De Canudo e Bola na Mão: Diário de um Desportista Universitário

    Reportagem de André Maia e Guilherme Costa

    Diz-se que a vida académica, a desses homens do futuro, é boémia. Que é construída ao sabor do vento e do café. Sem pressas, sem stress. Tranquila e simplificada. Talvez o seja para muitos, mas não para Rodrigo. Não que a vida universitária seja, para ele, um sacrifício, mas tranquila seria um exagero. Porquê? Porque no meio dos cadernos e das noites mal dormidas, é atleta e dirigente desportivo universitário. Pouca tranquilidade? Talvez. Mas muita felicidade. É isso que diz cada um dos seus dias. Este é apenas mais um deles.

    Cheguei cansado ao ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa –, já com o peso de quase todo um dia nas pernas e na cabeça. Carregado, de tripé e mochila às costas, procurava na zona dos campos de futsal um tal de Rodrigo Morais. Disseram-me que era atleta e dirigente universitário. Tanta coisa para uma só alma académica, pensava eu do fundo do meu preenchido dia jornalístico e também ele académico. Quando finalmente dei de caras com ele, percebi que talvez o meu dia fosse, na verdade, uma bênção.

    Passado alguns minutos lá apareceu, sorridente pela pausa: Rodrigo Carvalho Morais. Tem 24 anos e é estudante do 2º ano de Engenharia Eletrotécnica, mas já com uns quantos anos em cima. Anos e atividades, porque não é só o curso que ocupa a rotina de Rodrigo. Desde 2015 que joga na equipa de futsal e de futebol da AE ISEL, acumulando, também desde esse ano, o cargo de Responsável pelo Desporto da Associação de Estudantes.

    “Na AE ISEL tenho ocupação mais regular: trato das inscrições dos atletas e das equipas no início de ano e depois, ao longo do ano e no decorrer dos campeonatos, organizo os jogos e tudo o que lhes está adjacente”, diz Rodrigo. E é realmente muita coisa: “Tudo o que seja material e marcação de treinos, gestão de atletas, comunicação com treinadores, entre outras coisas semelhantes, sou eu que trato. Todos os dias tiro um pouco do dia para organizar jogos e situações envolventes”, acrescenta.

    O tempo que passa no departamento de Desporto da AE ISEL é direcionado para a organização dos horários e do material
    Fonte: Bola na Rede

    Mas se apenas isto parece dar trabalho, então adicione-se mais um cargo. Rodrigo é, desde o ano passado, vogal do Conselho de Disciplina da ADESL, Associação Desportiva do Ensino Superior de Lisboa, organização que gere os Campeonatos Universitários de Lisboa. Acredita que não lhe retira tanto tempo como as suas funções na AE ISEL, mas não tem dúvidas de que dá muito trabalho: “Tenho de ir ao Estádio Universitário, no mínimo, uma vez por semana, para verificar os relatórios disciplinares. Não convém acumular isso, até para os atletas terem sempre informação atualizada”.

    «Às vezes não é fácil ter cuidado com a alimentação e com a condição física. Afinal de contas, um universitário que não viva a vida, não é universitário»

    Um trabalho semanal, portanto, mas que implica uma dedicação regular e uma organização extrema devido ao excesso. Aquele dia, o da nossa entrevista, foi o exemplo perfeito. Rodrigo vive na Ericeira, o que não ajuda muito às contas: “Hoje tive de acordar por volta das 6h15, para sair de casa às 6h50 e estar aqui no ISEL às 8h00, que é quando começam as minhas aulas”.

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