Força da Tática | O que faz do Belenenses SAD uma das melhores defesas do campeonato?

    O Belenenses SAD é por esta altura a quarta melhor defesa da Primeira Liga Portuguesa, contando 24 golos sofridos em 26 partidas disputas. Quer isto dizer que o conjunto orientado por Petit surge logo a seguir aos “três grandes”, Sporting CP, SL Benfica e FC Porto. Mas afinal, o que faz com que a defesa do Belenenses SAD seja tão difícil de bater?

    A resposta mais lógica seria apontar para a qualidade da linha defensiva, que é inegável. Ainda assim, tem de haver algo mais. A minha aposta seria, muito além de questões táticas, uma marca pouco vista em Portugal: Petit é treinador da equipa Lisboeta desde janeiro de 2020, estando quase a completar ano e meio ao serviço do clube.

    Algo pouco visto, até em grandes do futebol português. Só Sérgio Conceição, no FC Porto, e Pepa, no FC Paços de Ferreira, estão há mais tempo nos seus respetivos cargos. A consistência e o “acreditar” num treinador ou por outro lado, numa ideia, pode ser muitas vezes benéfico para as direções, e este parece ser apenas mais um exemplo. Mas, vamos ao que interessa.

    Petit tem claramente definido o seu habitual 3-4-3, que se transforma, quando defende, mais propriamente, num 5-2-3 ou 5-3-2, dependendo do posicionamento de um dos extremos (normalmente Silvestre Varela desce para o meio-campo). E diria que tem também um conjunto restrito de jogadores nos quais costuma apostar. Por crença, ou por falta de opções de qualidade, muitas vezes recorre à equipa de sub-23 para se “reforçar”.

    CONSTRUÇÃO DO BELENENSES SAD E MOMENTOS OFENSIVOS

    Nos momentos de construção a equipa não tem processos complexos, nem eficazes, na verdade. Se defensivamente se revela sólida, ofensivamente o Belenenses SAD é, de longe, a equipa menos concretizadora da Liga Portuguesa (15 golos). Para se perceber, cada um dos dois melhores marcadores da liga, Pedro Gonçalves e Haris Seferović, têm mais golos sozinhos (16).

    A equipa procura quase sempre colocar bolas em profundidade, seja pelos defesas-centrais ou médios, priorizando os movimentos de rutura dos alas, extremos e avançado. Miguel Cardoso, Silvestre Varela ou Cassierra costumam combinar e funcionar com trocas para confundir as marcações dos defesas contrários. A maior parte do perigo, e dos golos, nascem na sequência de cruzamentos e bolas para a área, o que pode explicar grande parte do insucesso na frente.

    Petit prefere controlar o jogo sem bola e conter o perigo do adversário, esperando pacientemente pelo golo, que espera encontrar em saídas para o ataque baseadas no perigo dos seus avançados. Pode não ser a mais eficaz, mas a verdade é que vai fugindo aos lugares de descida.

    QUALIDADE DA LINHA DEFENSIVA (TRÊS CENTRAIS)

    A linha defensiva é claramente o seu ponto forte. Os três defesas-centrais (que se podem ver na imagem), Henrique (meio), Tomás Ribeiro (esquerda) e Gonçalo Silva (direita) são recorrentemente escolhidos e consolidam-se como pilares, garantindo conforto na parte de trás.

    O primeiro posiciona-se como elemento de chefia e liderança. Destrói a maior parte das jogadas e é também quem tem a maior taxa de bloqueio de remates dos adversários (0.62, segundo o portal WhoScored.com). Gonçalo Silva oferece estabilidade, experiência à direita e não é limitado na saída de bola.

    Resta Tomás Ribeiro, que com 21 anos, é um dos centrais com mais potencial da Primeira Liga. Ainda que a maior parte dos ataques da equipa surja pela direita, este é o jogador com melhor critério no passe de todos os elementos do plantel no que aos defesas diz respeito. Segundo o SofaScore, lidera em passes precisos por jogo (76%) e também em passes longos precisos, contabilizando uma média de 5.1 (!) por jogo. Destaque ainda para as interceções, onde também lidera, com duas em média por partida. Tem tudo para chegar a outros patamares num futuro próximo.

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    Gabriel Henriques Reis
    Gabriel Henriques Reishttp://www.bolanarede.pt
    Criado no Interior e a estudar Ciências da Comunicação, em Lisboa, no ISCSP. Desde cedo que o futebol foi a sua maior paixão, desde as distritais à elite do desporto-rei. Depois de uma tentativa inglória de ter sucesso com os pés, dentro das quatro linhas, ambiciona agora seguir a vertente de jornalista desportivo.