«Cheguei a ter conversas com o SC Braga, mas foi com Vitória SC que as coisas andaram» – Entrevista BnR com Douglas

– Dos estaduais brasileiros ao «salto» para o Santos FC –

«Em 2010 cheguei a ter uma conversa com o SC Braga, mas foi com o Vitória SC que as coisas andaram mais»

BnR: Tiveste uma carreira longa, mas pouca gente sabe das tuas origens mais humildes no futebol brasileiro. Como é que chegaste ao Botafogo-SP?

Douglas: Eu sou de Ribeirão Preto, uma cidade grande com um milhão de habitantes, e o Botafogo sempre foi um grande «celeiro» no futebol brasileiro, revelou vários guarda-redes: Doni (ex-Roma e Liverpool), Diego Alves (atualmente no Flamengo), eu… o Renan, que agora está no Sporting, também começou lá no Botafogo, era uma escola muito boa de guarda-redes. Comecei numa escola de bairro com oito ou nove anos por indicação médica e comecei a chamar a atenção. Dominava os exercícios de guarda-redes, tinha uma facilidade de aprender e com 11 anos fui para o Botafogo-SP e fiquei lá até aos 21. Tive várias oportunidades de sair, mas não conseguia ficar em alojamentos, não gostava de ficar longe de casa. Lá em Ribeirão morava em casa dos meus pais, era tudo simples, mas não me faltava nada e eu vi amigos meus que viviam debaixo da arquibancada e, em alguns momentos, faltava alguma coisa e isso fazia-me confusão. Só saí do Botafogo em 2005 – já estava casado e tinha filhos – quando fui para o Iraty, no Paraná.

BnR: O que mudou para saíres da tua zona de conforto? Davam-te condições melhores ou davam-te outra oportunidade em termos competitivos?

Douglas: Foram duas coisas: uma foi eu achar que estava na hora de «virar homem» e sair de casa a todos os níveis, tanto do Botafogo, como da minha cidade e crescer dentro do futebol. Ali já não dava mais. Mudei de estado e fui para um clube que, na altura, era gerido por empresários e eles conseguiam fazer negócios com outros clubes. Mas a minha experiência não foi muito boa porque tive uma lesão séria, no início do ano magoei o ligamento cruzado, fui operado e só joguei cinco jogos. Passei o ano todo lesionado e depois fui para o Olímpia jogar a Série A3, a terceira divisão do campeonato Paulista, com um treinador que me conhecia desde os meus nove anos. Lá correu tudo bem, fomos campeões, fui o melhor guarda-redes da série, joguei o Paulista durante quatro meses e depois fui para o Sertãozinho, uma equipa ao lado de Ribeirão Preto que jogava a Série C. Joguei e, no final do ano, fui negociado para o Santos.

BnR: Como surgiu o interesse do Santos, para um salto assim tão grande?

Douglas: É assim: o Emerson Leão, um treinador conceituado no Brasil, tinha um treinador de guarda-redes que o acompanhou toda a carreira e, nesse período de 2006, o Emerson Leão não estava em nenhum clube e o treinador de guarda-redes recebeu o convite para treinar o Sertãozinho e aceitou. Ele contratou-me, eu trabalhei com ele, mas não ficou o campeonato todo. Em 2008, o Leão foi para o Santos, ele também foi e indicou-me ao treinador.

Douglas
Douglas chegou ao Vitória SC na época 2010/2011, proveniente do Santos FC
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

BnR: Como foi jogar num clube como o Santos?

Douglas: É uma experiência… Primeiro foi o realizar de um sonho, chegar a um grande do Brasil. Não era o meu clube de infância, mas era um clube gigante.

BnR: Qual era o teu clube de infância?

Douglas: Era o São Paulo. Era o clube do meu pai, também pelo guarda-redes que tinha lá na altura, o Zetti. Foi o primeiro clube que vi no estádio… Hoje já não é mais, tenho algum carinho mas as coisas mudam, passamos por várias experiências e outras coisas que nos marcam. E foi assim, estive no Santos dois anos, joguei à volta de 30 jogos que, para aquelas duas épocas, era muito porque o guarda-redes da altura era um ídolo do clube, o Fábio Costa. Foi pena não ter a experiência que tenho hoje, porque podia ter lidado com certas situações de outra forma, mas foram dois anos fantásticos em que cresci muito como jogador e como atleta. No terceiro ano, fui emprestado ao Ipatinga, outro ano fantástico em 2010, joguei todos os jogos e aí surgiu a oportunidade de ir para o Vitória SC.

BnR: Quem é que falou contigo do Vitória SC?

Douglas: Foi assim: estávamos nos quartos de final do campeonato mineiro e o Basílio Marques – que até faleceu agora, há duas semanas – era adjunto no Vitória SC e foi ao Brasil ver uns jogos. Nesse jogo viu-me, falou comigo no final do jogo, estávamos em abril ou maio, e durante o ano continuaram a acompanhar-me. Em outubro entram em contacto com o meu empresário e acertámos o pré-contrato, porque acabava contrato com o Santos em dezembro. Foi assim que eu vim.

BnR: Como foi passar de guarda-redes titular para a sombra de um guarda-redes como o Nilson?

Douglas: Eu tive oportunidade de ir para outras equipas no Brasil e, naquela ano de 2010, cheguei a ter uma conversa com o SC Braga, mas foi com o Vitória SC que as coisas andaram mais. Na altura, o Nilson tinha 36 ou 37 anos e era natural que ele não ia jogar mais 10 anos. O clube estava a preparar um substituto e viram em mim que podia ser essa pessoa. Sabia que ia ter de esperar pelo meu momento e usei esse tempo para me adaptar ao treino, ao país. Passados todos estes anos, vejo que aquele período serviu muito para mim e ajudou-me muito. Quando entrei, já estava completamente adaptado, era só dar continuidade.

BnR: E nunca perdeste a motivação? Ainda ficaste um ano e meio como suplente…

Douglas: Houve momentos em que não perdi a motivação, mas havia propostas de clubes brasileiros e nós queremos sempre jogar. Mas o meu empresário dizia sempre «não, fica aí que vai chegar a tua hora»… E chegou. Passado algum tempo, vi que foi a melhor opção.

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João Reis Alves
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Flaviense de gema e apaixonado pelo Desportivo de Chaves - porque tem de se apoiar o clube da terra - o João é licenciado em Comunicação e Jornalismo na Universidade Lusófona e procura entrar na imprensa desportiva nacional para fazer o que todos deviam fazer: jornalismo sério, sem rodeios nem complôs, para os adeptos do futebol desfrutarem do melhor do desporto-rei.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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