«[Na Índia] ainda joguei com o Lúcio, capitão da seleção brasileira campeã do mundo»
Bola na Rede: Voltando um bocadinho atrás. Atingiste o ponto alto da tua carreira ao serviço do Sporting de Gijón. Tiveste a hipótese de transferir-te para clubes mais poderosos?
Grégory: Falou-se de clubes de outro nível, como o Valência, por exemplo. Mas quem tratava desses assuntos era o Carlos Gonçalves e eu mantinha-me focado apenas no meu dia-a-dia, no trabalho. E a verdade é que também estava muito feliz no Sporting de Gijón e a minha primeira opção era sempre renovar. Na altura, nem sequer quis ouvir algumas possibilidades, porque queria mesmo ficar no clube. E depois também não houve nada de concreto, por isso, foi mais fácil tomar decisões.
Bola na Rede: Disseste também que, nesse período, o teu nome chegou a ser falado para a seleção francesa…
Grégory: Sim, falou-se disso. Jogar por França era um sonho, mas não aconteceu, e acabei por representar a seleção da Martinica, porque tenho ligações familiares nesse país. Também foi uma experiência muito boa, fizemos uma Gold Cup [campeonato de seleções da América do Norte, Central e Caribe], em 2013, nos Estados Unidos, que correu muito bem. E antes disso até cheguei a ser convidado para representar a seleção de Angola…
Bola na Rede: Mas tens ligações a Angola?
Grégory: Encontraram… (risos) Mas fiquei muito contente pelo convite, mas não se concretizou.
Bola na Rede: E como foi ser internacional pela Martinica?
Grégory: Foi um grande orgulho. A Martinica sempre quis que eu representasse o país. E na Gold Cup fizemos uma grande campanha: ganhámos ao Candá [1-0] e depois perdemos com Panamá [0-1] e México [1-3], duas equipas fortes, e ficámos perto da qualificação para a fase seguinte da competição, e tinha sido a primeira vez que a Martinica estava na fase final da prova. Foi uma sensação muito boa vestir aquela camisola e um grande orgulho para a minha avó, que era de Martinica, e também para os meus pais. Foi muito bom.
Bola na Rede: A tua última experiência no futebol português e europeu foi no Atlético CP…
Grégory: Sim, foi outra experiência. A minha mulher é de Lisboa e já tinha cá casa, por isso foi perfeito. Eu sempre quis viver em Lisboa depois de terminar a minha carreira, embora tenha vivido sempre no norte do país. A minha mulher é de cá, por isso… Já tinha visitado a cidade e tinha uma paixão muito grande por Lisboa. Sempre me identifiquei muito com a cidade. Não é Paris, mas também tem um bocadinho de Paris. Costumo dizer que é uma Paris mais tranquila e com melhor clima. É top, um paraíso natural.
Bola na Rede: Ao contrário de outras posições, o defesa-central, normalmente, tem um parceiro de posição mais fixo, sempre ao teu lado, que treina e joga contigo durante uma época inteira. Qual foi o colega de posição que te deixou melhores recordações?
Grégory: Em Portugal gostei muito de jogar com o Marcos António e com o Rovérsio. Em Espanha joguei muito tempo com o Alberto Botía, que chegou a ser internacional jovem espanhol, e com quem fiz uma grande dupla. Mais tarde ainda joguei com o Lúcio, capitão da seleção brasileira campeã do mundo, por isso é muito difícil escolher. Mas gostei muito de jogar com o Marcos António, porque complementávamo-nos. E também éramos centrais goleadores. Lembro-me, na altura, de ter 11 golos e o Marcos António cinco ou seis… Fizemos uma grande dupla no Gil Vicente. Mas cada dupla é diferente. Eu, por exemplo, precisava jogar com um central que fosse mais rápido e com uma boa saída de bola. Isso ajudava-me bastante.