Força da Tática: Curtas dos Balcãs

    Depois da vitória categórica em Wembley na última Sexta-Feira, frente à República Checa, a seleção inglesa viajou até aos Balcãs para desmantelar a congénere de Montenegro, na segunda jornada da fase de qualificação para o Euro 2020.

    Foi apenas mais uma semana sob o comando de Gareth Southgate. Um período que vai muito para além dos 10 golos em dois jogos. Mais uma exibição dominadora em todos os momentos do jogo, de uma equipa que sabe o que o jogo precisa, e quando o necessita.

    Um processo, que não dá sinais de estagnação.

     Vs Montenegro

    A defesa a 5, que foi a base da campanha Russa, é passado. Apesar das mudanças no onze inicial, em comparação com a primeira jornada, a equipa voltou a alinhar em 4-3-3. Alterações que permitiram a Hudson-Odoi e ao ex-internacional Irlandês, Declan Rice, realizarem a estreia pela seleção principal.

    Assim, a equipa de Southgate alinhou, para além de Pickford na baliza, com Rose, Maguire, Keane, Walker na linha defensiva, no meio campo Alli e Barkley ao lado de Rice, enquanto que Hudson-Odoi, Kane e Sterling jogaram na linha mais avançada.

    Do lado Montenegrino, com a ausência de Jovetic, a equipa alinhou num clássico 4-4-2, com destaque para a presença do Ex-SC Braga, Vukcevic, no centro do meio campo.

    Desde cedo que se percebeu qual seria a abordagem da equipa balcânica: Equipa estreita a defender em bloco baixo. A preocupação era tanta para não conceder espaços entre os jogadores da linha defensiva, que o mais correto é falar de 4 defesas centrais e não de 2 defesas laterais e dois defesas centrais.

    Hudson-Odoi recebeu várias vezes a bola sobre o corredor direito, com o “defesa lateral” esquerdo de Montenegro a recuar para junto do seu central, protegendo as suas costas das possíveis infiltrações dos médios interiores ingleses (neste caso de Barkley).

    Assim que o extremo inglês recebia, sempre a pisar a linha lateral, era o médio ala adversário que avançava na contenção (a amarelo), com o médio centro desse lado (branco) a dar cobertura. Os restantes jogadores da linha média, davam equilíbrio à equipa e o lateral do lado da bola (a preto) podia, assim ficar em uma zona central.

    Como se percebe, esta estratégia tinha o objetivo de retirar espaço à seleção inglesa, em especial aos seus extremos. Para isso, era fundamental que os defesas laterais não fossem obrigados a pressionar os corredores. Primeiro porque iam ficar expostos à qualidade individual do adversário e depois porque iam “abrir” o já referido espaço, entre eles e o defesa central, para as infiltrações de Dele e Ross Barkley.

    Obviamente o objetivo inglês passava por conseguir precisamente o contrário, obrigar Montenegro a fazer aquilo que não queriam: Pressionar com os laterais. Para isso, usou e abusou da dinâmica Médio Interior-Extremo-Lateral.

    O primeiro passo era o de retirar os médios alas da equação, afinal eram eles que saiam na contenção. Para isso a primeira linha inglesa tinha de ser mais agressiva com bola. Quer os defesas centrais ingleses, quer os laterais, tinham de assumir o risco da condução curta, de forma a provocar a pressão adversária.

    Ainda antes do golo montenegrino, já se conseguia ver Rose a avançar com bola pelo corredor com mais frequência, para tentar provocar a pressão do médio ala adversário, o visava deixar Sterling/Odoi em situações de 1vs1 com mais frequência.

    A última peça do “puzzle” estava nos médios interiores, que começaram a realizar movimentos sem bola em direção à linha lateral e em direção À baliza. Essas desmarcações diagonais, colocavam dúvidas à defesa montenegrina:

    “Quem acompanha o movimento do interior? É o central? e assumimos o risco de deixar o corredor central com menos um homem?” 

    “Acompanha o médio centro? Então e o espaço que ele deixa vago? Assumimos o risco de o Kane baixar para tabelar ou de o extremo driblar para dentro?”.

    Gradualmente, estas dúvidas começaram a tomar conta da cabeça dos montenegrinos e a circulação inglesa, dentro do meio campo adversário, foi ganhando cada vez mais velocidade e veneno.

    A bola chegava os pés dos jogadores certos, no espaço e no momento certo, em mais um dia na vida desta “nova” Inglaterra.

    Foto de capa: FA

    Artigo revisto por: Jorge Neves 

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.