O futebol português vai muito além dos três grandes. Ano após ano, existem jogadores que se destacam fora dos eternos candidatos ao título e que despertam o interesse. Na história do futebol português, muitos jogadores que brilharam em clubes de segunda linha deram o salto para um grande e foram bem sucedidos. Porém, também já houve muitos outros que fracassaram ao dar o salto, principalmente após a Lei de Bosman que, para além de ter causado uma revolução no mercado, também acabou com a limitação de jogadores estrangeiros nos clubes portugueses. Muitas questões pairam quando um jogador com provas dadas no futebol português não consegue vingar num grande, não sendo capaz de dar o passo seguinte na sua carreira. E, na verdade, existem vários factores que levam os jogadores a não se conseguirem impor.
Uma coisa que é preciso entender, é que no nosso futebol existem alguns jogadores que são talhados para clubes pequenos. E isto porquê? Porque as características desses jogadores não encaixam no futebol praticado pelos três grandes. Mas, antes de chegar a essa parte, irei referir alguns exemplos.
Começando na baliza, com o brasileiro Marcelo Moretto, que assumiu a titularidade na equipa do Vitória FC, já numa fase avançada da época 2004/2005, sendo decisivo na conquista da terceira Taça de Portugal para o clube sadino. Na época seguinte, estava a ser o dono da baliza menos batida da liga (apenas 4 golos sofridos até à 16ª jornada), despertando a cobiça do SL Benfica e do FC Porto. Acabaria por ser o, então, campeão nacional a levar a melhor na disputa pelo guardião brasileiro. Moretto destacava-se pelos reflexos apurados, pela enorme elasticidade e pelo exímio jogo de pés, assumindo a titularidade na equipa encarnada. Porém, Moretto de águia ao peito, alternou exibições de grande nível com erros de palmatória que custaram pontos aos encarnados. A questão aqui é que os ditos guarda-redes de clubes pequenos, são guarda-redes que se sentem mais confortáveis quando estão sob pressão constante, ou seja, quando têm mais trabalho. Porque quando o adversário da sua equipa ataca muito, o guarda-redes é mais vezes chamado a intervir e, como tal, está mais atento e concentrado. Os guarda-redes das equipas de segunda linha, ou que lutam pela manutenção, sobressaem, muitas vezes, em jogos em que são constantemente chamados a intervir mas, em contrapartida, têm mais tendência para sofrer golos em jogos em que têm pouco trabalho, porque estão menos concentrados e abordam os lances de forma mais desleixada. Creio que foi isso que levou Moretto a fracassar no Benfica. Outro exemplo foi o de Marcelo Boeck no Sporting CP que, apesar de ter sido o eterno suplente de Rui Patrício, também cometeu algumas fífias nas poucas oportunidades que teve.
Foto de Capa: FC Porto