No caminho para as medalhas – Entrevista a Pedro Farromba

BnR: E, também nesse âmbito, qual é a apreciação que faz daquilo que é a cobertura que os media dão aos desportos de inverno?

PF: Olhe, nestes Jogos Olímpicos, não me posso queixar. Embora não tenha tido grande representatividade na televisão, que é sempre o meio mais importante, nestes Jogos Olímpicos tivemos uma muito boa receptividade junto da comunicação social. E acho que foi, se calhar, a primeira vez que senti isso. Estou na Federação desde 2009 e acho que foi a primeira vez que eu senti isso. 

Agora, claro que quando nós, se ligarmos a televisão ao domingo à noite, e à segunda à noite e à terça à noite e temos três, quatro, cinco canais, todos a falar de futebol e todos a discutir o futebol, é claro que há pouco espaço para o resto, não é? O problema é que se existem esses canais a fazerem isso é porque existem pessoas que os estão a ver, portanto, este é um caminho que o temos que ir fazendo.

BnR: Voltando à parte desportiva, apesar de os resultados destes Jogos ainda estarem longe do melhor resultado absoluto que continua a ser o da Mafalda Queiroz Pereira em Nagano…

PF: Bem, esse é outro contexto que nós também temos de balizar. 

BnR: Em termos de resultados relativos – posição face ao número de participantes-, tem vindo a melhorar. 

PF: Pois.

BnR: Uma das atletas que o fez foi a Camille Dias, que entretanto acabou a sua carreira. Fora dos Jogos, outro atleta que deu que falar foi o Andrea Bugnone, mas segundo a FIS também já não está ativo. É difícil trabalhar com tão poucos atletas e em que qualquer desistência é digna de nota?

PF: Sim, é muito difícil. Porque os atletas, primeiro, nenhum deles é profissional. Para conseguirem ter dinheiro para participar nas provas têm de trabalhar e, portanto, nenhum destes atletas portugueses é profissional. Depois, porque quando os atletas atingem uma determinada idade, dificilmente, eles têm de optar entre a carreira profissional e a carreira desportiva, porque muito dificilmente conseguem ter uma carreira de alto nível em termos desportivos que seja acompanhada de uma carreira profissional. E, portanto, muitas vezes, chegando ali a determinada idade, que foi o caso da Camille, ela não conseguiu conciliar as duas coisas e teve que desistir dos Desportos de Inverno que, em termos financeiros, são sorvedouros de dinheiro, ela não é remunerada por praticar as modalidades. 

O Andrea foi diferente. O Andrea teve um problema físico na coluna e foi obrigado a ter que parar do ponto de vista competitivo, porque corria riscos para a sua saúde pelo facto de continuar a competir. Mas, sim, é muito difícil porque o leque de escolha que temos é muito pequeno, apostamos muito naqueles que consideramos que são muito bons e depois, quando acontece uma coisa destas, baralha-nos sempre um bocadinho a nossa vida. Mas tem de nos dar também aqui outro alento para encontrar alternativa.

BnR: E quais são os atletas portugueses a observar para além daqueles que já estiveram nos Olímpicos?

PF: No Cross-country temos já quatro ou cinco atletas portugueses, que já estiveram neste programa  de formação, digamos assim, ou de tentativa de qualificação para os Jogos e que estão identificados e, portanto, que estão a fazer o seu trabalho e a fazer o seu caminho. Com o Kequyen agora no Canadá, vamos procurar desenvolver uma escola de Cross-country portuguesa com atletas portugueses residentes no Canadá. 

Na Europa, temos feito junto das comunidades portuguesas o nosso trabalho. Temos dois atletas com enorme potencial no Ski Alpino, o Samuel Almeida e a Vanina, que têm feito um percurso nas camadas mais jovens muito interessante. O Samuel já começou a competir em provas FIS e a Vanina vai começar este ano, na próxima época, a competir em provas FIS. Portanto, temos já aí um bom potencial para aquilo que vem a seguir. 

Depois, temos também mais dois ou três atletas que estão ainda num grau inferior de competitividade. Alguns residentes em Portugal, que estão agora a começar as suas participações e que dentro de um ou dois anos começam a participar em provas da Federação Internacional, quando atingirem os 16 anos, e que esperamos podermos contar com eles no futuro, isto no Ski Alpino e no Cross-country. 

No Luge, temos o Hugo Alves no Japão, que vai continuar a fazer o seu percurso. E temos um conjunto de atletas identificados em modalidades novas que estamos agora a começar, Curling, Hóquei no Gelo. São modalidades que estamos agora a iniciar em Portugal e que temos ainda muito trabalho para fazer.

A construção de um Ringue de Gelo é um sonho ainda por realizar
Fonte: Pedro Farromba

BnR: Um dos sonhos que se ouve falar é o da construção de um ringue de gelo e, preferencialmente, integrado num centro de Alto Rendimento. Quão perto está este sonho de se tornar realidade?

PF: Eu posso dizer que já esteve mais longe, mas também não está perto. Eu diria que já fizemos uma parte do caminho e teremos de fazer o resto do caminho. Não tenho muito mais ainda para lhe dizer sobre isso. Estamos a fazer o caminho. 

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