Força da Tática: Manchester City FC x Manchester United FC: O FIFA parece o City

    Ontem, o Manchester United FC realizou a curta deslocação até ao Etihad Stadium, para dar sequência à surpreendente vitória que conseguiu alcançar em Turim. Se vencer o Manchester City FC é mais ou menos difícil que derrotar a Juventus FC, é uma questão de opinião, mas era inegável que Mourinho tinha pela frente (em um curto espaço de tempo) dois sérios candidatos à conquista da Liga dos Campeões.

    Infelizmente, para os adeptos do United, assistimos a um jogo de domínio completo do City, materializado em um resultado de três a um, que coloca os comandados de Pep Guardiola no caminho da revalidação do título.

    Mais do que o resultado, a distância em termos de jogo (Dinâmicas, harmonia entre momentos, comportamentos) é bastante preocupante para os Red Devils, que pouco ou nada conseguiram fazer para evitar a derrota.

    Equipas Iniciais 

    Pep Guardiola realizou duas mudanças à equipa que atropelou o Shakhtar Donestk para a Liga dos Campeões, com as entradas de Agüero e Mendy para os lugares de Gabriel Jesus e Zinchenko, respetivamente. Apesar da mudança de nomes, manteve-se o ofensivo 4-3-3, super flexível.

    Mourinho, teve uma péssima notícia no decorrer da semana, já que Pogba não recuperou a tempo de dar seu contributo. Assim, qualquer que fosse a escolha do treinador para o onze inicial, ia acabar por trazer à equipa um cariz negativo/defensivo. O United apresentou-se em 4-3-3, com um meio campo de cimento, composto por Herrera, Fellaini e Matic.

    1ª Parte | Domínio absoluto

    O Manchester City começou desde cedo a afirmar o seu domínio. Através da posse de bola, criavam várias situações de superioridade numérica nos espaços entre o corredor central e o lateral, de forma a penetrar na organização defensiva do United. Para criar essas situações de superioridade, como é recorrente, o Manchester City cria estruturas de três/quatros jogadores, nesses referidos espaços. Geralmente, no lado esquerdo, vemos Sterling, David Silva, Mendy e Laporte a aproximarem-se para criar um diamante, que destrói a estrutura do adversário.

    Fonte: Sky Sports
    Fonte: Sky Sports

    Vemos, nas imagens em cima, como o Laporte avança em direção à linha média do United forçado que Herrera abandone a sua posição o que abre a linha de passe para Silva, entre linhas, que fica em posição de 2vs1 (junto com Sterling) frente ao lateral do United.

    Como abordei em um artigo recentemente, o City de Guardiola ataca de uma forma invertida, ou seja, Mendy é mais um extremo que um lateral e Walker um terceiro central/lateral invertido. Assim o Manchester City acaba por jogar em um sistema de três centrais, onde Mendy avança agressivamente pela esquerda, criando várias dinâmicas interessantes, como acabamos de ver, com Sterling e Silva. Na direita Walker não avança tanto e vêm recorrentemente para posições interiores, formado com Fernandinho um duplo pivot de construção.

    Um Mundo de dinâmicas

    Bernardo Silva, como já começa a ser norma, realizou mais uma exibição de grande qualidade. O que mais gosto em Bernardo, apesar de ser um crime colocar um aspeto sobre o outro, é a sua inteligência.

    Na direita, o internacional português, ocupava o espaço entre o corredor central e o corredor lateral, um posicionamento similar ao de David Silva na esquerda. Neste lado direito, Mahrez recebia a bola bem aberto no corredor lateral e procurava o 1vs1 frente a Luke Shaw, era nesse momento que Bernardo se infiltrava no espaço entre Shaw e o central, beneficiando do espaço que a situação de 1vs1 criava.

    Em resposta a estes movimentos, Matic era obrigado a acompanhar Bernardo o que consequentemente criava espaços entre o internacional sérvio e Fellaini. Estas penetrações e desmarcações de Bernardo, colocaram a nu a dificuldade que Matic em realizar estas missões, que o transformam em um jogador banal, uma vez que por estar a realizar missões, a nível defensivo, que é incapaz de cumprir, nem consegue defender (ocupar os espaços, intercetar bolas, dar coberturas e garantir equilíbrios) nem dar o seu contributo na fase ofensiva (ditando ritmos, soltando Martial e Rashford no último terço etc).

    Restdefending

    Quando o Manchester City tem a posse da bola, está a defender. Enquanto procura agredir o adversário, está preparada para evitar que o adversário lhes faça o mesmo. Esta harmonia, esta equilíbrio, é o que coloca a equipa de Pep Guardiola em um patamar à parte no panorama do futebol mundial.

    Quando tinham a posse de bola, o Manchester United sentiu grandes dificuldades em ter bola no corredor central, eram forçados desde muito cedo a jogar para os corredores laterais. Assim começaram a recorrer a bolas longas para Fellaini, na tentativa de ultrapassar as primeiras linhas de pressão do City.

    Quando chegou ao golo, o United esboçou uma tentativa de pressionar mais alto, mas a quantidade de jogadores (todos basicamente) com qualidades de resistência à pressão que o City têm, transformam a equipa em uma imune à pressão.

    Uma imunidade que lhes permitiu, no lance do terceiro golo, realizar 44 passes … 44 passes, enfim… parece FIFA.

    Foto de capa: Premier League

    Artigo revisto por: Jorge Neves

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    João Mateus
    João Mateushttp://www.bolanarede.pt
    A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.