Força da Tática | As táticas da Supertaça

    No tradicional primeiro troféu da época, o Sport Lisboa e Benfica bateu o Futebol Clube do Porto por dois golos sem resposta e conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira.

    Do ponto de vista tático assistiu-se a um jogo riquíssimo. Com os dragões a dominarem os primeiros 15 minutos, os encarnados foram de menos a mais e equilibraram o jogo ainda no decorrer da primeira parte, que chegou empatada ao intervalo. Na segunda parte, e muito por culpa dos acertos de Roger Schmidt, as águias superiorizaram-se aos azuis e brancos.

    Após a saída de Gonçalo Ramos para os franceses do Paris Saint-Germain FC, ficou no ar a dúvida sobre quem seria o seu substituto para o primeiro clássico da temporada. As possibilidades recaíam, principalmente, sobre Petar Musa, ponta de lança, e natural substituto do avançado português, ou num jogador com outro tipo de características, como Rafa.

    O técnico alemão optou por colocar Rafa como homem mais adiantado dos encarnados, com Fredrik Aursnes nas suas costas. João Mário como ala esquerdo, a jogar por dentro, e Ángel Di María no corredor oposto, bem aberto e junto à linha lateral. Meio-campo a dois, com o reforço Orkun Kökçü e o miúdo João Neves. No eixo defensivo, a grande novidade foi a escolha de Ristić para o corredor esquerdo, em detrimento de Jurásek.

    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    O técnico dos dragões, Sérgio Conceição, não surpreendeu. Sem João Mário a 100%, Pêpe ocupou a lateral direita da defesa, num setor que contou com os veteranos Pepe e Marcano, e Zaidu à esquerda. Tal como o Benfica, a equipa da cidade invicta, apresentou um meio-campo a dois, mais musculado, com Marko Grujić e Eustáquio. Otávio como ala direito, Galeno na esquerda e a dupla de avançados com Danny Namaso e Mehdi Taremi.

    Zaidu na Supertaça entre SL Benfica e FC Porto.
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    A pressão inicial dos dragões abafou qualquer tentativa encarnada nos primeiros 15 minutos do encontro. O posicionamento de Otávio, por dentro, como 3.° médio, deu ao FC Porto alguma superioridade (3×2) neste setor, libertando todo o corredor direito para a criatividade de Pêpe.

    Do lado esquerdo e bem colado à linha, Galeno conseguiu, por diversas ocasiões, criar situações de 1×1 com Alexander Bah, isto porque, em alguns momentos, Di María não baixava no processo defensivo. Estes momentos de 1×1 diminuíram a partir do momento em que o clube de Lisboa conseguiu colocar um dos médios, João Neves ou Kökçü, na cobertura ao lateral dinamarquês.

    Face à forte pressão dos dragões, o SL Benfica procurou, em alguns momentos, construir a três com a presença de um dos médios perto de Otamendi e António Silva. Com esta construção a três, e face à superioridade criado sobre os dois avançados portistas, os encarnados começaram, ao longo da primeira parte, a crescer e a equilibrar o encontro.

    Ao intervalo, Roger Schmidt fez entrar Musa e Jurásek e as alterações tiveram claro efeito na partida. A segunda parte só deu Benfica, muito por culpa de dois aspetos-chave: a correção na pressão encarnada e as segundas bolas.

    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Ao nível da pressão assistiu-se a uma clara subida das linhas encarnadas e a uma nítida mudança de postura, com o índice de agressividade (positiva) a aumentar sobre o portador da bola. Os médios subiram 20/30 metros no terreno. A linha defensiva acompanhou a linha média. Os alas emparelharam com os laterais portistas e Rafa e Musa caíram sobre os centrais azuis e brancos. Foi assim que surgiu o primeiro golo do encontro, recuperação de bola de Kökçü no meio-campo ofensivo, em zona alta, após bom momento de pressão por parte das águias.

    Com a entrada de Musa no jogo, o Benfica passou a ter um ponta de lança “de raíz” e capaz de disputar as primeiras bolas com os centrais portistas, deixando Rafa mais livre para uma eventual segunda bola. Na segunda parte, os encarnados conseguiram ter sempre Rafa e Musa mais perto um do outro, quando comparados a Rafa e Aursnes, na primeira. Este aspeto foi crucial para o aumento do número de segundas bolas ganhas. Curioso perceber que o segundo golo surge de uma segunda bola ganha por Rafa depois de uma primeira disputa de Musa.

    Di María esteve em destaque na Supertaça entre SL Benfica e FC Porto.
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Do lado dos dragões, Sérgio Conceição ainda tentou mexer. João Mário para o corredor direito, subida de Pêpe e Otávio para dentro. O técnico azul e branco procurava libertar toda a criatividade e perfume de Pêpe e a irreverência ofensiva do lateral João Mário, mas já foi tarde. A isto acrescenta-se a entrada de Romário Baró na procura de um meio-campo mais ofensivo e virtuoso, mas sem sucesso.

    Do ponto de vista tático, as alterações no plano de jogo dos dragões, deram-se sobretudo pelas características individuais dos jogadores que passaram por cada posição e não por alterações estruturais.

    Pepe e Luís Godinho na Supertaça entre SL Benfica e FC Porto.
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    O SL Benfica levou a melhor no primeiro clássico da época, distanciando-se, de novo, do FC Porto naquilo que são o número total de títulos ganhos por cada clube. O Benfica contabiliza agora 85 títulos, mais um que os dragões.

    Artigo da autoria de Tiago Rodrigues

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