«Sair do FC Porto foi uma das piores decisões que tomei no futebol» – Entrevista BnR com Telmo Castanheira

«Na Islândia há uma grande diferença entre o jogador estrangeiro e o jogador islandês»

Bola na Rede: Para termos mais ou menos a noção, em termos monetários, sentes que os clubes islandeses têm maior capacidade do que os da Primeira Liga portuguesa?

Telmo Castanheira: Na Islândia há uma grande diferença entre o jogador estrangeiro e o jogador islandês. Os estrangeiros recebem muito mais do que o islandês. Existem jogadores islandeses na primeira liga islandesa que não são profissionais. Essa é uma diferença muito grande. Apenas os jogadores islandeses das cinco melhores equipas da Islândia é que são profissionais, os outros não são. Os estrangeiros são todos profissionais, inclusive na segunda liga e, às vezes, até na terceira liga, porque eles têm essa possibilidade e dinheiro. Depois, depende muito das equipas, posso dizer que há equipas da segunda liga que pagam mais a estrangeiros do que equipas de primeira. A minha equipa, como é um clube de uma ilha pequena, faz um esforço extra para pagar aos estrangeiros. Depois existem os patrocinadores, com algumas empresas grandes do peixe, que metem dinheiro no clube e ajudam a pagar os salários aos estrangeiros. Se eu fosse a ver equipas que lutam para não descer em Portugal, com as equipas de top da Islândia, acho que na Islândia se está a pagar mais. Mas também já não estou em Portugal há muitos anos. As equipas de topo, de lá, pagam muito bem, e em dia, mas isso é outra questão. Posso dizer que já passei por muitas situações complicadas em Portugal, infelizmente.

Bola na Rede: Se pudesses escolher uma liga internacional para vires a jogar um dia, qual escolherias?

Telmo Castanheira: Eu acho que escolheria a Espanha, na minha opinião é a que tem o futebol mais completo. Adoro a Premier League, pelo espetáculo em si, reconheço que as equipas de topo de Inglaterra também jogam um futebol que eu adoro, mas considero que em Espanha, em termos de qualidade, joga-se muito bem, qualquer equipa consegue jogar um futebol ofensivo. Às vezes vejo um Real Madrid contra uma equipa que luta para não descer, e essa equipa apresenta processos que lhe permitem ter bola contra o Real. Jogam um futebol atrativo, não jogam para o pontinho, e eu admiro isso no futebol espanhol. Apresentam intensidade, sem bola são muito agressivos, não terão a capacidade física do futebol inglês e o espetáculo dos estádios de Inglaterra que ficam um pouco acima, mas, na minha opinião, apresentam o futebol mais completo. É o futebol que eu mais gosto de ver.

Bola na Rede: Recomendarias algum colega de profissão a aceitar a oportunidade de ir jogar para o campeonato islandês?

Telmo Castanheira: Depende de muitos fatores, da idade e se está na Primeira Liga ou na Segunda B, por exemplo. Da Segunda B, diria a todos que sim. Se estivessem na Segunda Liga, diria a 80%. Na Primeira Liga, talvez não, porque é uma montra fantástica e deverão sempre ambicionar outros voos e patamares, sem ser a Islândia. Na Segunda Liga, se forem jovens devem tentar fazer uma boa época para atingir outros patamares, uma Primeira ou ir para o estrangeiro, para países melhores que a Islândia. Se já tiverem alguma idade, a jogar na Segunda Liga, e não forem reconhecidos, com condições oferecidas por um clube, aí procurar Islândia ou outros países nórdicos, Suécia, Noruega, Dinamarca. São propostas muito aliciantes, quando chegamos a uma certa idade temos de pensar que o futebol acaba, e é preciso pensar no que vem depois.

Bola na Rede: A nível mundial, quem é o jogador que consideras uma referência a jogar na tua posição?

Telmo Castanheiro: Eu, na Islândia, comecei a jogar um pouco mais recuado. Em Portugal jogava a oito, depois, quando mudei para a Islândia, comecei a jogar muito a seis. No meu primeiro ano, eles chamavam-me na brincadeira de “Matic”, que está no Manchester, até porque sou esquerdino. É um jogador que gosto muito de ver jogar, já está numa fase descendente, mas gostava muito do Matic no seu melhor, pela maneira que utilizava o corpo e o pé esquerdo, a capacidade de decisão e de visão de jogo. Há muitos jogadores que eu gostava e que ainda hoje gosto. Se eu fosse a dizer por características, talvez pelo pé esquerdo e por ser alto, diria o Matic, e até pela comparação que foi feita na Islândia. Vejo muitos que são referências para mim e tento aprender com eles.

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André Filipe Antunes
André Filipe Antuneshttp://www.bolanarede.pt
O André é licenciado em Marketing e Publicidade e um fã incondicional de ciclismo. Começou desde pequeno a ter uma paixão pelo desporto, através do futebol. Chegava a saber os plantéis de todas as equipas da Primeira Liga! Com o tempo, abriu-se o horizonte e o interesse para outros desportos, como o Ciclismo, o Futsal e, mais recentemente, a NBA. Diz que no Ciclismo existem valores e táticas que mais nenhum desporto possui e ambiciona um dia ter a oportunidade de assistir ao vivo a um evento deste calibre.

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