O Passado Também Chuta: Rabah Madjer

    o passado tambem chuta

    Portugal tem dado jogadores ao Mundo que espantam. Não é um Pais, neste aspeto, carente. Nas últimas décadas, para ultrapassarmos um bocado as décadas de 1950-1960, podemos mencionar de centrais a avançados. Podemos viajar desde Fernando Chalana até Cristiano Ronaldo, passando pelo Figo, Paulo Sousa ou Rui Costa. No entanto, ainda que não seja uma liga rica, também foi visitada por treinadores universais, como o genial Helénio Herrera, ou jogadores como o Yazalde, Mozer, Cubillas ou o recente Falcão. No entanto, quando o FC Porto começou a subir na escala de valores competitivos, apareceu um avançado argelino que, quando se lembrava, fazia dançar a relva e a bola. Chamava-se Rabah Madjer. Ousou meter um golo de calcanhar numa final da Taça da Europa.

    Se repararmos, observamos o crescimento do FC Porto; o salto que dá desde a posição do terceiro clube português para a posição de clube hegemónico, superando nitidamente o Benfica e o Sporting, apoia-se, entre outras coisas e muitas polémicas relacionadas com o Pinto da Costa, na capacidade de saber escolher tanto treinadores como jogadores. Uma dessas maravilhosas escolhas foi, sem dúvida, Madjer. A bitola de melhor jogador argelino de sempre, na Europa, diz pouco, mas neste caso diz muito. Diz tudo. Era acusado de permanecer apático, mas a sua apatia nada tinha a ver com a indolência. Estava relacionada com a inspiração, com o sino da aldeia que avisa que é dia de romaria. Anuncia tanto o invulgar atrevimento de um calcanhar, como a penetração por uma ala por onde avança, depena e coloca a bola franca para um colega (Juary) rematar e vencer o poder e símbolo do futebol alemão.

    O golo de calcanhar Fonte: Porta19.com
    O golo de calcanhar
    Fonte: Porta19.com

    Madjer tem uma lacuna, mas outros jogadores geniais, como o mágico Gonzalez ou o próprio Alves, ainda que triunfassem na Liga Espanhola, também não passaram de equipas pequenas. No caso que me ocupa, Madjer chegou a um segunda fila espanhol bastante conceituado, que tem disputado títulos na Europa e em Espanha, mas passou absolutamente desapercebido. O Valência não viu o melhor Madjer. Não foi o jogador genial que maravilhou Portugal e a Europa, defendendo a camisola do FC Porto.

    Teve a virtude de classificar a seleção da Argélia para o Mundial de Espanha e não passou desapercebido. Notabilizou-se. Portanto, consagrou-se também nesta importante competição. Não sei se é o melhor estrangeiro que passou por Portugal, mas, sem dúvida, foi o estrangeiro mais notável que passou pelo FC Porto e por Portugal. Os mitos do clube das Antas, como o Pinga, Barrigana ou Hernâni, ficaram bastante aquém deste argelino que marcou um dos golos mais maravilhosos numa final da Taça da Europa e foi absolutamente determinante.

    Chegou ao FC Porto procedente do Tours, depois de passar pelo Racing de Paris. Vestiu a camisola azul e branca em duas épocas diferentes, antes e depois da sua estada no Valência; depois, arrumou as botas a jogar no Qatar SC. Jogou na Europa entre a época de 1983-1984 até a época de 1990-1991. Tem, sem dúvida, direito a reinar no Olimpo tanto do FC Porto como no Olimpo dos grandes.

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    José Luís Montero
    José Luís Montero
    Poeta de profissão, José simpatiza com o Oriental e com o Sangalhos.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.