Regresso a Casa | Honrar a verde e branca

    O Regresso a Casa é uma rubrica na qual os antigos redatores voltam a um lugar que bem conhecem e recordam os seus tempos remotos, escrevendo sobre assuntos atuais.

    Nunca fui fã do Tottenham Hotspur FC, nem nunca vi jogar Graham Roberts, mas uma frase sua vai guiar este meu regresso às páginas do Bola na Rede e à escrita sobre o Sporting CP: «The crest on the front of the shirt will always be bigger than any name on the back

    Eu vou sempre defender que os adeptos são os intervenientes mais importantes do futebol, porque são os que mais vibram e mais sofrem. Aliás, estamos a ver, atualmente, a enormíssima falta que as bancadas povoadas fazem ao desporto-rei.

    Serve isto também para dizer que sou contra a direção que o Sporting Clube de Portugal tem seguido de há dois anos para cá, e desejo todos os dias que volte a um trilho que orgulhe os adeptos. Contudo, para lá voltarmos, é absolutamente nuclear que toda a gente no clube tenha a frase de Graham Roberts como lema. É necessário que todos canalizem o seu esforço, dedicação e devoção para que o clube, acima de tudo, chegue à glória.

    Pelo contrário, a procura da glória individual e do enriquecimento à custa do clube é o que nos tem custado mais caro e nos tem feito estar muito mal nos últimos tempos. Basta olhar para a dupla jornada com que terminou a Liga 2017/18 e estudar o caso da Academia e das seguintes rescisões de muita gente que decidiu olhar mais para o nome atrás da camisola, em vez de defender o símbolo que levavam à frente. Na minha opinião, esses dois jogos e o que aconteceu a seguir foram um único caso, prolongado por vários episódios e desenhado por pessoas que ainda hoje não foram ligadas ao que sucedeu. Por isso, destaco dois nomes que devem ficar no Sporting CP e que podem ser muito importantes para o futuro imediato: Sebastián Coates e Jérémy Mathieu.

    A alma de Mathieu numa das melhores exibições que alguma vez vi de um jogador do Sporting CP
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Podia colocar Marcos Acuña neste lote, mas não o incluo por duas razões: em primeiro lugar, porque acho que vai sair no final da época e, em segundo lugar, porque o seu sangue quente não lhe permite ser um líder, mas sim um dos melhores operários e defensores do nosso símbolo. Contudo, os dois centrais continuarão a ter um papel fulcral – o de lutar pelo clube e o de guiar os vários jovens que poderão vir a entrar na equipa durante o final desta época e o início da próxima. Luís Maximiano, Eduardo Quaresma e Nuno Mendes são apenas três exemplos de jogadores que alinham em zonas próximas dos dois generais, e que poderão ter muito a aprender dessa ligação. Falo tanto dentro das quatro linhas, como também fora delas. Curiosamente, e fugindo num instante ao assunto, todos eles já estavam naquela formação antes de maio de 2018, contrariando a tese da “herança pesada” mal vendida por Varandas e seus pares.

    Os dois capitães, que, muito orgulhosamente, ostentam a braçadeira do leão, foram dos poucos a não virar as costas ao clube, apesar de também terem família para cuidar e terem tido a hipótese de seguir o caminho fácil que foi trilhado por aqueles que, infelizmente, utilizavam a braçadeira. Espero que fiquem connosco e que  ensinem isso a todos os rapazes que entrarem na equipa, para que eles, no futuro, possam orgulhar os adeptos do Sporting CP, que estão tão sedentos de referências, depois da enorme desilusão que reina desde maio de 2018 neste enorme clube.

    Que se recupere o ânimo, o orgulho e a alegria de vestir a verde e branca, com o leão rampante ao peito, a caminho de nossa casa, o estádio, todos os fins de semana. E desejo fortemente que estes rapazes, que por estes dias chegam à equipa principal, percebam que apenas serão grandes “em casa” se respeitarem sempre o símbolo que levam à frente do coração. Porque a verdade é que alguns forçam a saída do Sporting CP, e depois fazem tudo para voltar à casa de partida, quando provam lá fora que não são os jogadores que pensavam ser.

    Artigo revisto por Mariana Plácido

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    Diogo Janeiro Oliveira
    Diogo Janeiro Oliveira
    Apaixonado por futebol, antes dos livros da escola primária já lia jornais desportivos. Seja nas tardes intermináveis a jogar, nas horas passadas no FIFA ou a ver jogos, o futebol está sempre presente. Snooker, futsal e andebol são outras paixões. Em Portugal torce pelo Sporting; lá fora é o Barcelona que lhe enche as medidas. Também sonha ver o Farense de volta à primeira…                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.