O Passado Também Chuta: O estádio mais alto de Portugal que fez Eusébio repensar a sua carreira

    Houve outrora quem idealiza-se um campo de futebol tão alto que só pela sua altitude e imponência assustaria os adversários, esse campo foi o Estádio José Santos Pinto. Construído no ano de 1932 e “plantado” numa encostada da Serra da Estrela nascia assim este bonito e mítico campo do futebol português que já viveu inúmeras tardes de grande glória sempre intimidante ligado ao maior clube da cidade da Covilhã, o Sporting da Covilhã.

    A primeira grande época que este estádio viveu foi, sem dúvida, a época de 1955/1956 que se constitui ainda hoje como a melhor época de sempre do clube serrano, um quinto lugar da Primeira Liga atrás de FC Porto, Benfica, Belenenses e Sporting CP. O espanhol Victoriano Suárez que era a grande estrela do Sporting da Covilhã nesta altura foi mesmo o terceiro melhor marcador desta edição da Primeira Liga com 21 golos, fazendo abanar as redes do Estádio Santos Pinto várias vezes.

    O Estádio José Santos Pinto esteve também ligado de perto à campanha da equipa covilhanense até à final da Taça de Portugal em 1956/1957 onde saiu derrotada aos pés do poderoso Benfica por 3-1.

    A proximidade dos adeptos com os jogadores sempre foi uma constante no Estádio Santo Pinto
    Fonte: SC Covilhã

    Foi por isso um inicio muito glorioso aquele que este estádio viveu, sempre com uma massa associativa poderosíssima oriunda predominante das fábricas industriais que a Covilhã possuía no século XX.

    Havia três aspetos que se sobressaiam como “segredo” do sucesso do Sporting da Covilhã neste campo, a sua altitude , o facto de o plantel serrano ser composto maioritariamente por jogadores da região que habituados a jogar em altitude e com as baixas temperaturas que ali se fazem sentir no Inverno, não foi por acaso que Amália Rodrigues numa música dedicada à cidade da Covilhã apelidou-a de “Cidade Neve”, e a proximidade dos adeptos para o relvado, estes são os três aspetos fulcrais que fazem deste estádio um estádio com uma aura especial e diferente.

    A neve nunca deixou de visitar este mítico estádio português
    Fonte: SC Covilhã

    Vários são os testemunhos na primeira pessoa de grandes jogadores que por ali passaram na qualidade de adversários e sentiram dificuldades. Eusébio em entrevista ao programa Alta Definição do jornalista Daniel Oliveira revelou que um dos seus primeiros jogos pelo Benfica depois de chegar a Portugal vindo do Moçambique foi exatamente ali, no Estádio Santos Pinto, e como o jogo decorreu no Inverno o frio que se fazia sentir era de bater os dentes, Eusébio habituado ao clima africano relevou neste programa que equacionou desistir do futebol e voltar a Moçambique depois de não ter “superado” o teste do Estádio Santos Pinto, seria apenas uma das “vitimas” das características especiais que rodeiam este mítico estádio.

    Paulo Futre e Pedro Barbosa, por ocasião da visita do SL Benfica à Covilhã para a Taça de Portugal 2014/2015, revelaram também que ao longo das suas carreiras visitaram muitos estádios, mas o estádio Santos Pinto foi um estádio que os marcou como um dos mais complicados estádios para se jogar em Portugal pelas exigências físicas que este campo lhes impunha com o frio oriundo da mais alta serra de Portugal Continental e com as dimensões reduzidas.

    A presença em peso da massa associativa do Sporting da Covilhã, nos anos de ouro do clube
    Fonte: SC Covilhã

    O Estádio Santos Pinto voltaria a revelar-se como um “talismã” para a equipa serrana precisamente na época 2014/2015 quando a equipa covilhanense não conseguiu o regresso à Primeira Liga apenas pelos critérios de desempate, mas foi largamente a melhor equipa nos jogos em casa desta edição da Segunda Liga, se apenas os jogos em casa valessem a equipa do Sporting da Covilhã teria sido campeã com larga vantagem do segundo classificado, era um regresso ao passado, quando o Sporting da Covilhã conseguia resultados muitos melhores em casa do que fora.

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    Rui Pedro Cipriano
    Rui Pedro Ciprianohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido e criado no interior, na Covilhã, é estudante de Ciências da Comunicação, na Universidade da Beira Interior. É apaixonado pelo futebol, principalmente pelas ligas mais desconhecidas, onde ainda perdura a sua essência e paixão.                                                                                                                                                 O Rui escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.