A conquista portuguesa do Mundial Sub-17 revelou uma geração portuguesa cheia de qualidade e potencial para continuar a subir escalões na formação. O Benfica foi o clube mais representado na seleção nacional com nove jogadores e entre esses nomes, há cinco que se destacaram mais e podem estar mais perto de chegar à equipa principal dos encarnados.
5.


Mauro Furtado – O defesa central atua maioritariamente pela esquerda e isso, sendo canhoto, dá-lhe logo um valor especial num futebol onde este perfil continua a ser raro. É um defesa central moderno, com presença física, forte nos duelos e com margem para ficar ainda mais dominante à medida que for ganhando maturidade e minutos em contextos mais competitivos. Com bola, é dos defesas centrais mais confortáveis da geração. Recebe com calma, levanta a cabeça cedo e tem uma qualidade de passe que lhe permite construir de várias maneiras, tanto sai curto, a ligar com o médio mais próximo, como muda o centro de jogo com um passe longo. É quase sempre ele quem inicia a fase de construção da equipa, não só por ser seguro, mas porque tem critério e visão para acelerar o jogo ou pausar consoante o momento.
No percurso tem sido titular indiscutível nos Sub-17 do Benfica, titular na Seleção Nacional do escalão de Sub-17, com apenas 16 anos, foi chamado à equipa B. Nesta época está a jogar nos Sub-23 e também na Youth League.
4.


José Neto – Defesa lateral esquerdo que joga simples, lê o jogo como se fosse já sénior e adapta-se a qualquer desenho tático, pois pode ser defesa lateral esquerdo numa linha de quatro, ala esquerdo quando a equipa precisa de largura, ou até defesa central pela esquerda numa defesa a três. O físico não é a arma principal, mas a cabeça é, posiciona-se bem, antecipa, escolhe quase sempre o passe certo.
Com bola, conduz sem medo, quebra linhas e oferece sempre soluções. No Mundial Sub-17 mostrou porque é especial, com quatro golos e duas assistências, números raros para alguém da posição. No Benfica está num trajeto acelerado, já a jogar Youth League e Sub-23 apesar da idade. É um talento mais técnico do que físico, daqueles que fazem a equipa jogar melhor só por estarem lá.
3.
Daniel Banjaqui – Daqueles defesas laterais direitos que saltam à vista pela combinação de físico, explosão e vontade. Cresceu no Benfica desde miúdo e hoje já se divide entre Sub-23 e equipa B. Na época passada, ainda nos Sub-17, fez 28 jogos e três golos, onde mostrou toda a sua potência, arranques constantes e uma presença ofensiva impressionante. É um defesa lateral muito ofensivo, parece quase um ´comboio´, vai e vem com enorme facilidade, ataca o espaço com força e mostra uma energia que desgasta qualquer jogador. Tecnicamente é competente, capaz de ligar por dentro, aparecer em zonas adiantadas e até finalizar.
A grande questão para o futuro passa pelo salto competitivo, aquilo que hoje é uma vantagem clara no físico pode equilibrar-se, pois na Segunda Liga e na Primeira Liga há defesas com mais experiência e porte físico que não vão facilitar a vida ao jovem. Aí vai ter de melhorar a decisão no último passe, refinar a consistência defensiva e adaptar-se a adversários mais experientes, mas tem tudo para integrar a equipa principal do Benfica nos próximos anos.
2.


Anísio Cabral – O avançado que mais tem dado que falar nesta geração. Tem 17 anos, é canhoto, forte fisicamente e tem o instinto de baliza que não se ensina. No Mundial Sub-17 foi absolutamente decisivo, com sete golos e uma assistência, incluindo o golo na final que deu o título a Portugal. É um finalizador puro, objetivo e agressivo. Cresceu no Benfica desde os oito anos e sempre foi uma máquina de golos na formação, com épocas consecutivas acima da média, incluindo 26 golos pelos Sub-17 na época passada. Já se estreou na Youth League, já fez minutos nos Sub-23 e tem sido peça importante nos juniores.
Fortíssimo nos duelos, ganha espaço com facilidade e ataca bem as costas dos defesas centrais. Recebe bem de costas, segura, roda e finaliza com o pé esquerdo ou de cabeça. E apesar dos 1,78m, tem impulsão e presença que o fazem parecer maior. O grande teste vai ser a transição para o futebol sénior, eventualmente, na Segunda Liga vai enfrentar defesas centrais mais velhos, mais experientes e mais agressivos. Aí é que se vai perceber se mantém o impacto. O jogo associativo e a tomada de decisão fora da área ainda podem melhorar.
1.


Rafael Quintas – É, provavelmente, o nome mais sonante desta geração. Médio que se destacam mais pela cabeça do que pelo corpo. Não é alto e nem particularmente forte, mas compensa tudo com inteligência, leitura de jogo e uma qualidade de passe que já foge ao comum para alguém de 17 anos. É um médio defensivo que constrói, acelera quando deve e mete gelo no jogo quando é preciso. Tanto pode jogar como ‘seis´ construtor, como subir ligeiramente para ‘oito’ quando a equipa precisa de um médio que organize o jogo por dentro. Tem passe curto seguro, passe longo limpo, boa visão e tranquilidade quando recebe sob pressão.
O ponto a melhorar é o físico. Precisa de ganhar mais força para sobreviver aos jogadores da Segunda Liga e depois na Primeira Liga, mas isso vem com o tempo. No resto, está muito à frente da idade. Foi eleito o melhor jogador do Europeu Sub-17, voltou a brilhar no Mundial Sub-17.

