A Fórmula 1 imprevisível, cheia de incógnitas, acontecimentos inesperados, reviravoltas de arrepiar e corridas alucinantes está de volta. Pelo menos esteve, este domingo, no Grande Prémio da Hungria. O circuito de Hungaroring é conhecido por dificultar as ultrapassagens, mas os pilotos quiseram provar o contrário e arriscar intensamente. Uma corrida cheia de imprevistos e incidentes mas que foi, sem sombra de dúvida, a melhor do campeonato até agora. Na qualificação, nada de anormal. Lewis Hamilton voltava a sair da primeira posição com o colega de equipa Nico Rosberg ao seu lado. Mas os Mercedes voltaram a mostrar algumas susceptibilidades no arranque: Sebastian Vettel – que partira da segunda linha – conseguiu um arranque canhão e colocou-se na liderança da prova, seguido de imediato pelo outro Ferrari, Raikkonen. A primeira volta foi um pesadelo para a Mercedes: depois de perderem o comando do GP, a equipa teve de lidar com a saída de pista de Lewis Hamilton. Apesar de ter conseguido evitar as barreiras, o inglês voltou à pista para ocupar um modesto 10º lugar. E, como não podia deixar de ser, culpou Rosberg pelo seu despiste…
Por esta altura, Rosberg pressionava os dois Ferrari e Hamilton começava a sua subida vertiginosa pela classificação. Aceleração que se provaria gorada: quando o inglês estava já em quarto e a ganhar mais de 1s por volta ao colega de equipa, entrou o safety-car. O Force India de Hulkenberg desintegrou-se no fim da recta da meta (os veículos da dupla Hulkenberg/Perez voltam a mostrar pouca segurança e qualidade dos materiais) e obrigou os pilotos à velocidade controlada. Quando o safety-car saiu de pista, Hamilton arrancou – mais uma vez – bastante mal e tocou em Ricciardo. Depois de regressar às boxes para trocar a asa dianteira, posicionou-se em 13º lugar.
Depois de Raikkonen abandonar, com problemas no motor, Rosberg estava virtualmente na liderança do campeonato. O alemão estava na segunda posição e Lewis Hamilton rodava, surpreendentemente, fora dos pontos. Mas, como já sabemos, a corrida só termina com a bandeira de xadrez. Numa tentativa aventureira de ultrapassar Rosberg, Ricciardo provocou um toque entre os dois veículos: um dos pneus traseiros do Mercedes furou imediatamente e a asa dianteira do Red Bull ficou seriamente danificada. Quando Nico Rosberg regressou das boxes estava em oitavo lugar, atrás de Lewis Hamilton! Na Hungria, nada correu bem à Mercedes.
Ricciardo perdeu o segundo lugar para o colega de equipa, o russo Daniil Kvyat, mas assegurou o último lugar do pódio. Vettel, esse, só teve de fazer um bom arranque e controlar a corrida a partir daí. O alemão concretizou uma vitória a la Mercedes. Num fim-de-semana altamente marcado pela morte de Jules Bianchi, a Ferrari venceu e dedicou o GP ao piloto que, inevitavelmente, viria a ser parte da equipa. O hino alemão tocou quase coladinho ao italiano e é caso para dizer que as duas melodias foram feitas para estar juntas. Outrora Schumacher, agora Vettel.
Nota positiva para a McLaren, que viu Fernando Alonso conquistar a melhor posição da época: um quinto lugar. A F1 entra agora num período de férias e regressa a 23 de Agosto, para o Grande Prémio da Bélgica – ainda com Lewis Hamilton na frente da classificação. O circuito de Spa-Francorchamps é rápido, mítico, espectacular, e exige uma relação de machine over man. Em tudo favorece os pilotos da Mercedes.