Vem de longe a origem do futebol. Finalmente, pode ser que a origem do 11 contra 11, uma coisa em forma de bola e três paus para defender seja muito mais remota que o entretém que os ingleses se auto-atribuem.
Além, nos confins da China, de donde bebemos cultura mítica e veio a pólvora dizem que 2500 anos AC os soldados se entretinham a jogar ao pontapé com o crânio decapitado dos inimigos. Sinceramente, desejo que esta pesquisa seja totalmente falsa. Não me apetece gostar de um jogo que tem umas raízes tão bárbaras.
Mas, existiam esferas pontapeáveis noutras latitudes e se as origens bárbaras chinesas não são do meu agrado, estas as que chegam doutra civilização que também corta a respiração, também arrepiam. Falamos dos Maias que jogavam uma espécie de alguma coisa com uma bola. Este jogo representava astúcia; destreza, saber, cultura ao fim e ao cabo. Mas, o capitão dos vencidos era sacrificado… Nestas coisas dos entreteres também temos o Japão e temos a nossa Grécia.
Esparta desenvolveu um jogo duradouro com a participação de quinze jogadores por grupo ou equipa. E a bola já tinha a sua elaboração e a sua consistência: era feita com bexigas recheadas de areia ou terra. Vieram então os nossos Romanos. Conheceram a Grécia e também trouxeram nas suas mochilas de guerreiros “esse futebol”. No entanto, condimentaram a prática grega e somaram-lhe violência.
Chegamos à Idade Média e Itália continuou a dar pontapés nalguma coisa parecida com uma bola. E esse jogo também se parecia ao todos ao molho; vale tudo e os socos ou pontapés fazem parte do jogo. Os problemas sociais da época também se espelhavam em campo, por isso, o “gioco do calcio” atingia cotas de violência e desordem que reclamou a atenção das autoridades. Chegou então a proibição severamente penada para os infratores. No entanto, a nobreza salvou a situação e a prática do Calcio ao reformar as normas e somando ao acontecimento doze juízes que deveriam velar e fazer cumprir comportamentos mais socializados.
Entramos então no fulgor imperial britânico. O Mundo começou a ser invadido pelo futebol como se fosse uma obra da criatividade imperial. Os fins do século XVIII e o século XIX marcaram esta moda e os nobres ou a burguesia ascendente que visitava, por diferentes motivos, Inglaterra trazia ou levavam consigo bolas e equipamentos ou ideias de equipamentos. E encontramos imagens gráficas desde o Tibete a algures na América do Sul para disfrute dos novos habitantes do Brasil ou do Uruguai. Tal como em Portugal onde o Carcavelinhos era formado por ingleses e era uma equipa invencível até que o Sport e Lisboa o derrotou, os ingleses dominavam a arte do pontapé. No entanto, Uruguai começou-lhe a disputar bem cedo os predicados e habilidades futebolísticas.
Acontece então o fenómeno clube. Começam a aparecer e nascem como? Vive-se a Revolução Industrial. As próprias fábricas fomentam a atividade e esse tipo de associativismo. As cidades inglesas mais marcadamente industriais são as pioneiras.
Portugal teve um exemplo similar com o fenómeno futebolístico da CUF. E em que inovou ou inventou Inglaterra no fenómeno Calcio? Como noutras épocas, aportou normas, filosofias e organização de jogos até que Jules Rimit começa a ter realmente uma visão global do fenómeno e aparece a FIFA. O futebol, nesse momento, emancipou-se da Inglaterra Imperial; tornou-se apátrida.
Foto de Capa: Origins of Football