Já com décadas da prática da modalidade em Portugal, 2007 foi um dos anos mais consagrados da mesma para o país. Nesse mesmo ano, a seleção portuguesa de basquetebol conseguiu o inédito, até à data, e primeiro apuramento para o EuroBasket. A 35.ª edição do Campeonato da Europa de Basquetebol teve lugar em Espanha, repartindo a realização dos jogos de cada grupo por Granada, Sevilha, Palma de Maiorca, Alicante e Madrid.
Ninguém acreditava na equipa portuguesa, nem na sua classificação para a prova e, muito menos, na capacidade para avançar após a fase de grupos. João Santos, capitão da seleção nesse ano, chegou mesmo a dizer que tratavam a equipa como “uns coitadinhos” e “uns extraterrestres”.
Nesses anos, o basquetebol português estava em declínio. Os jogadores abandonavam os clubes, pois não conseguiam ver uma boa prospetiva para a carreira em território nacional, tendo muitos deles emigrado. Os salários em atraso e as más condições oferecidas pelos clubes levaram a esta imensa crise. Foram estas razões que levaram a que fosse quase impossível acreditar numa boa performance portuguesa numa competição de tão alto nível.
Portugal alcançou a qualificação para o EuroBasket, pela primeira vez, após uma vitória por 69-49 frente à seleção de Israel e com ajuda da derrota da Macedónia frente à Bósnia por 75-72. Falamos de uma equipa que contava com Miguel Minhava, Rui Mota, José Costa, Paulo Cunha, Francisco Jordão, Filipe da Silva, Carlos Andrade, Jorge Coelho, Paulo Simão, Elvis Évora, João Santos e Miguel Miranda. Estes são os nomes dos heróis que conseguiram a, até à altura, inédita qualificação para o Campeonato Europeu de Basquetebol.
Portugal venceu Israel e com a combinação de resultados acabou por garantir um lugar no EuroBasket de 2007 (Fonte: FPB)
Na fase de grupos, a seleção portuguesa não teve um sorteio fácil. Inseridos no grupo B, a par da Espanha, da Croácia e da Letónia, Portugal conseguiu passar à segunda fase apenas pela diferença entre os pontos marcados e sofridos. O embate contra a Letónia foi decisivo para apurar os portugueses e foi a vitória por 77-67 que definiu isso mesmo.
Já na segunda fase, Portugal não teve a mesma “estrelinha de campeão”. O grupo já era maior e definia a passagem para os quartos-de-final da competição. O grupo envolvia a Croácia e Espanha (que já tinham feito parte do grupo da seleção portuguesa na fase anterior), a Rússia, a Grécia e Israel. A caminhada ficou por aqui.
Desafiaram todas as probabilidades, pois as mesmas jogavam contra eles. Os comandados de Valentyn Melnychuk, o treinador ucraniano que estava à frente da seleção portuguesa, fizeram tudo o que podiam e tudo o que os outros nem sonhavam, para conseguirem esta tão desejada qualificação. Insatisfeitos com “apenas isso,” foram ainda mais além ao ultrapassar a fase de grupos. Os “heróis de 2007” representaram Portugal no seu pleno e obtiveram este feito histórico que deve ser sempre relembrado.
Foto de Capa: FIBA
Artigo revisto por Inês Vieira Brandão