Richard Ríos e a urgência em adaptar-se ao futebol europeu | Estrela da Amadora 0-1 Benfica

Benfica

O Benfica venceu o Estrela da Amadora por 1-0, numa partida pautada pelo equilíbrio, onde o resultado poderia cair para qualquer um dos lados. O conjunto da Reboleira apresentou um 3-5-2 com somente um médio de origem e esteve perto de colher furtos, obrigando os visitantes a explorarem os corredores laterais e levando-os a perder uma série de bolas, que resultaram em contra-ataques perigosos.

Bruno Lage optou por repetir o onze que fez uma exibição acima da média contra o Nice, num 4x4x2 claro na sua fase inicial, com Fredrik Aursnes a atuar como extremo direito, mas sem medo de assumir outros papeis em campo. Há uma conclusão que se pode retirar da partida da Reboleira: este foi o pior jogo do Benfica na temporada e os adeptos estiveram longe de vibrar, bem pelo contrário, com alguns sinais de preocupação oriundos da bancada. Foi inclusivamente uma partida em que os encarnados foram obrigados a fazer uma série de faltas, com um total de 23 (recorde do campeonato), sendo que 13 foram feitas pelos elementos do meio-campo.

É precisamente nesta franja do terreno que nos vamos concentrar. Enzo Barrenechea e Richard Ríos assumiram as duas posições desde as suas chegadas à Luz. O argentino tem realizado partidas consistentes, relegando Florentino Luís para o banco de suplentes, numa fase em que se fala que o luso pode deixar a Luz. O antigo médio do Aston Villa tem convencido a equipa técnica e os adeptos, que o consideram um dos melhores reforços para a temporada. Emprestado com uma cláusula de opção de compra de 12 milhões de euros, Enzo Barrenechea tem tudo para se manter por Lisboa. Ainda assim, a partida frente ao Estrela da Amadora ficou algo aquém. Contudo, a mesma é praticamente eclipsada ao analisarmos o seu colega de secção.

Jogadores Benfica e Estrela da Amadora
Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

Richard Ríos trocou o Palmeiras pelo Benfica por 27 milhões de euros e o seu impacto não está a ser imediato. Foi claramente o pior jogador no relvado da Reboleira, jogando a uma velocidade a menos em comparação com os seus colegas, somando decisões erradas, maus passes, perdas de bola que levaram a assobios… uma exibição para esquecer, tendo em conta dois fatores: o colombiano encontra-se fisicamente na perfeição, já que esteve meio ano no Brasil, e foi um dos reforços mais caros da história dos encarnados.

O médio tem-se mostrado pouco esforçado a um ritmo lento. Em equipas com o bloco fechado, tal como o Estrela da Amadora, perde totalmente o impacto de ser um box-to-box e as suas fragilidades ficam expostas ao olho nu. Bruno Lage não está a conseguir retirar o melhor de um jogador que entusiasmava na América do Sul, mas que pela Europa tem sido somente um a mais.

As expectativas por Richard Ríos são gigantes. Ao minuto 79, o ex-Palmeiras beneficiou de um livre direto, que causou o entusiasmo nas bancadas da Reboleira. Os adeptos do Benfica tinham a esperança de que o jogador sacasse um golaço da cartola. O estádio passou inclusivamente para um estado de silêncio total, para que o craque se pudesse concentrar melhor. Contudo, este lance explanou na perfeição o que tem sido o jogador em Portugal, já que o mesmo acabou na barreira, sem qualquer perigo para Renan Ribeiro.

Richard Ríos
Fonte: Pedro Barrelas / Bola na Rede

Não está em causa a qualidade de Richard Ríos e é totalmente errado colocar-lhe o rótulo de flop na segunda jornada da Primeira Liga, mas pedia-se um impacto imediato ao colombiano, que está longe de o ter. A crítica não perdoa e o Benfica sabe que Richard Ríos deverá ser o jogador do plantel que está a ser mais escrutinado. O comportamento do mesmo fora do campo também será alvo de observação e nisso o próprio já conseguiu falhar.

Bruno Lage pode referir que Richard Ríos não violou o regulamento interno ao ir ao festival Sol da Caparica, mas não estar em casa na noite anterior a um jogo oficial é de uma atitude pouco profissional e gera uma má imagem em relação ao atleta, que terá que mudar os seus padrões comportamentais. O Benfica venceu o Estrela da Amadora, o que fez com que os adeptos possivelmente tenham esquecido tal episódio, mas e se o resultado tivesse sido outro? Uma situação a rever e que tem que ser solucionada não somente pelo próprio Richard Ríos, mas também pela direção do emblema encarnado, que tem a obrigação de evitar este tipo de casos e que os mesmos cheguem com tanta facilidade à imprensa.

Nota final para o Estrela da Amadora. Não seria um escândalo se os tricolores obtivessem o empate ou até mesmo a vitória. José Faria sabe que não tem as armas de Bruno Lage, mas conseguiu montar uma equipa competitiva, dadas as opções que tem. A tripla da defesa, constituída por Bernardo Schappo, Atanas Chernev e Luan Patrick somou poucos erros e mostrou-se organizada, dando pouco espaço a Vangelis Palidis e a Franjo Ivanovic de realizarem as suas movimentações habituais. Jovane Cabral está feito um autêntico médio, depois de uma carreira inteira a jogar a extremo e pode ter em 2025/26 a sua temporada de afirmação (finalmente) no futebol sénior. A batalha pela Reboleira será seguramente a da manutenção, mas a imagem apresentada na noite de sábado foi a de uma equipa muito aguerrida e que tem a postura correta para alcançar os seus objetivos, não desistindo do ponto até ao último segundo e conseguindo encostar às cordas um candidato ao título. A acompanhar.

Richard Ríos Benfica
Fonte: Edmilson Monteiro/Bola na Rede

Bola na Rede na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Apostou num meio campo com apenas um médio de origem (Paulo Moreira) num encontro contra um candidato ao título. Gostaria que me explicasse a sua opção quando tinha médios no banco.

José Faria: Começámos a pré-época com uma ideia, temos um outro sistema alternativo. Eu olho para os jogadores não pelo que eles fizeram no passado, mas pelo que me mostram diariamente no treino. Ver o Jovane, ele jogou a vida como um extremo, e neste momento olho para ele e vejo um médio. Perdeu umas valências e ganhou outras, sente-se confortável a jogar por dentro. O Rodrigo Pinho foi ponta a vida toda. No banco tínhamos alguns atletas, como o Sola, que até faz parte da equipa B e que se juntou connosco, é um seis que pode jogar a oito, podia jogar na posição do Paulo Moreira, que continua a estar muito bem. O Assane também esteve no banco e o Robinho não podia estar neste jogo. É a velha história de quem não tem cão caça com gato. Adaptámo-nos a isso. O Abraham Marcus é um extremo de origem, mas muito forte no jogo interior e trabalhámos nisso há algumas semanas atrás. O facto de eles serem de origem em outra posição não significa que sejam menos competentes no que lhes peço para fazer. Fizeram tudo muito bem. O Pinho entrou para aquela posição também. Não me agarro aquilo que é o passado da posição o jogador, mas sim ao rendimento que ele me mostra dentro da semana de treino e do processo.

Ricardo João Lopes
Ricardo João Lopeshttp://www.bolanarede.pt
O Ricardo João Lopes realizou a sua formação na área da História, mas é um apaixonado pelo desporto (especialmente pelo futebol) desde criança, procurando estar sempre a par da atualidade.

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