Força da Tática | O que faz do Belenenses SAD uma das melhores defesas do campeonato?

    A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DOS ALAS

    Rúben Lima e Tiago Esgaio ficam encarregues das alas (por completo) e, quando defendem, completam a linha de cinco defesas, juntando-se aos três centrais, anteriormente referidos. Pelo contrário, em momentos de construção assumem posições muito avançadas no terreno (como se pode ver na imagem acima) e funcionam como elementos ativos na criação de jogadas de perigo.

    E é aqui que reside um dos pontos mais consistente dos “Azuis”. Estes são alas tão competentes a defender, quanto a atacar, e os números também o mostram. Rúben Lima é o homem que mais assiste para golo na equipa (quatro assistências), lidera em passes chave por jogo (em média, 1.4) e de forma destacada, em grandes oportunidades criadas (sete); Tiago Esgaio também já assistiu por uma ocasião e até já fez o gosto ao pé esta temporada. O ala direito é o segundo jogador do Belenenses SAD que mais remates bloqueia por jogo, 0,52, só atrás de Henrique, defesa-central, segundo dados do WhoScored.com. Por fim, depois de Afonso Taira, aparecem ambos em segundo e terceiro lugar na categoria de desarmes por jogo.

    A relevância destes dois alas na equipa é inesgotável e podia ficar a apontar mais dados que o comprovassem. Conseguem conter as investidas dos adversários e simultaneamente participar de forma ativa e preponderante nos ataques, como se pode ver, aliás, pelo heatmap de Rúben Lima. Que mais se pode pedir?

    ESCASSEZ DE MÉDIOS CRIATIVOS

    Os médios são, também eles, defensivos. Diria que dos médios do plantel de Petit, excluindo Afonso Sousa, que joga como extremo, apenas Afonso Taira costuma mesclar-se em rasgos no ataque. Todos os outros, como Sphephelo Sithole, Bruno Ramires ou Thibang Pete, acabam por ter tarefas mais defensivas e de “destruir jogo”.

    Todos estes fatores fazem com que a mentalidade defensiva seja claramente reforçada. Fazem com que não se perca o equilíbrio muitas vezes, obrigando o adversário a construir e a ter de trocar a bola para entrar na sua área, como se pode ver na segunda imagem, no jogo frente ao SC Braga. Os minhotos tiveram de procurar o jogo interior, onde até estava em inferioridade, para chegar ao golo. O Belenenses SAD defende com muitos jogadores e sobrecarrega a zona defensiva, tornando difícil a tarefa dos adversários. Não parece complexo, porque não é.

    Concluindo, alguns dos treinadores parecem entrar nos jogos para ganhar, Petit parece mais focado em não perder. Não digo que seja uma boa ou má filosofia, a verdade é que tem conseguido almejar os seus objetivos com um plantel que muitos consideram curto para o contexto que vive. Vai passando de obstáculo em obstáculo sem o grau de espetacularidade de outros treinadores.

    Costuma-se dizer que “os bons ataques ganham jogos, mas que as boas defesas ganham campeonatos”, e nesta realidade, não podia estar mais de acordo. Estranhamente, e desafiando as leis do jogo, este Belenenses SAD parece sempre mais confortável sem bola do que propriamente com ela.

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    Gabriel Henriques Reis
    Gabriel Henriques Reishttp://www.bolanarede.pt
    Criado no Interior e a estudar Ciências da Comunicação, em Lisboa, no ISCSP. Desde cedo que o futebol foi a sua maior paixão, desde as distritais à elite do desporto-rei. Depois de uma tentativa inglória de ter sucesso com os pés, dentro das quatro linhas, ambiciona agora seguir a vertente de jornalista desportivo.