Com a época a findar e apenas uma viagem de um só dia à China a faltar para terminar o World Tour, somente 5,67 pontos separam Marianne Vos e Annemiek van Vleuten na luta pela vitória do ranking final da competição e por algo mais que ajude a decidir quem foi a melhor ciclista do ano de 2019.
Vleuten não estará presente, mas Vos liderará a CCC numa corrida que parece feita ao seu jeito e para a qual é uma das principais favoritas à vitória, podendo assim conquistar a prestigiada camisola roxa de vencedora do World Tour. No entanto, com 200 pontos a aguardar a vencedora em Guangxi, uma terceira holandesa também teria hipóteses matemáticas de chegar ao primeiro lugar final, Lorena Wiebes.
O problema é que atravessar o globo por somente um dia de corrida não é propriamente proveitoso e, por isso, a Parkhotel Valkenburg, equipa de Wiebes, não fará essa deslocação, tendo terminado a sua época no GP Bruno Beghelli.
De qualquer modo, mesmo que Vos confirme o favoritismo e aproveite a prova chinesa para alcançar esse importante feito, tal não resolve o dilema sobre qual das duas (ou três) foi a melhor do ano.
No início da temporada, já se esperava uma semelhante luta holandesa pela distinção, mas contava-se que fosse van Vleuten a discuti-la com van der Breggen e, possivelmente, Vos como terceira opção. Assim, não foi. Vleuten esteve ao nível esperado, mas Vos voltou a ser dominadora de há algumas épocas e Wiebes afirmou-se mais rapidamente que o esperado.
Campeã do Mundo de fundo, Annemiek van Vleuten teve mais uma temporada de excelência, repetindo o triunfo do Giro Rosa (e desta vez contra melhor concorrência) e juntando a camisola arco-íris, a Strade Bianche e a Liège-Bastogne-Liège ao seu enorme palmarés, além do título nacional de crono. Contudo, perdeu de forma espetacular o título mundial do esforço individual e foi incapaz de repetir a quantidade soberba de triunfos alcançados em 2018.
Marianne Vos regressou ao topo do ciclismo. Imparável de 2010 a 2014, sucederam-se anos menos positivos, mas a agora líder da CCC – Liv está de novo a fazer história. Das suas impressionantes vitórias, destacam-se as quatro etapas do Giro Rosa que cimentam ainda mais a sua posição de recordista absoluta na prova, o retorno ao primeiro posto na La Course (onde havia ganho a primeira edição em 2014), o quarto título do Alfredo Binda e a terceira vitória consecutiva no Tour of Norway. Mas, o que mais marcou foi a superioridade que sempre apresentou nas provas ao seu jeito.
Finalmente, Wiebes somou vitória atrás de vitória e assumiu-se como a força a ter em conta no sprint do ciclismo feminino. Os Jogos Europeus e os Campeonatos Nacionais são conquistas de grande envergadura e a RideLondon Classique também lhe fica bem no CV (ainda que com polémica). A forma como dominou em Chongming Island foi uma obra prima e as 15 vitórias que conta no final da temporada dizem tudo sobre o quão bem sucedida esta foi.
É discutível qual das três foi a melhor do ano, mas os resultados de qualquer uma são impressionantes e, por isso, aqui fica a lista das vitórias da cada uma.
Annemiek van Vleuten: Strade Bianche; Liège-Bastogne-Liège; ITT dos Campeonatos Nacionais dos Países Baixos; duas etapas, Geral, Pontos e Montanha do Giro Rosa; etapa do Boels Ladies Tour; RR dos Campeonatos do Mundo
Marianne Vos: Trofeo Alfredo Binda; etapa e Geral do Tour de Yorkshire; etapa do Women’s Tour; quatro etapas do Giro Rosa; La Course; três etapas e Geral do Tour of Norway; cinco etapas, Geral e Pontos do Tour de l’Ardèche
Lorena Wiebes: Danilith Koerse; Juventude do Healthy Aging Tour; Omloop van Borsele; etapa no Tour de Yorkshire; três etapas, Geral, Pontos e Juventude no Tour of Chongming Island; Flanders Diamond Tour; RR dos Jogos Europeus; RR dos Campeonatos Nacionais dos Países Baixos; etapa e Pontos do BeNe Ladies Tour; RideLondon Classique; etapa e Juventude do Tour of Norway; duas etapas, Pontos e Juventude do Boels Ladies Tour
Foto de Capa: Giro Rosa
Revisto por: Jorge Neves