«Um profissional de futebol nunca é livre. Nós somos animais competitivos» – Entrevista BnR com Hélder Guedes

    «Tive algumas conquistas que tiveram um sabor bem especial, como uma final da Taça de Portugal, a ida à Liga Europa pelo Rio Ave FC e a subida de divisão pelo FC Penafiel»

    Bola na Rede: Ainda assim, na Primeira Liga faz 36 golos e 15 assistências em 143 jogos. Participação direta em 51 golos, numa média de 0,36 participações em golos por jogo. Atendendo a estes números, às suas prestações em campo, ao impacto que teve nos clubes por onde passou na Primeira Liga, alguma vez se sentiu subvalorizado ou sentiu que as pessoas tinham noção do seu real valor?

    Hélder Guedes: Não, eu não era aquele tipo de jogador que encantava logo nos primeiros momentos. Mas depois de alguns jogos sentia o valor que era dado pelas pessoas, sim.

    Bola na Rede: Para se sentir ainda mais valorizado, acha que lhe faltou uma passagem por um dos ditos três grandes do futebol português ou considera que um jogador não deve e não pode ser afinado por esse diapasão? Há ainda uma noção muito enraizada de que se um jogador não passa por um dos três grandes ou pela seleção não se pode dizer bem-sucedido?

    Hélder Guedes: Era óbvio que se eu jogasse num dos três grandes seria muito mais valorizado. Mas como – se não me engano e já fiz um estudo sobre isto – só três por cento dos atletas é que conseguem chegar a um dos três grandes e visto que joguei onde joguei, penso que tive uma carreira bonita e digna.

    Bola na Rede: A ausência de troféus coletivos vota a carreira de um jogador ao obsoletismo ou acha que um futebolista pode ser marcante no panorama do futebol sem conquistar qualquer troféu? Sente que marcou o futebol português na última década?

    Hélder Guedes: Ganhar troféus passa pelos objetivos dos jogadores. Individuais e coletivos, passa sempre por esses objetivos, e quem os ganha são os jogadores diferenciados. E para seres diferenciado tens que ter esses troféus. Agora, claro que há exceções. Poucas, mas há. Contudo, visto o nível em que estive, onde joguei, tive algumas conquistas que tiveram um sabor bem especial, como uma final da Taça de Portugal, Liga Europa do Rio Ave FC, subida de divisão pelo FC Penafiel… No meu nível, já foi bom.

    Bola na Rede: Todavia, se os dados não me deixam mal, o Guedes não fez ainda qualquer hat-trick como sénior, apesar de já ter bisado em quatro partidas. É um dos objetivos individuais que lhe faltam cumprir ou, ainda que seja um avançado, estes registos não lhe dizem nada?

    Hélder Guedes: Sim, depois de eu fazer um bis, o próximo passo seria fazer um hat-trick. Isso era excelente, mas infelizmente nunca aconteceu… Mas, também nunca foi uma obsessão. A obsessão era ajudar a equipa sempre, para ganhar – essa é que era a minha obsessão.

    Bola na Rede: Um avançado não é só os golos que faz, é também o que trabalha para a equipa. O Guedes considera-se um avançado mais egoísta ou altruísta futebolisticamente falando?

    Hélder Guedes: Mais altruísta.

    Bola na Rede: Olhando para os avançados da Primeira Liga, qual considera ser o mais parecido consigo na forma de jogar?

    Hélder Guedes: Quando era jovem, numa fase inicial, seria o Darwin. Já numa fase mais recente, mais o Paulinho, que também admiro bastante. E acho que as minhas características nestes últimos anos enquadravam-se mais com as dele.

    Bola na Rede: E qual é o melhor avançado em Portugal neste momento?

    Hélder Guedes: Falando de ponta-de-lança, ponta-de-lança, o Taremi.

    Bola na Rede: E o melhor avançado português em Portugal?

    Hélder Guedes: Eu vou dizer o Pote (Pedro Gonçalves) e o Rafa, pelo momento que atravessam.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.