Quando o argelino Yacine Brahimi chegou ao Dragão, veio apelidado de fantasista, de um excelente jogador no um-para-um. Porém, todos pensavam como é que era possível tal jogador estar no Granada, uma equipa que luta para não descer na Liga espanhola e não tinha muitas ambições. Os seus primeiros jogos com a camisola azul e branca foram recheados de grandes momentos (quem não se lembra do playoff da Liga dos Campeões contra o Lille em que aquele lateral direito sofreu o jogo todo no Dragão).
Porém, Brahimi tinha algumas limitações no seu jogo. Individualizava demasiado as jogadas, demorava a libertar o esférico o que complicava o jogo coletivo. Ao mesmo tempo, estes defeitos conseguiam virar qualidades no espaço de um lance, onde criava jogadas do nada, saía do meio de três adversários com um facilidade invulgar e criando desequilíbrios nas defesas adversárias e conseguindo abrir espaços para os seus colegas terem oportunidades de golo. Sempre que nos lembramos de Brahimi, está associado a grandes momentos de futebol, seja através de golos ou de lances individuais estonteantes.
A massa adepta portista é exigente e já grandes jogadores foram assobiados e, mesmo assim, ícones do clube (lembrando-me mais recentemente de Quaresma e de Hulk) mas isso de nada os impediu de alcançarem sucesso no clube. O que tinham eles em comum? Tanto conseguiam perder num duelo individual onde podiam ter passado a bola como, no lance a seguir, conseguiam uma finta estonteante onde arrancavam aplausos da massa adepta portista.
Mas, será que Yacine Brahimi foi vítima ou réu em todo este processo? Relembrar que o FC Porto perdeu a sua hegemonia no futebol português e a estrutura, tão gabada e que funcionava tão bem, foi perdendo virtudes e poder. Mas voltando ao jogador, apesar de nem sempre os jogos correrem da melhor forma, não se escondia nunca do jogo, tentava pegar nele mesmo quando a equipa como coletivo não rendia da mesma forma, algo que aconteceu o ano passado, onde era constantemente o mais inconformado e, por diversas ocasiões, o desequilibrador e criador de perigo do FC Porto.