José Mourinho fez o lançamento do Benfica x Rio Ave, jogo em atraso da primeira jornada da Primeira Liga. Eis o que disse o técnico.
José Mourinho já fez a antevisão ao Benfica x Rio Ave, jogo em atraso referente à primeira jornada da Primeira Liga. A partida está marcada para esta terça-feira às 20h00 no Estádio da Luz. Em conferência de imprensa, o técnico português começou por analisar o adversário, deixando vários elogios:
«Espero um adversário que é melhor do que os pontos que conquistaram até agora. Observámos o Rio Ave nos últimos jogos e, em vários jogos sobretudo os três primeiros, são muito melhor equipa do que os pontos traduzem. Vê-se perfeitamente que é uma equipa que tem treinador, organização, sabem o que querem. Têm vários bons jogadores».
«Vale o que vale mas têm 24 horas a mais do que nós para preparar o jogo. Espero um jogo difícil. Precisamos do fator casa, é uma ajuda importante. A equipa está a crescer. Do ponto de vista tático, o crescimento tem de ser gradual. Do ponto de vista emocional, uma conexão com os adeptos, em casa, pode ser uma empatia importante para defrontarmos um adversário difícil», prosseguiu José Mourinho.
José Mourinho fez revelações sobre regresso ao Benfica, ao ser questionado se tinha conversado com o clube encarnado enquanto Bruno Lage ainda era o treinador:
«Se quiserem acreditar em mim, ótimo, se não não posso fazer nada. Há a verdade de outras pessoas, mas vou repetir para que não fiquem dúvidas. No verão não tive contacto nenhum com o Benfica, com o presidente, ou agente mandatado. O diretor Mário Branco nem estava no Benfica. Eu tinha contrato com o Fenerbahçe e queria cumprir até ao final. Na minha cabeça estava longe pensar voltar a Portugal como treinador de clube. Sempre pensei que mais cedo ou mais tarde a Seleção ia acontecer, mas não tinha contacto com a Federação. Tive zero contactos com o Benfica. Há uns anos tive contactos com o Benfica mas estava a trabalhar e as coisas não proporcionaram nesse momento. Depois da entrada do diretor geral, esse tipo e conexão que tentam fazer… Para me tornar grande amigo de uma pessoa no futebol, é difícil. Se num ano nos tornámos amigos é porque do outro lado estava um profissional sério, que quando veio para o Benfica e houve 25 % de possibilidades de o Benfica jogar com o Fenerbahçe, o nosso contacto acabou. Houve zero contactos. Quando o Benfica perde com o Qarabag, eu estava em Barcelona com a minha mulher e no dia seguinte o presidente ligou-me a perguntar ‘mister, vale a pena conversarmos, gostava que viesse treinar o Benfica. Podemos conversar?’ Eu disse que sim. E acabou a história. Se quiserem acreditar em mim agradeço. Se quiserem alimentar uma história que não tem história, não posso fazer nada».
José Mourinho sublinhou «bom trabalho» de Bruno Lage e comentou primeiros tempos no Benfica:
«Está um bom trabalho feito por quem cá esteve antes. É importante que os jogadores abracem as novas ideias. Os jogadores que ficam e transitam também têm de se adaptar ao novo treinador, por isso sempre disse que íamos introduzir as coisas devagar. Tenho a sensação que estão a abraçar a minha maneira de trabalhar e de liderar. Não somos um grupo de melhores amigos, mas estamos a construir algo importante do ponto de vista humano. Do ponto de vista tático tem de ser pouco a pouco».
José Mourinho revelou a maior dificuldade até ao momento:
«A maior dificuldade é o tempo que não existe. Hoje e ontem já me libertei um pouco mais, mas os primeiros dias, se tivessem 48 horas, continuavam a ser curtos. Não é só o trabalho de campo com os jogadores. É um trabalho com uma estrutura, conhecermo-nos, trocarmos ideias, coisas que são para manter e para mudar».
José Mourinho falou sobre introduções no Benfica x AVS SAD:
«Cada jogo é um jogo. Se há 25 anos, já tínhamos uma abordagem específica para cada jogo. Não quis desvirtuar muito do que eram quanto equipa, mas havia coisas, sem criticar, que eu gosto de coisas diferentes. Foram introduzidas algumas coisas: a forma como saltamos na pressão, os movimentos de pressão, dinâmicas de posse mais estabilizada e situações de transição pós-recuperação. São conceito normais, que se o Bruno [Lage] fosse para o Fenerbahçe, de certeza que também alteraria algumas coisas. O futebol é assim mesmo».
José Mourinho abordou a dupla de Franjo Ivanovic e Vangelis Pavlidis:
«Confesso que não os senti aos dois [Ivanovic e Pavlidis] muito confortáveis a jogar num 4-4-2 flat. Pensámos dar um tipo de ocupação diferentes, que possam estar os dois confortáveis. Acho que o Sudakov também se enquadrou bem naquela dinâmica e as coisas correram melhor na segunda parte».
José Mourinho garante que ganharia mais dinheiro se tivesse ficado em casa em vez de assinar pelo Benfica:
«Se ficasse em casa até ao final a época ganhava mais do que a trabalhar no Benfica. A visitar a família, a ir para o Algarve, a dar umas voltas por aí… Nem se pode dizer que estou cá grátis, estou cá negativo. Porquê? Porque gosto muito de trabalhar, tinha saudades de jogar para o título, para aquilo que o Benfica joga. Oportunidade ótima para mim enquanto treinador e enquanto pessoa. Quero pôr-me à prova, correr riscos, estar sujeito a ganhar, perder, são coisas que me alimentam, me tiram da zona de conforto. Se ficasse em casa até junho ganhava mais do que a trabalhar no Benfica».
José Mourinho recordou visitas ao Estádio da Luz:
«Sobre a receção, fui ao Estádio da Luz várias vezes, nos momentos bons, e estive numa boxe onde estavam os pais do António Silva, do João Neves, gente tranquila. Estou familiarizado com o estádio. Aprendes as músicas, bonitas, ritmadas, com significado. Esse tem de ser o ambiente. Se calhar sou purista, mas não acredito que não haja um benfiquista que não queira ganhar, tem de haver festa no princípio, apoio durante e no final, o Benfica ou ganha, porque se não ganhar sai morto. De cansaço e por tentar. Perder como perdemos com o Qarabag, as pessoas não se reveem nisso. No fim do jogo será festa ou respeito por quem deu tudo».
José Mourinho falou sobre o balneário do Benfica e destacou Nico Otamendi:
«Isto é uma equipa de miúdos com um homem que é campeão do Mundo, que é o capitão. Há clubes onde a braçadeira não está no braço certo, já me aconteceu, mas neste caso está no braço de alguém que é verdadeiramente capitão e se assume como tal. O que me surpreendeu favoravelmente é que quem vem da formação, sejam mais velhos ou mais jovens, esta gente vem com um vocabulário… Não são palavras soltas, são palavras sentidas, vêm com escola Benfica, com responsabilidade. São miúdos que se ama, cresceram juntos. São muito fortes no balneário. Mesmo os que não têm jogado. Mando recado para a formação, tenho de lhe agradecer, é de lá que vem», referiu também.
José Mourinho foi questionado sobre a situação de Lukabakio:
«O Benfica perdeu Akturkoglu e Bruma, precisava de um ala que foi bem escolhido porque pode jogar tanto pela direita ou pela esquerda, tem uma idade e experiência equilibradas. É um jogador com grande potencial, que não estávamos à espera que pudesse jogar amanhã, estávamos a prepará-lo só para o Gil Vicente, mas esta abertura que permite que ele vá a jogo, retardámos o processo de recuperação dele para jogar amanhã. Está no banco e se tiver de ir a jogo, vai a jogo».
José Mourinho explicou por que tem a voz rouca:
«A voz (rouca) é voz de trabalho. É como o bronzeado, só na cara e nas mãos. É de estar ainda numa fase em que os assistentes têm de ir crescendo também com a equipa, tenho de ir conhecendo o Ricardo Rocha, porque não trabalhava com ele. Estou a assumir tudo em mãos por enquanto. Falo muito, mas em dois ou três dias recupero».
Quando é que o Benfica estará a jogar com as ideias de José Mourinho?
«Nunca, isto está sempre em evolução, não é uma coisa estática. A pré-época é onde se treina duas vezes ao dia, onde se constroem as bases. Mas a evolução é progressiva. Preparámos este jogo com coisas que vêm do anterior, mas o Rio Ave joga de forma diferente do AVS. Temos de nos adpatar. A empatia que estamos a criar entre nós, estão a aceitá-la muito bem e pode acelerar o processo».
José Mourinho abordou eleições do Fenerbahçe:
«As eleições passam-me ao lado, não tenho qualquer tipo de relação. Se me perguntar se estou feliz com a não reeleição, não estou. Se tivesse ganho e me perguntasse se estava feliz com a reeleição, também não estaria. A minha vida ali foi pouco tempo, com pouca intensidade, pouca empatia e pouca paixão. Pelos jogadores que lá ficaram, espero que tudo lhes corra bem».
José Mourinho falou sobre a conversa com André Villas-Boas (presidente do FC Porto) e Frederico Varandas (presidente do Sporting):
«Foi muito simples. Eles obviamente do tipo ‘muita sorte mas que acabes em segundo’ com emoji sorridente. É o normal. Se tivesse sido convidado pelo Sporting ou pelo FC Porto, honestamente não sei se teria aceite, mas com a velocidade que disse sim ao Benfica, não».
José Mourinho foi questionado sobre se já foi contactado por algum dos candidatos à presidência do Benfica:
«Não conversei nem, acho que o deva fazer. O treinador do Benfica tem o foco no Benfica, na minha nação. Os presidentes, as direções são os representantes dos milhões de adeptos dos clubes e é para esses milhões que um treinador deve trabalhar. Se me perguntar se fiquei agradado por candidatos terem proferido palavras de respeito para comigo, digo que sim. Mas estou isolado desse contexto. Quero dar o máximo cada dia, e é o presidente Rui Costa que cá está, foi ele que deu o grande passo de me convidar para trabalhar no Benfica. Eu não sou importante. Com o passar dos dias o foco é o Benfica, é o que interessa».