Itália 1-1 Inglaterra (3-2 GP): Football’s coming to Rome!

    A CRÓNICA: WEMBLEY COROA O NOVO RENASCIMENTO

    O mítico Wembley foi o palco da grande final do Euro 2020. Com clara maioria britânica nas bancadas, Itália e Inglaterra perfaziam um confronto inédito numa final desta competição. A seleção transalpina vinha de 33 (!) jogos sem perder, enquanto que os ingleses procuravam levantar o primeiro troféu em 55 anos. A jogar diante dos seus adeptos, era a grande oportunidade para a Inglaterra conquistar pela primeira vez o Campeonato da Europa. Do lado italiano, e apesar da grande campanha, adivinhava-se uma missão espinhosa pela frente…

    O jogo não podia ter começado melhor para a Inglaterra. Estavam jogados apenas dois minutos quando, numa transição rápida, Harry Kane progrediu no terreno, entregando a bola a Trippier, que cruzou com precisão para Luke Shaw, que, num remate de primeira ao segundo poste, abriu o marcador.

    O golo madrugador da seleção da casa deixou a Itália mais nervosa, pelo que a Inglaterra se mostrou mais confiante e tranquila. A equipa de Gareth Southgate demonstrou grande capacidade de pressão na primeira fase de construção da seleção transalpina, o que impossibilitou a Itália de criar grande perigo.

    Federico Chiesa, um dos mais corajosos da Azzurra, irrompeu pela direita à passagem dos 34 minutos, aguentando a carga dos adversários, e rematou ao lado da baliza de Pickford, numa jogada individual que conferiu um dos raros momentos de inspiração italiana.

    Apesar da pouca objetividade e consequente criatividade do conjunto italiano, Verratti e Bonucci tentaram a sorte ainda antes do intervalo, mas o remate do médio do Paris Saint-Germain foi bloqueado e a tentativa do defensor da Juventus saiu por cima.

    Com um único remate na primeira parte, a Inglaterra, muito consistente defensivamente, partiu para o descanso em vantagem. A equipa de Roberto Mancini teve mais posse de bola, mais remates e completou quase o dobro dos passes, estatísticas essas que se provaram infrutíferas, dado que a Inglaterra conseguiu dominar o primeiro tempo.

    No regresso dos balneários, a primeira oportunidade de golo saiu dos pés de Insigne logo nos primeiros minutos, através de um livre direto à entrada da área britânica. Tal como na primeira parte, o virtuoso italiano não conseguiu transformar o livre direto em golo.

    A Inglaterra entrou pressionante, assim como no primeiro tempo. Por sua vez, a congénere italiana mostrou-se errática na primeira fase de construção. Mancini percebeu isso e abdicou de Immobile, fazendo entrar Berardi. Por sua vez, Cristante rendeu Barella. Com as substituições, a Azzurra mostrou-se mais destemida e começou a criar mais lances flagrantes, beneficiando da criatividade de Insigne e da irreverência de Chiesa, os dois elementos mais influentes do setor ofensivo.

    A Itália circulava a bola no meio-campo inglês e chegou mesmo à igualdade. Num golo iniciado pelos recém-entrados, Berardi cobrou um pontapé de canto e Cristante desviou para o segundo poste – Chiellini tentou ganhar o lance, com a bola a sobrar para Verratti, que cabeceou ao poste. Depois de tanta confusão, a bola sobrou para Bonucci, que não perdoou e empatou a partida quando estavam decorridos 67 minutos.

    A seleção italiana conseguiu sempre pressionar na primeira zona de construção da Inglaterra e controlou o meio-campo na segunda parte. Berardi podia ter dado a vantagem à Itália aos 73 minutos, após um grande lançamento de Chiellini, mas não teve pontaria suficiente.

    A Itália mostrou-se mais versátil, jogando tanto por fora como por dentro, melhorando o seu jogo interior na 2.ª parte, em que foi claramente dominante. Ainda assim, o encontro chegou empatado a uma bola ao fim dos 90 minutos e, já no prolongamento, Roberto Mancini voltou ao esquema inicial, fazendo entrar Belotti para o centro do ataque.

    Aos 96 minutos, a Inglaterra teve a sua principal oportunidade em todo o prolongamento, com um remate à entrada da área de Kalvin Phillips. O criativo Grealish entrou e a Inglaterra conseguiu equilibrar e controlar melhor o jogo, face à perda da capacidade de pressão da Itália.

    Já a Itália teve, ao passar do 103.º minuto, a sua melhor chance para desfazer a igualdade, com Bernardeschi a não conseguir desviar um cruzamento de Emerson Palmieri, que foi defendido por Pickford. Na recarga, Belotti atirou para fora.

    Bernardeschi voltaria a tentar a sua sorte minutos depois, através de um livre direto que Pickford não agarrou à primeira. A Inglaterra também só conseguiu criar algum perigo na sequência de bolas paradas. Com as equipas muito cautelosas, a arriscar cada vez menos, a partida chegou ao fim e seguiu-se o desempate por grandes penalidades.

    Na lotaria dos penáltis, Andrea Belotti foi o primeiro a falhar, com Pickford a fazer a primeira defesa. No entanto, Rashford e Sancho não conseguiram converter as suas penalidades, o que deixou a responsabilidade do título com Jorginho.

    O médio ítalo-brasileiro não conseguiu bater o guardião inglês, assim como Saka não conseguiu marcar a Donnarumma, que defendeu e deu o título europeu à Itália em pleno Wembley. A seleção transalpina conquista a competição pela segunda vez, depois de já a ter vencido em 1968.

    Por sua vez, continua o jejum de títulos da Inglaterra, que não vence um troféu desde 1966, quando venceu o Campeonato do Mundo. A seleção inglesa jamais conquistou o Campeonato da Europa, mesmo já tendo jogado a edição de 1996 em casa, para além de ter realizado seis dos sete jogos neste Euro 2020 em Wembley, uma clara vantagem face aos adversários que não conseguiu aproveitar.

     

    A FIGURA

    “Muralha” italiana – Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini são duas instituições do futebol italiano e mundial. Na final de hoje, ficou mais uma vez reiterado esse estatuto. Imperiais, os dois defesas da Juventus mostraram que a idade é só mesmo um número. Bonucci juntou a grande exibição com um golo importantíssimo, num jogo em que o ambiente estava claramente desfavorável aos italianos. Ainda estão aí para as curvas.

    O FORA DE JOGO

    Juventude inglesa – Em contraste com a experiência e veterania italiana, a excessiva juventude inglesa foi fatal para o concretizar do sonho inglês. Rashford, Sancho e Saka, todos eles ainda bastante jovens, tremeram na lotaria das grandes penalidades. Mais do que irreverência, velocidade e explosão, é preciso muita tarimba para enfrentar estes momentos de forma confiante e foi algo que faltou a alguns jogadores ingleses.

     

    ANÁLISE TÁTICA – ITÁLIA

    A seleção italiana apresentou-se no seu tradicional 4-3-3, com o habitual trio de meio-campo composto por Jorginho, Verratti e Barella. Na primeira parte, apesar de superior a nível estatístico, a equipa de Roberto Mancini não se conseguiu impor diante da Inglaterra, que conteve a Azzurra, e marcou no único remate que fez nos primeiros 45 minutos. Na segunda parte, o técnico italiano mostrou-se ousado, retirando o seu único avançado centro de campo para a entrada de Berardi, substituição que se veio a revelar decisiva, assim como a entrada de Cristante.

    A Itália passou a ter a iniciativa do jogo, pressionando a saída de bola inglesa e circulando o esférico no meio-campo adversário. No entanto, e mesmo com uma nítida melhoria no seu jogo interior, faltou discernimento no último passe e, de certa forma, alguma pontaria. No prolongamento, a equipa transalpina foi perdendo gradualmente capacidade de pressão e tentou administrar a partida, sem criar grandes oportunidades para marcar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Donnarumma (8)

    Di Lorenzo (6)

    Chiellini (8)

    Bonucci (8)

    Emerson (7)

    Jorginho (7)

    Verratti (7)

    Barella (6)

    Chiesa (8)

    Insigne (7)

    Immobile (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Cristante (7)

    Berardi (7)

    Bernardeschi (6)

    Belotti (6)

    Locatelli (6)

    Florenzi (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – INGLATERRA

    Southgate começou o jogo numa espécie de 3-4-2-1, com Mount e Sterling no apoio a Kane, e que, no momento defensivo, se tornava num 5-2-3. Durante todo o jogo, a Inglaterra nunca foi uma equipa perigosa, sendo refém de ações e rasgos individuais de alguns jogadores, nomeadamente o sempre inconformado Sterling. Mesmo na primeira parte, onde conseguiu conter as investidas italianas com uma pressão alta, só fez um remate à baliza… que resultou no golo de Shaw, logo aos dois minutos de jogo.

    Com a entrada de Bukayo Saka na segunda parte, preterido neste jogo por Trippier, o técnico inglês abdicou do esquema de três defesas centrais e passou a jogar em 4-2-3-1 – alteração que fez com que a seleção italiana ganhasse total controlo da partida na segunda parte, resultando no empate.

    Já no prolongamento, o jogo foi ficando repartido e, dado o cansaço dos jogadores, a partida foi se arrastando até ao final com uma igualdade, sem grande iniciativa por parte dos protagonistas – os ingleses só criaram perigo através de bolas paradas. No cômputo geral, e como foi apanágio da Inglaterra durante este Euro 2020, pedia-se muito mais a nível estratégico e exibicional.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Pickford (6)

    Walker (6)

    Maguire (7)

    Stones (7)

    Trippier (7)

    Rice (8)

    Phillips (7)

    Shaw (8)

    Mount (6)

    Sterling (7)

    Kane (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Saka (6)

    Henderson (6)

    Grealish (6)

    Sancho (-)

    Rashford (-)

     

    Artigo revisto por Andreia Custódio

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    Francisco Guerra
    Francisco Guerrahttp://www.bolanarede.pt
    É apaixonado por futebol, principalmente pelo Sporting CP, o seu único clube. Está a licenciar-se em Comunicação e Jornalismo, adora escrever sobre futebol no geral, além de outras modalidades como o wrestling, que acompanha desde pequeno. Também gosta de apreciar o futebol fora do espectro da paixão clubística, tendo como principais referências Cristiano Ronaldo e Diego Maradona.                                                                                                                                                 O Francisco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.