Recordar é viver: E aquele Málaga de Champions?

Para muitos amantes e seguidores de futebol, o dia 9 de abril de 2013 ficou marcado por nos ter presenteado um dos melhores jogos da Liga dos Campeões. O palco foi o Signal Iduna Park, em Dortmund, o árbitro era Craig Thompson. Estava tudo a postos para mais uma noite mágica de quartos de final da melhor competição de clubes do mundo, num jogo entre Borussia Dortmund e Málaga. Mas já lá vamos.

Numa época em que o Real Madrid, com Pepe, Fábio Coentrão, Cristiano Ronaldo, Di Maria e José Mourinho, atingiu o centenário (recorde) de pontos numa edição da La Liga, o Málaga carimbou a sua primeira e até então única experiência na elite europeia de clubes. O quarto lugar e os 58 pontos na temporada 2011/2012 vão ficar eternizados na memória das gentes do sul de Espanha.

O treinador deste Málaga era o chileno Manuel Pellegrini, suportado por Fenando Hierro (diretor-desportivo) e pelo proprietário catari Sheikh Abdullah Al Thani. O plantel construído contava com muitas caras ilustres e conhecidas, mas havendo um misto de juventude com experiência.

Desde logo na baliza havia Willy Caballero e Carlos Kameni. Dois guarda-redes com um nível muito alto e que passavam muita segurança à sua equipa.

A defesa tinha jogadores como Jesús Gámez, Martín Demichelis, Nacho Monreal e os portugueses Hélder Rosário, Eliseu e Duda, capitão desta equipa. Tanto Eliseu como Duda desempenhavam também a função de extremos, intervalando muitas vezes entre eles as duas funções. A título de curiosidade, Eliseu é o melhor marcador do Málaga na Liga dos Campeões com um total de cinco golos.

Já o meio-campo trazia outra magia. Jogadores experientes como Jérémy Toulalan, Santi Cazorla ou Júlio Batista a suportarem o aparecimento de dois jogadores: Ignacio Camacho e a (futura) estrela da companhia Isco Alárcon. Camacho era um dito ‘6’, que ia rodando com Toulalan, Cazorla e Júlio Batista. Isco tanto podia jogar a ‘10’ como mais descaído para uma das alas. Era um autêntico joker.

O centro do ataque estava muito bem entregue. Ruud van Nistelrooy comandava as tropas, tendo como companheiros mais jovens o venezuelano Salomón Rondón e o espanhol Juanmi.

Esta foi a equipa que conseguiu o feito histórico de classificar o Málaga para a Champions League. Neste caso, ao terminar em quarto lugar, teriam de passar pelo play-off de acesso à fase de grupos da liga milionária.

Para a época 2012/2013, o Málaga fez chegar o português Antunes (ex-Paços de Ferreira), Pedro Morales (ex- Universidad de Chile), Diego Lugano (ex- PSG), Lucas Piazon (empréstimo do Chelsea), Onyewu (ex- Sporting), Roque Santa Cruz (empréstimo do Manchester City) e Javier Saviola (ex-Benfica). No entanto, perdeu duas figuras: Cazorla e van Nistelrooy.

Nessa temporada foi o Barcelona a ganhar a La Liga também com 100 pontos, tendo o Málaga acabado no sexto lugar, com 57 pontos (menos um do que na temporada passada. Mas vamos ao que interessa.

No play-off de acesso à fase de grupos, os comandados por Pellegrini enfrentaram e ultrapassaram os gregos do Panathinaikos, com um agregado de 2-0.

Carimbado o acesso à fase de grupos, era altura de conhecer os seus adversários. Ditou o sorteio que iriam enfrentar o AC Milan (Itália), o Zenit (Rússia) e o Anderlecht (Bélgica), estando inseridos no grupo C. E que entrada na competição.

Na primeira volta, os espanhóis obtiveram três vitórias (em casa contra o Zenit e o AC Milan, e fora com o Anderlecht), totalizando sete golos marcados e nenhum sofrido. Aqui notava-se muito aquilo que era o jogo de Pellegrini. Muita solidez defensiva e um ataque muito concretizador, fluído e com muita qualidade.

A segunda volta seria constante, obtendo três empates. Quando se esperava que o AC Milan podia ganhar o grupo sem muita dificuldade, o Málaga acaba por ganhar o grupo invicto e segue para os oitavos de final onde encontra o Porto.

A primeira mão, no Estádio do Dragão, viu o Porto sair vencedor, graças a um golo de João Moutinho. A segunda mão seria decisiva para decidir quem seguiria em frente.

Chegados ao La Rosaleda, a fortaleza da equipa do Málaga, os espanhóis comandaram o jogo sabendo que tinham de ganhar por dois golos de diferença para passar diretamente. E assim foi. Isco aos 43 minutos e Roque Santa Cruz aos 77 minutos (três minutos depois de ter entrado) fizeram os golos que permitiu o passaporte para os quartos de final.

Nesta fase da prova os espanhóis enfrentavam o então campeão germânico, o Borussia Dortmund. Era comandado por Jürgen Klopp e tinha jogadores como Robert Lewandowski, Mario Götze, Ilkay Gündogan, Marco Reus, Neven Subotic, Lukas Piszczek, Marcel Schmelzer, Roman Weindenfeller, os irmãos Bender, Nuri Sahin e muitos mais. Seria, com certeza, um desafio enorme para a equipa espanhola, mas o sonho era maior.

Na primeira mão, em Espanha, prevaleceu um empate a zero, levando todas as decisões para o Signal Iduna Park. E agora sim, chegamos ao dia 9 de abril de 2013.

Málaga Champions 12/13
Fonte: Málaga

O Málaga adianta-se no marcador através de Joaquín, aos 25 minutos, numa flexão da direita para dentro, acabando num remate rasteiro de pé esquerdo à entrada da área. Aos 40 minutos, Lewandowski reestabelece a igualdade no marcador depois de ultrapassar Willy Caballero, a passe de Reus. Com este resultado o Málaga ainda tinha vantagem neste momento por ter marcado um golo fora de casa. Sim, ainda prevalecia esta regra.

Já perto do fim, aos 82 minutos, Eliseu faz o 1-2 para os espanhóis através de um contra-ataque, fazendo com que a meia-final estivesse mesmo ao virar da esquina. Acreditava-se que o conto de fadas fosse prosseguir, no entanto, aconteceu futebol. O Borussia Dortmund precisava de dois golos rapidamente para garantir lugar na meia-final e assim foi. Aos 90+1, numa recarga, Reus acaba por fazer o empate no marcador. Aos 90+3 e já no período de ‘chuveirinho’, Felipe Santana, também numa recarga, faz o golo que carimba a passagem à meia-final por parte dos alemães.

O Borussia Dortmund viria a ser finalista vencido, depois de perder para o Bayern Munique por 2-1 em Wembley.

Para trás fica uma das equipas mais queridas por toda a Europa. Uma equipa ‘underdog’, que dá a conhecer ao mundo nomes, jogadores e estádios que não eram tão conhecidos assim. Um Málaga que está ao nível do Mónaco de Leonardo Jardim ou da Atalanta de Gasperini. Equipas com pouca reputação, mas que demonstraram um futebol ofensivo, corajoso e uma solidez defensiva fantástica.

É uma pena que o Málaga tenha caído a pique. Um clube histórico, com um estádio mítico e uma região apaixonada por futebol. Mas o futebol tem destas coisas. Seria bonito ver o Málaga reerguer-se e de volta ao escalão primário do futebol espanhol.

Por agora fica esta história do Málaga contada na temporada 2012/2013. Uma história chamada futebol. E que bom que é o futebol.

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