Nesse período, foram vários os nomes que se deram a conhecer ao futebol português na cidade alentejana, mas creio que os de maior relevo foram o defesa-central Falé e o guarda-redes Dinis Vital, que foram os únicos jogadores do Lusitano a chegarem à seleção nacional. O Vital transferira-se para o Vitória de Setúbal em 1966 onde faria parte de uma das gerações mais douradas do emblema sadino, junto a nomes como Vítor Baptista, Fernando Tomé e Jacinto João. Posteriormente, também seria treinador do clube eborense em três ocasiões distintas. Falecido em 2014, actualmente dá o seu nome à taça distrital da AF Évora.
Muitos outros nomes fizeram história ao serviço do clube da cidade-museu, tais como José Pedro Biléu e Paixão, que tal como Vital e Falé, cumpriram as 14 épocas do Lusitano na primeira divisão. Destaque ainda para outros nomes como Caraça (formado no rival Juventude) e Teotónio, bem como para alguns jogadores recrutados aos grandes de Lisboa. Entre este restrito grupo, houve o médio Vicente, que foi recrutado ao Sporting, e os avançados Augusto Batalha e Alberto Du Fialho recrutados ao SL Benfica, sendo que o segundo também seria treinador do clube.
Houve também alguns jogadores estrangeiros que deram nas vistas no Lusitano de Évora, a maioria deles oriundos da América Latina. Entre esses casos, destaque para o paraguaio Melanio Olmedo, que conquistaria a Copa América em 1953, e o hondurenho Cardona, que no futuro faria carreira no Atlético de Madrid.
Após a despromoção, o clube jogaria durante 20 anos na Segunda Liga, estando perto da subida nalgumas ocasiões, Mas a despromoção para a antiga Segunda Divisão B em 1985/1986, daria início à decadência do clube alentejano. Após vários anos a alternar entre a Segunda B e a Terceira Divisão, em 2010/2011, dar-se-ia a despromoção para os distritais.
Foi no início desta década que, para os sócios mais antigos e que bem se recordam dos tempos dourados do clube, o Lusitano GC “morreu”. E não foi apenas por esta queda para os distritais, mas também pelas dificuldades financeiras acrescidas ao longo dos anos, desde a falta de apoio da Câmara Municipal, à falta de apoio ao sector agrícola, bem como às sucessivas más gestões que levaram à venda de todo o património do clube, inclusive do Campo Estrela. Este descalabro atingiu o seu auge numa célebre Assembleia Geral em que após a direcção ter ganho a votação, um sócio do clube já idoso terá proclamado alto e a bom som: “Estão a matar o meu Lusitano!”.
Em 2011/2012, o Lusitano GC não teve futebol sénior e teve de recomeçar praticamente do zero. Recuperou o futebol sénior e o Campo Estrela na época seguinte, subindo de divisão duas épocas consecutivas.
Actualmente o clube disputa a Divisão de Honra da AF Évora e é presidido por Luís Valente, filho de José Valente, ex-presidente do clube. Duarte Machado é o actual treinador do clube eborense, que irá jogar num estádio que bem conhece, visto que este jogou 4 temporadas no CF “Os Belenenses”. E o plantel lusitanista é maioritariamente composto por jogadores formados no clube, de maneira que este confronto com o clube azul e branco na Taça de Portugal poderá ser uma oportunidade única nas suas carreiras.
O Lusitano Ginásio Clube é um dos muitos históricos do futebol português que já fez furor na Primeira Liga e que agora passa por momentos muito complicados. E perante um futebol português cada vez menos “interiorizado”, as dificuldades acrescem-se. Mas este reencontro com um grande do futebol português fez desenterrar o passado e as memórias de muita gente. Este jogo será um pequeno regresso ao mapa do futebol português, sem se saber quando será possível um novo regresso.
Foto de Capa: Lusitano Ginásio Clube