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É o Barcelona um sério candidato a vencer a Liga dos Campeões?

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Já lá vai mais de uma década desde que o Barcelona foi coroado Rei da Europa. Nesses tempos, o trio MSN, comandado pelo atual campeão europeu Luis Enrique, encantava o mundo. Um jovem Neymar, com 22 anos, ia correspondendo às expectativas criadas em seu redor, Luís Suárez dava os primeiros passos enquanto lenda do emblema catalão e Messi era…Messi: um tal que, durante essa temporada, contribuiu diretamente para 83 golos em 57 jogos.

Desde então, ainda que dividindo o protagonismo interno com o Real Madrid, o Barcelona não mais conseguiu, até ver, reafirmar-se no contexto internacional, sendo as épocas 2018/2019 e 2024/2025 aquelas em que os catalães chegaram mais longe na Liga dos Campeões, atingindo as meias-finais da competição.

Após alguns anos de desestabilização no seio do clube, em muito causada pela gestão danosa de Josep Maria Bartomeu – responsável, inclusive, pela deterioração da relação de Leo Messi com o emblema catalão – foi necessária uma reestruturação interna muito profunda. Como tal, os três primeiros anos de mandato de Joan Laporta serviram para “limpar a casa”, libertando alguns dos jogadores que mais sobrecarregavam a folha salarial e que não se tinham conseguido afirmar no clube. Até à temporada 2023/2024, mesmo conseguindo conquistar um campeonato pelo meio, o Barcelona procurou contratar jogadores com provas dadas nas principais ligas europeias, a custo zero ou por empréstimo, bem como abrir portas aos “miúdos” de La Masia. Exceções foram as dezenas de milhões gastas com Lewandowski, Koundé e Raphinha, que surgiram como apostas claras para o plano de reestruturação elaborado por Laporta.

Robert Lewandowki a jogar pelo Barcelona e é pretendido pelo Atlético de Madrid
Fonte: Filipe Oliveira/Bola na Rede

O período de maior desafogo financeiro do Barcelona, e onde realmente o projeto desportivo ganhou forma, começou no início da temporada transata, refletindo-se na contratação de Hansi Flick, treinador que fez parte da equipa técnica da seleção alemã vencedora do Mundial 2014, e que, na final-eight realizada em Lisboa, levou a Orelhuda para Munique. Do ponto de vista desportivo, Flick introduziu um modelo de jogo e de treino que possibilitou ao Barcelona recuperar a identidade dominadora e ganhadora, caraterizada por uma simbiose entre verticalidade e valorização da posse, ao que se lhe junta um bloco defensivo extremamente alto que procura sufocar o adversário, e que contribuiu para a obtenção de uma média de quase três golos por jogo no campeonato e na retenção de mais de 69% de posse de bola média por encontro. Esta mentalidade, não o modelo de jogo (que não tem precedente na forma de jogar do Barcelona), havia-se perdido algures no tempo.

Na época de estreia, para além de ter conduzido o Barcelona à primeira meia-final da Champions League em seis anos – não marcando presença na final por falta de sorte-, o treinador alemão conquistou tudo a nível interno: La Liga, Taça do Rei e Supertaça. No campeonato, a equipa terminou com 88 pontos, mais cinco do que os conquistados pelo Real Madrid, segundo classificado, e com 102 golos marcados em 38 jogos, mais 24 do que os conseguidos pelos comandados de Carlo Ancelotti.

Hansi Flick Barcelona
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

A apreciação do técnico de 60 anos por um futebol ofensivo refletia-se, porém, numa grande exposição defensiva, levando a equipa a sofrer, em média, um golo por jogo no campeonato. Ainda assim, importa ressalvar a alta eficiência na coordenação da última linha, forçando os adversários a estarem em posição irregular cerca de 8 vezes em cada partida, num total próximo dos 300 foras-de-jogo tirados às equipas adversárias durante toda a época.

Ademais, os culés, só pelos pés de um tridente ofensivo temível, ainda que não ao nível do trio MSN, conseguiram um total de 94 golos. Raphinha foi figura na Liga dos Campeões, e melhor marcador da prova – a par de Guirassy, do Borussia Dortmund -, ao apontar 13 golos, para além de oito assistências, em apenas 14 partidas, fora as 18 finalizações certeiras e nove assistências no campeonato. Lewandowski fez abanar as redes por 11 ocasiões em 14 encontros na prova milionária, ao qual juntou mais 27 golos no campeonato. Yamal foi determinante sobretudo a servir os colegas de equipa já referidos, terminando a temporada com 21 assistências, bem como com 18 golos efetuados, e tudo isto antes de se tornar maior de idade. Ferrán Torres, partindo do banco na maioria das vezes, fez a melhor temporada da carreira: o internacional espanhol de 25 anos foi o terceiro melhor marcador da equipa, com 19 golos.

Pedri e Kerem Akturkoglu Barcelona Benfica
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Contudo, o motor e o cérebro da equipa, porventura o mais importante do modelo de jogo de Hansi Flick, ajudando a construir, a progredir e a criar no último terço, é Pedri, o jogador mais utilizado pelo alemão. O médio de 22 anos esteve presente em quase 60 jogos dos culés, não sendo opção em apenas um jogo do campeonato. Mesmo no setor mais recuado, Koundé, Pau Cubarsi e Baldé, com Iñigo Matínez a coordenar, tinham caraterísticas fundamentais para a forma de jogar do Barcelona, construindo com clareza, mas, acima de tudo, tendo velocidade para, caso falhasse a armadilha de fora-de-jogo, apanhar os adversários que atacavam o espaço deixado nas suas costas.

No entanto, tudo aquilo que venho escrevendo parece, aos olhos de alguns, ter sido obra do acaso. Já se sabe que, no futebol, o que era ontem uma certeza irrefutável amanhã já é uma dúvida interminável. Nem o Barcelona, nem mesmo Hansi Flick, são imunes a isso. Aliás, nem mesmo Lamine Yamal, apesar de tudo o que já provou antes de ter sequer 18 anos, passa ao lado de julgamentos, por vezes sem sentido, em relação ao seu valor enquanto futebolista.

Naturalmente, o método de jogo de Flick tem falhas. Não há sistemas, dinâmicas, métodos ou planos perfeitos. Determinadas fraquezas sobressaem ainda mais quando faltam peças. Podemos, e devemos, questionar a sustentabilidade do modo de jogar promovido pela filosofia de treino e jogo do treinador, no que diz respeito à gestão da condição física dos atletas, bem como à profundidade do plantel.

Raphinha Barcelona Bola de Ouro
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

De facto, são muitas as ausências no clube catalão. Gavi não conta desde o passado mês de agosto e permanecerá de fora até ao início do próximo ano. Raphinha já falhou mais jogos de campeonato e Liga dos Campeões este ano do que em toda a época transata. Lamine Yamal idem, e, embora já tenha regressado aos relvados, parece longe da sua melhor forma. Baldé também só participou em seis dos dez jogos já decorridos na liga espanhola, e falhou um para a prova milionária. Dani Olmo está já de fora há 20 dias. Joan Garcia, guarda-redes contratado para discutir o lugar com Ter Stegen, quando o guardião alemão regressasse de lesão, não conta há um mês, e está ainda a meio da recuperação. Fermín López também já esteve lesionado durante três semanas na presente temporada. Lewandowski, de fora desde o início de outubro, tendo falhado os jogos frente a Sevilha, Girona, Olympiakos e Real Madrid, só voltará a jogar, se tudo correr bem, no domingo. Ferrán Torres, ainda que só durante cerca de 10 dias, também já esteve magoado. Pedri, mesmo tendo sido expulso no El Clássico do último fim-de-semana, terá saído lesionado, desfalcando o campeão espanhol nas próximas semanas.

A juntar a isto tudo, os adversários conhecem já muito bem as ideias do Barcelona de Flick e respetivos executantes. Sendo difícil travar o ataque azul e grená, as equipas adversárias tentam ao máximo recuar no terreno, tapar os espaços entre-linhas, de modo a obrigar a primeira linha de construção culé a expor-se ainda mais. Além disso, inúmeras formas de contornar a armadilha de fora-de-jogo, principal valência defensiva da equipa, têm sido trabalhados pelas equipas que o Barcelona encontra pela frente, como, aliás, pode ser visto pelo tweet abaixo:

Assim, por muito que os jogadores que substituem os habituais titulares estejam a dar cartas e a mostrar serem adições importantes para a equipa – sendo Rashford o principal exemplo, uma vez que, ocupando as 3 posições da frente, pode assumir o papel de Raphinha, Lewandowski e Lamine Yamal -, o rendimento individual, até estatisticamente falando, não é o mesmo.

Todavia, mesmo com todas as lesões referidas e consequente necessidade de recorrer a talentos da cantera, o Barça tem conseguido manter uma média próxima dos três golos por jogo. Este ano, já se estrearam com a camisola blaugrana três jovens talentos de La Masia: Jofre Torrentes, Toni Fernández e Dro Fernández. O cenário não aparenta ser tão negro se considerarmos que, por exemplo na derrota por 2-1 no El Clássico disputado no Bernabéu, estavam presentes, no banco de suplentes, sete (!) jogadores sub-19, dos quais três nunca se estrearam pela equipa principal.

Nos últimos dias, boas notícias chegam da Catalunha: para além de Ter Stegen, também Dani Olmo, Lewandowski e Raphinha já treinam, podendo estes três, se tudo correr como esperado, ser opções já para o jogo com o Elche. Portanto, a melhor versão do Barcelona poderá, igualmente, estar para breve. Nesse caso, não há grandes motivos para alarme, dado que, se a equipa foi capaz de sobreviver, com mais ou menos sobressaltos, a este início de temporada, estará pronta para qualquer desafio daqui para a frente. Primeiramente, porque o Real Madrid, mesmo estando em primeiro lugar da La Liga com mais cinco pontos do que o Barça, tem tido problemas, de acordo com a comunicação social espanhola, ao nível da relação entre Xabi Alonso e alguns jogadores, com Vinícius Jr. à cabeça. Ao mesmo tempo, o Barcelona tem vida facilitada na fase de liga da Champions League, já que os jogos que lhe restam são frente a Club Brugge (fora), Chelsea (fora), Eintracht Franfkurt (casa), Slavia Praga (fora) e Copenhaga (casa).

A equipa catalã é, então, uma fortíssima candidata a vencer o campeonato e a Liga dos Campeões. Obviamente, como qualquer clube no mundo, precisa das suas principais figuras, mas, se conseguiu resistir a um início de época tão conturbado, com tantos jogadores com idade júnior a terem de ser protagonistas, conseguirá dar resposta positiva em muitos momentos da presente temporada. Claro que tudo isto deve servir de reflexão a Hansi Flick, levando-o a questionar sobre a sustentabilidade do método de jogo/treino, da profundidade do plantel e dos momentos de transição e organização defensiva.

Veremos de que forma o Barça recupera os seus principais ativos, como estes se apresentam e se, no final desta época desportiva, teremos uma Europa pintada de azul e grená. Há muito por jogar, muito por sofrer, mas esta é, indiscutivelmente, uma das melhores equipas do mundo. Finalmente, desde os tempos de Messi, Neymar e Suárez, o Barcelona tem sérios motivos para sonhar com a sexta conquista da prova milionária.

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