Portugal, e mais concretamente a Primeira Liga Portuguesa, são um viveiro de talentos no que ao futebol diz respeito. Todos os anos são vários os jogadores que ascendem ao futebol profissional e ganham bastante notoriedade, fruto da sua qualidade e da capacidade formativa dos clubes portugueses.
No entanto, Portugal é também a porta de entrada para diversos jogadores estrangeiros, que escolhem o nosso país para crescerem e cimentarem-se no panorama do futebol europeu.
Outros, independentemente da nacionalidade, aproveitam a estadia no nosso país para realizarem as épocas das suas vidas, atingindo níveis nunca antes alcançados. Muitos foram aqueles (em particular, os homens-golo) que ao longo dos últimos anos foram marcando gerações de adeptos.
Pelos títulos, pela relação especial com os adeptos e pelos muitos golos apontados, a lista de avançados com um papel determinante e inesquecível no futebol português é infindável. Segue a lista, com vários “esquecimentos”, dos 10 que mais se destacaram nos últimos 24 anos de Primeira Liga.
10.
Mehdi Taremi – Foi no Rio Ave, com Carlos Carvalhal, que o iraniano começou a mostrar toda a sua apetência para marcar golos. Desconhecido para a grande maioria dos adeptos portugueses, Mehdi Taremi não demorou a centrar em si muita atenção. Com 21 golos em 37 jogos pelo clube de Vila do Conde, na sua época de estreia no futebol europeu, Taremi despertou o interesse do FC Porto. Os Dragões pagaram menos de cinco milhões de euros, acabando por se revelar um dos melhores negócios dos azuis e brancos nos últimos tempos. No Porto, em quase quatro épocas concluídas, Taremi adicionou ao seu “currículo” 176 jogos, 88 golos e 44 assistências. Foi o melhor marcador da Primeira Liga na temporada transata.
Junta ainda ao seu palmarés, para já, uma Primeira Liga, duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
9.
Lisandro López – Esteve quatro épocas no FC Porto (de 2005 a 2009), proveniente do Racing Club, da Argentina. Dotado de uma qualidade técnica bastante acima da média, Lisandro conquistou o coração dos portistas com extrema facilidade. Autor de 63 golos e 17 assistências em 150 jogos, o argentino fez parte de alguns dos plantéis mais memoráveis dos Dragões, no início do século. Prova disso é o facto de ter vencido sempre o Campeonato enquanto cá esteve. Conta ainda com duas Taças de Portugal e uma Supertaça no palmarés. Em 2007/08, venceu os prémios de melhor marcador e melhor jogador da Primeira Liga.
8.
Lima – Lima teve um percurso, em certa parte, semelhante ao de Mehdi Taremi. O brasileiro chegou a Portugal como um desconhecido, vindo de uma época pouco produtiva ao serviço do Avaí (no Brasileirão), para vestir a camisola do Belenenses. O impacto foi de tal ordem interessante que lhe valeu uma transferência para o Braga. Nos gverreiros, voltou a mostrar que era jogador para mais (em 2011/12 foi o melhor marcador da Primeira Liga) e o Benfica não ficou indiferente às qualidades brasileiro. Foi nas águias que viveu os melhores momentos da carreira enquanto jogador e ainda hoje é utilizado como um dos melhores exemplos de aposta do Benfica no mercado interno. Conquistou dois Campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Taças da Liga e uma Supertaça. Ao todo, em Portugal, Lima apontou 122 golos e 30 assistências em 274 jogos. Foi o autor de um dos golos mais icónicos da Primeira Liga neste século, num dérbi contra o Sporting.
7.
Liedson – A passagem de Liedson pelo futebol português tem de ser, naturalmente, dividida em duas partes bastante distintas. A primeira, e mais impactante, foi a de 2003 a 2010, ao serviço do Sporting. O Levezinho, como era carinhosamente apelidado, chegou ao futebol nacional depois de uma época positiva ao serviço do Corinthians. Por cá, embora não tenha conquistado tudo aquilo que o seu futebol merecia, marcou uma geração de adeptos leoninos, sobretudo pelos muitos golos apontados de leão ao peito. No total, em 323 jogos, o luso-brasileiro apontou 172 golos e 40 assistências. Nos leões, venceu duas Supertaças e duas Taças de Portugal. Na segunda passagem por Portugal, ao serviço do rival FC Porto, Liedson contribuiu apenas com uma assistência em sete jogos realizados, mas, por ironia do destino ou não, talvez tenha sido a assistência mais saborosa da sua carreira. O Levezinho fez o passe para Kelvin marcar o golo do título portista em 2012/2013, aos 92 minutos, contra o Benfica.
6.
Jackson Martínez – Chegou ao FC Porto com a missão de substituir Radamel Falcao, que havia tido uma passagem extraordinária pelos Dragões. A tarefa era difícil, mas desde cedo que o colombiano mostrou estar perfeitamente à altura. Durante os três anos de azul e branco, Jackson foi sempre o melhor marcador do Campeonato e marcou a sua passagem pelo nosso país com belíssimos golos. Após sair do FC Porto, Martínez foi bastante fustigado por lesões e não conseguiu atingir patamares equivalentes às suas qualidades. Voltou em 2018/19 para representar o Portimonense, numa fase difícil da carreira do ponto de vista físico. Ao todo, apontou 104 golos em 190 jogos de Primeira Liga Portuguesa.
5.
Óscar Cardozo – Falar de Cardozo é falar do melhor marcador estrangeiro da história do Benfica. O paraguaio chegou em 2007, numa fase complicada da história encarnada, e veio a tornar-se numa das maiores figuras das águias. Dono de um pé esquerdo potente e de uma incontornável aptidão para ferir as balizas contrárias, Tacuara virou ídolo no seio da família benfiquista (com direito a música e tudo), até porque não se escondia nos jogos contra os rivais. Foram 172 golos distribuídos por sete temporadas. Conquistou dois Campeonatos, uma Taça de Portugal e cinco Taças da Liga. Foi por uma vez (2009/10) o melhor marcador da Primeira Liga.
4.
Viktor Gyokeres – Nem uma época completa de futebol português, mas é impossível não adicionar o sueco a esta lista restrita. Revolucionou por completo o ataque dos leões e a verdade é que se tem assumido como a grande figura deste Sporting 2023/24, a caminho do título nacional. São 36 golos e 14 assistências em 44 jogos – números absurdos para um jogador que antes da sua chegada a Portugal era outro desconhecido para a grande maioria dos adeptos portugueses.
3.
Mário Jardel – Foi nos anos 90 que Mário Jardel viveu os seus anos de ouro, mas o brasileiro ainda foi a tempo de brilhar, já neste século, no Campeonato Português. Depois de fazer a diferença no FC Porto e de encantar os adeptos do Galatasaray, na Turquia, o Super Mário seguiu a carreira no Sporting. Decorria o ano de 2001, Laszlo Boloni era o técnico dos leões e tinha a sorte de contar o artilheiro natural de Fortaleza no seu plantel. O Sporting foi campeão, venceu a Taça de Portugal e muito se deveu aos golos de Mário Jardel. No total, foram 55 em apenas 42 jogos. Há quem diga que foi realmente a melhor época da sua carreira. Conhecido pelo seu jogo de cabeça irrepreensível, Jardel era um ‘monstro’ temível na grande área dos adversários e os números não enganam. Ao todo, no futebol português, o Super Mário festejou golos seus por 239 vezes, entre Porto, Sporting e Beira-Mar.
2.
Radamel Falcao – Já tinha sido mencionado o nome de ‘El Tigre’, pelo que não é novidade nenhuma aparecer nesta lista. Falcao, que até foi inicialmente apontado como possível reforço do Benfica, foi do mais incrível que já se viu em Portugal, mas por estranho que possa parecer nunca foi o melhor marcador de uma edição do Campeonato Português. No entanto, o colombiano é a par de Aubameyang o melhor marcador de sempre da Liga Europa. Aliás, nunca nos esqueceremos da campanha europeia dos Dragões em 2010/11, com André Villas-Boas no comando técnico, na qual Falcao foi destruindo por completo os adversários que lhe iam aparecendo na frente. Pelo FC Porto, foram 72 golos e 14 assistências em 87 partidas realizadas. Venceu ainda por duas vezes a Primeira Liga, duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
1.
Jonas – Foi, em tempos, considerado o pior avançado do mundo, quando ainda jogava no Brasil. Em Espanha, ao serviço do Valencia, ainda conseguiu ter alguns números interessantes, mas os anos de ouro do talentoso avançado brasileiro estavam reservados para a sua experiência em Portugal. Dispensado pelo clube espanhol, Jonas chegou a custo zero às águias e assinou contrato por dois anos. Acabaria por ficar mais três do que o previsto e o resto… é história. 137 golos, 36 assistências e nove títulos pelo Benfica. Quando as coisas estavam difíceis para o clube da Luz, era Jonas quem resolvia. Quando o Benfica parecia condenado a um resultado negativo, era Jonas quem aparecia. Nenhum benfiquista esquecerá o golo no Bessa, mesmo ao cair do pano. O brasileiro fartou-se de nos mostrar que um avançado vale muito mais do que os golos que marca (e ele até marcou muitos). Jonas foi classe da cabeça aos pés e, por isso, é um nome incontornável na história das águias. Aliás, a verdade é que desde a sua saída o Benfica tem sentido imensas dificuldades para encontrar um nome que gere tanto consenso entre os adeptos como acontecia com Jonas. Houve Darwin, é verdade, mas não foi a mesma coisa.
