Estando já concluído um terço da Liga Portuguesa 2025/26, é tempo de fazer um balanço dos argumentos que os principais candidatos ao título deram até agora e qual a sua posição em termos de favoritismo. Um balanço que nunca deixa de fora as surpresas e as deceções até ao momento.
Até ao momento, o FC Porto demonstra ser o favorito à conquista do título de campeão nacional. Os dragões até ao momento têm sido extremamente regulares nos resultados, invicto, perdeu pontos apenas num jogo (clássico contra o Benfica em casa) e tem praticado um futebol atrativo, além de ter subido muito da anterior para a atual época. A vinda de Francesco Farioli lavou a cara do dragão e reconduziu-o a um caminho de luta entrega pelo trono do futebol português.
A implementação de um sistema tático bem trabalhado e com opções de jogadores (muitos deles contratados, destacando Froholdt, Borja Sainz ou Bednarek, outros já dragões há mais tempo como Diogo Costa, Pepê ou Alan Varela) que jogam na sua posição ideal e que dão o seu melhor. Um cenário que faz estes dragões libertar o seu melhor, além da “fome de ganhar” que já se verificou em diversos jogos e que muito faltou na época passada aos portistas.


Tendo o estatuto de campeão e mantendo uma postura dominadora, o Sporting mostra claramente argumentos para revalidar o título e conquistar o tri que foge desde 1953. Nota-se muito pouco a ausência de quem saiu (Gyokeres ou Harder), muito mais se nota quem entrou e tem capacidades para acrescentar ao coletivo leonino (Luis Suárez ou Fotis Ioannidis ). Além de manter a espinha dorsal de quem venceu os últimos dois campeonatos (Pedro Gonçalves, Francisco Trincão, Morten Hjulmand e Gonçalo Inácio). Só não é um destacado favorito porque não ocupa o topo da tabela, por algumas vezes viu fugir vantagens em jogos que eram para as manter e já foi derrotado por um rival e pretendente fortíssimo em casa, mas continua claramente entre os candidatos. A não ser que aconteçam surpresas até ao fim da primeira volta e no começo da segunda, o Sporting será o grande obstáculo do FC Porto na corrida pelo campeonato que foge desde 2022.


É claramente precoce colocar o Benfica num segundo plano em termos de competitividade pelo primeiro lugar e luta pelo título até final. Desde logo, porque se trata do clube que teve vida mais difícil em termos de fatores internos, nomeadamente um mercado de transferências com lacunas e a mudança de treinador, o que dificultou ao coletivo ter estabilidade e as melhores opções para poder competir ao mais alto nível. Mas quem tem um treinador com um percurso invejável e com uma experiência que será uma mais-valia para um conjunto tão jovem, além de ter dos melhores jogadores da Liga Portuguesa em algumas posições (Ríos, Otamendi ou Pavlidis), tem logicamente argumentos para se manter dentro da corrida. O Benfica ainda não foi derrotado na atual competição e apostando num estilo que vá sendo trabalhado com regularidade. Além de aproveitar ao máximo os seus recursos, os encarnados podem partir para uma grande série de bons resultados que colocará mais e mais pressão nos dois rivais.


Destaques ainda para equipas como Gil Vicente, FC Famalicão e Moreirense FC, nomeadamente a equipa orientada por César Peixoto. Uma equipa que procura equilibrar alguma solidez defensiva com uma vontade de atacar impressionante, ficando para já marcadas as vitórias em Braga (1-0), no Ribatejo frente ao Alverca (4-0) e uma veia dominante na Luz que quase não deu em derrota (1-2). É sempre uma delícia para os adeptos de futebol de um país observar equipas competentes e que jogam um futebol agradável.


Entre as desilusões, há espaço para dois destaques e duas notas. O Sporting Clube de Braga é a principal desilusão, pois já ter desperdiçado tantos pontos até esta altura e contra adversários mais modestos (AFS, Rio Ave, Gil Vicente e CD Nacional), deixa a equipa de Carlos Vicens claramente abaixo do que se esperava no início. A outra é o Santa Clara, que está com resultados muito dececionantes (seis derrotas em 11 jogos) para um conjunto que o ano passado conseguiu a proeza de um lugar nas competições europeias.


As duas notas vão para o Vitória Sport Clube e para o Rio Ave. Os vimaranenses, apesar de estarem a ter um percurso razoável e terem tudo para ir mantendo uma regularidade ao longo da Liga, estão ainda atrás em termos de resultados e das próprias exibições de adversários que em teoria seriam menos poderosos. Isto deixa um alerta em Guimarães para uma subida de rendimento obrigatório se o objetivo é a Europa do futebol. Já os vila-condenses pareciam ter mais argumentos em termos de plantel para alcançar melhores resultados do que os verificados até ao momento (apenas duas vitórias em onze partidas disputadas). No entanto, ainda é cedo para uma sentença final e há sempre espaço para melhorias, embora pareça que o Rio Ave se fique pela luta pela permanência no principal escalão do futebol português.


Para terminar, fica claramente a ideia de que pouco vale um rótulo de favoritismo ou desilusão nesta altura, visto que o que importa é como termina e não como começa, apesar de começar bem ser importantíssimo. Como diz o ditado popular, “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.

