O Passado Também Chuta: Hilário

    o passado tambem chuta

    Moraes, Alexandre Batista, José Carlos e Hilário. A meu ver, depois da célebre linha avançada dos cinco violinos, esta linha da defesa foi a mais célebre linha que teve o Sporting Clube de Portugal. Todos eles «Magriços», conformaram a defesa mais temida do futebol português dos anos 60. Além disso, Moraes, no tempo em que jogava a extremo-esquerdo, foi o autor do celebérrimo golo olímpico que deu ao Sporting a Taças das Taças. Poderia, portanto, dedicar a vários destes defesas leoninos esta crónica. Alexandre Batista, por exemplo, era um defesa-central fino, elegante, com uma técnica excelente na linha dos grandes centrais portugueses como Francisco Ferreira, Germano ou mais tarde o Humberto Coelho – poderia ser, portanto, a estrela desta crónica. José Carlos era um excelente quarto-defesa, ainda que talvez o mais normal deste quarteto defensivo. No entanto, o Sporting Clube de Portugal tinha um defesa-esquerdo que superava tudo e todos, que se chamava Hilário Rosário da Conceição.

    O Sporting encontrou-o e foi buscá-lo no final da década dos 50 ao Sporting de Lourenço Marques. No princípio da seguinte década, o seu clube pretendeu utilizá-lo, sem êxito, para que o mítico Eusébio assinasse pelo Sporting. Era, tal como Coluna, considerado um jogador com peso. Mal chegou, apropriou-se do lugar e foi convocado de imediato pela seleção. Sendo lateral-esquerdo, era um jogador que não era propriamente exímio com o pé esquerdo; no entanto, tinha um grande poder de concentração e um enorme sentido do corte. Sendo contemporâneo do benfiquista Fernando Cruz, o seu lugar fixo na seleção nacional era inquestionável. Foi repetidamente campeão nacional com o seu clube, vencedor de Taças de Portugal e vencedor da Taças da Taças, ainda que uma grave lesão o tenha impedido de jogar a final.

    Lesionado, beija a Taça das Taças  Fonte: sportingvintage.blogspot.com
    Lesionado, beija a Taça das Taças
    Fonte: sportingvintage.blogspot.com

    Temos de remarcar bem que este excelente Sporting teve a pouca fortuna de conviver com o melhor Benfica de todos os tempos e com a linha avançada mais temível que floresceu em Portugal. Muitas vezes, os famosos duelos entre os dois grandes rivais do futebol português, eram publicitados por adeptos ou comentaristas como o jogo da melhor defesa contra o melhor ataque. O Benfica-Sporting era, e a meu ver ainda é, o verdadeiro duelo do Campeonato. Qualquer amante do futebol festeja a evidente recuperação do Sporting porque sentar-se nas bancadas da Luz ou de Alvalade durante um dérbi é uma sensação única.

    No entanto, Hilário atingiu o zénite da sua carreira ao serviço da seleção que disputou o Mundial de Inglaterra. Foi titular indiscutível e considerado o magriço mais regular durante o Mundial. O reconhecimento internacional ficou patente e posteriormente chegou a formar parte de uma Seleção de Europa, seguindo a senda do Travassos. Era um atleta aplicado e essa condição levou-o a representar o Sporting durante quinze épocas. Este mito do futebol sportinguista, para adaptar-se a jogar com botas, de que passar pelo basquetebol para adaptar-se primeiro a algum tipo de calçado. Tal como tantos outros, a sua escola de futebol era o ar livre, descalço. No entanto, nada disso impediu que Hilário fosse o que foi: um jogador com um rigor tático invejável.

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    José Luís Montero
    José Luís Montero
    Poeta de profissão, José simpatiza com o Oriental e com o Sangalhos.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.