O Real Madrid foi ao Cívitas Metropolitano enfrentar o Atlético de Madrid, levando um relativo favoritismo para o encontro.
Club Atlético de Madrid e Real Madrid CF enfrentaram-se para a sexta jornada da La Liga, ainda na ressaca da jornada europeia, numa semana triste para o jornalismo espanhol, depois do falecimento de Pepe Domingo. Os dois clubes vinham de realidades um pouco distintas, já que os merengues arrancaram a sua campanha com o pé direito, enquanto que os colchoneros procuravam chegar mais perto do topo da tabela.
Apesar de o duelo ter sido no Cívitas Metropolitano, o favoritismo dado ao Real Madrid era coerente e fazia sentido. Tinha (e tem) melhor equipa, menos baixas e apresentou-se em melhor forma. Porém, o Atlético de Madrid venceu por três bolas a uma, com o encontro tático entre treinadores a ser ganho por Diego Simeone. A equipa da casa arrancou de forma perfeita as duas partes do encontro, com Álvaro Morata a ser protagonista (golos aos 4’ e 46’), obrigando os merengues a ter de assumir o jogo e a desgastar mais os seus atletas, tal e qual como pretendia a equipa técnica da turma da casa. Não deixa de ser irónico que o avançado formado na Cidade Desportiva de Valdebebas tenha sido o herói do jogo.
O Atlético de Madrid venceu este jogo de uma forma justa e incontestável, mesmo tendo tido menos posse de bola e menos oportunidades que consideramos como muito perigosas, porém, à diferença do rival, tinha um ponta de lança com capacidade de fazer a diferença. Por muito que Morata seja criticado, é um ponta de lança puro e isso foi o que faltou ao Real Madrid neste encontro, embora Joselu tenha entrado ao intervalo, passando ao lado do jogo.
Este encontro era uma das provas decisivas para comprovar a falta que faz Karim Benzema ao Real Madrid. A situação em que os merengues se colocaram era inimaginável no final da La Liga 2022/23. O francês rumou ao Al Ittihad FC e deixou a posição de 9 órfão de um nome potente.
Joselu chegou ao Santiago Bernábeu, com a intenção de ser o suplente de um nome maior, nunca para ser o avançado centro protagonista, porque nunca teve registos para tal, apesar de ter passado por boas fases na carreira e ter sido um dos únicos pontos positivos do RCD Espanyol de 2022/23.
Nesta partida, Ancelotti optou por colocar um ataque muito móvel, com Rodrygo como principal referência (se temos de indicar uma, já que se moveu muito pelas linhas) e com Bellingham e Valverde muito próximos dele, embora os dois possuíssem muita liberdade em campo. A ideia tinha uma boa intenção, mas o primeiro golo de Morata acabou por afetar totalmente a partida e o segundo tento do Atlético de Madrid (por Griezmann, aos 18’) desfez qualquer tipo de estratégia que existia e que acabou por ser alterada no intervalo.
Quando falamos em Real Madrid, sempre nos vêm à mente goleadores como Raúl, Ronaldo ou Benzema e essa referência encontra-se em falta neste momento, podendo esse aspeto ser fundamental para justificar um possível insucesso da temporada dos merengues. A lesão de Vinícius Júnior complicou a situação. Um ataque Rodrygo-Vinícius podia ser suficiente para a maioria dos jogos, mas Ancelotti ainda não teve tempo para treinar essa alternativa, que certamente acabará por colocar em campo, já que o atleta formado no CR Flamengo está praticamente a 100%.
À sexta jornada, o FC Barcelona conta com 16 golos, cinco a mais do que o seu maior rival. Qual o principal motivo? Contam com um ponta de lança puro, dos melhores que existem na atualidade. O Real Madrid não conta com nenhum Robert Lewandowski, embora consiga ter muitos elementos que o pudessem acompanhar, algo que os catalães também possuem e esta é uma das diferenças entre as duas equipas.
Os golos de Jude Bellingham maquilharam esta situação, mas o inglês não é um avançado e está a ser transformado num médio (ainda mais) ofensivo, que é o mais alto que poderá atuar em terreno de jogo, sendo um dos melhores do mundo nesse posto. Pode ser um elemento vital no momento ofensivo, mas nunca o finalizador de uma equipa, muito menos da grandeza do Real Madrid, que quer vencer 100% dos jogos e levantar todos os troféus. O máximo que pode augurar é ser fundamental no movimento atacante, mas não um ‘9’, porque não possui as caraterísticas especificas para tal.
Ainda que ninguém tenha assumido, o mundo do futebol entende e sabe que o alvo de Florentino Pérez é Kylian Mbappé e que não se importa de esperar mais um ano pelo jogador que quer transformar em bandeira do Real Madrid para a próxima década. O problema é que o francês está no Paris SG e enquanto isso a equipa que dirige perde golos e não ganha pontos porque lhe falta um ponta de lança totalmente decisivo e que seja capaz de vencer jogos, que era obrigatório ter neste domingo.
Os blancos não sofrem de falta de capital e podiam ter conseguido um nome forte, diferenciador e que vendesse camisolas (por vezes parece o mais importante para o presidente do Real Madrid), durante o verão passado. Harry Kane está a manter a sua veia goleadora no FC Bayern, algo que poderia ter conseguido fazer em Espanha. Osimhen está a ser um dos melhores elementos de um SSC Napoli que não é de todo o mesmo de 2022/23. Até mesmo Lautaro Martínez deveria ter sido abordado, porque é absolutamente decisivo na Serie A. Todos estes nomes seriam mais baratos do que o valor de Mbappé no verão de 2023 e mais que suficientes para o nome de Benzema fosse esquecido, pelo menos na maioria das partidas do Real Madrid.
Com um nome deste quilate no onze titular, a ‘obrigação’ ofensiva de todos os elementos do Real Madrid baixaria e permitiria um outro tipo de movimentos, pese o elemento mais fixo que passaria a existir. Até mesmo Joselu sairia a ganhar, porque está talhado para entrar nos últimos momentos, sem tanta responsabilidade sobre os seus ombros.
Joselu esteve 45 minutos em jogo e não conseguiu marcar nenhum golo, nem aproveitar qualquer oportunidade. Ainda há dúvidas que Benzema faz falta? Valerá a pena o Real Madrid passar por esta situação até ao verão de 2023, sem a total segurança de que Mbappé irá vestir de branco?