas de finalização, mas também pela qualidade dos seus executantes.

    Não perca a terceira deste artigo sobre o momento defensivo do Leipzig que anulou completamente o ataque do Tottenham.

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Diogo Coelho
    Diogo Coelhohttp://www.bolanarede.pt
    Natural de Rio Maior. Adepto do bom futebol desde que se lembra. Gosta de dedicar o seu tempo à análise de jogo e dos seus intervenientes. Admirador do estilo de jogo de Guardiola e partilha da ideia que no futebol destacam-se aqueles que mostram mais inteligência.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.