«Hoje em dia prefere-se um jogador sem experiência de Primeira Liga a um experiente com provas dadas» – Entrevista BnR com Alex Soares

«Foi importante a chegada do Ivo Vieira, que me colocou a jogar e me disse que precisava de alterar alguns comportamentos».

Bola na Rede: Como surge o convite para a tua primeira aventura no estrangeiro, no Panserraikos?

Alex Soares: Quando cheguei, o Panserraikos tinha descido para a segunda divisão. É um clube numa cidade no norte da Grécia, que não é muito bonita e onde se apanha muito calor no verão e, depois, muito frio no inverno. Vim à experiência em maio, passei um mês lá, depois ofereceram-me um rascunho de um contrato e disseram-me para voltar no início da época. Assim foi, voltei, mas o clube estava com muitos problemas depois da descida e ainda não sabiam se iam jogar na primeira liga porque alguns clubes gregos tinham feito umas “mafias” e, então, não sabiam se esses podiam descer e se o Panserraikos ainda podia voltar a subir. Começámos a treinar em julho e tivemos o primeiro jogo oficial em outubro, foi uma pré-época muito grande (risos). Mas, depois, as coisas não me correram muito bem e o que me foi prometido não foi o que me ofereceram e acabou por uma experiência curta. Serviu para aprender que o futebol não é um mar de rosas.

Bola na Rede: O grego não é propriamente uma língua universal. Ainda te lembras como comunicavas com os teus colegas?

Alex Soares: Eles falam todos inglês. Não era um inglês correto, o que nem eu falava, mas entendíamo-nos assim. Agora já sei mais um pouco de grego, mas a maior parte das pessoas falam em inglês. Depois, dentro de campo não há línguas.

Bola na Rede: Quais as maiores diferenças que sentiste entre a terceira liga portuguesa e a segunda liga grega?

Alex Soares: Eu só fiz um jogo oficial. Começámos a jogar em outubro e eu só assinei em novembro, depois vim a Portugal no Natal e, quando voltei à Grécia, foi para rescindir contrato porque já não tinha condições para ficar. Do que experienciei, era tudo muito mais profissional e com jogadores mais experientes, que já tinham jogado na primeira liga, notou-se logo essa diferença.

Bola na Rede: Uma época depois, voltas a Portugal, para jogares no Marítimo. Não jogaste logo na equipa principal e ainda fizeste alguns jogos na equipa B na Segunda Liga, certo?

Alex Soares: Fiz uma época e meia na equipa B. Assinei no último dia janeiro, fiz essa meia época e a seguinte, mas não joguei muito até chegar o Ivo Vieira. Depois, acabei por chegar à equipa principal.

Bola na Rede: A estadia na Segunda Liga foi importante para dares o salto e te estabeleceres como um jogador de primeira divisão?

Alex Soares: Acho que sim. Tive a sorte de já ter apanhado o reaparecimento as equipas “B”. Fiz meio ano na Segunda B e uma época na Segunda Liga. É bom em termos de experiência porque poucos de nós tínhamos jogado nesse nível e, como éramos quase os mesmos do ano anterior, era malta com pouca experiência. De vez em quando vinham jogadores da equipa principal e era importante essa interação que o Marítimo fazia entre os miúdos e os jogadores da equipa A. Para mim, foi importante a chegada do Ivo Vieira, que me colocou a jogar e me disse que precisava de alterar alguns comportamentos. Como queria jogar, fazia tudo o que ele queria (risos). Tudo começou a correr bem, com o Ivo Vieira começámos a ganhar e a jogar melhor e depois fui informado que ia fazer a pré-época à equipa principal.

Bola na Rede: Na altura, já vias qualidades no Ivo Vieira para estar no patamar onde está hoje?

Alex Soares: Sim. Ele sempre teve a mesma mentalidade de bola no chão e jogar desde trás e gostava de marcar muitos golos. Sempre preferiu ganhar 5-4 do que um 1-0 e acho que a base dele sempre foi a mesma. É normal que evolua em algumas coisas, mas nunca mudou de identidade e é por isso que ele está a ter sucesso. Espero que continue.

Bola na Rede: Ainda te lembras da tua estreia na Primeira Liga, pela mão de Pedro Martins? O que vai na cabeça de um jogador nessa altura?

Alex Soares: Foi na primeira jornada da Primeira Liga na época 2013/14, frente ao SL Benfica e ganhámos 2-1, em casa, foi especial. Hipocrisias à parte, ganhar a um grande tem um sabor especial. Comecei a pré-época a jogar o normal de um miúdo a ganhar o seu espaço e com poucos minutos. Tudo mudou no final da preparação para a época, quando fizemos uma parte contra a equipa que ia ser titular no primeiro jogo do campeonato e as coisas correram mesmo bem. Tenho a ideia de que não ia ser titular no jogo, mas só o Pedro Martins poderá dizer (risos), achava que ia ser o Rodrigo Lindoso, mas ele lesionou-se nessa semana e foi a minha oportunidade. Tive uma estreia muito feliz, correu bem e ganhámos o jogo. Na altura gostava muito do SL Benfica, não é que agora tenha algo contra, mas teve um peso extra porque passei lá oito anos. Foi estranho jogar na Primeira Liga porque via os jogadores todos na televisão, quer os meus colegas de equipa, mas principalmente os jogadores do SL Benfica. Depois do apito inicial o que importa é jogar e esquecemos tudo o resto e queremos é ganhar.

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Clara Maria Oliveira
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A Clara percebeu que gostava muito de Desporto quando a família lhe dizia que estava há muito tempo no sofá a ver Curling. Para isso não se tornar uma prática sedentária, pegava na caneta e escrevia sobre o que via e agora continua a fazê-lo.                              A Clara escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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