Revista do Mundial’2014 – França

cab frança mundial'2014

Didier Deschamps, ao contrário da maioria dos seleccionadores nacionais, decidiu não elaborar uma pré-convocatória, mostrando-se bastante decidido e firme nas suas escolhas. No entanto, a convocatória não deixa de ser por isso contestada: Nasri, Lacazette e Clichy ficaram de fora após terem feito boas temporadas pelos respectivos clubes e terem sido peças utilizadas na fase de qualificação.

O técnico francês apresenta, ainda assim, uma lista forte e com potencial para voltar a pôr a selecção gaulesa a competir com os gigantes europeus e, assim, melhorar o registo face às últimas campanhas da França, que tem ficado aquém das expectativas. A participação no Mundial de 2010 foi no mínimo desastrosa – nem conseguiu passar da fase de grupos e somou um empate como melhor resultado. Essa participação causou grande desagrado e foi muito noticiada pela polémica dos balneários. Após a demissão de Domenech e a escolha de Blanc esperava-se uma França mudada e com possibilidades de discutir o Europeu de 2012… mas tal não aconteceu.

Fizeram melhor do que no Mundial de 2010, mas ficaram novamente aquém das expectativas. Talvez por terem apanhado uma Espanha fortíssima nos quartos-de-final, mas mesmo assim queria-se mais dos pupilos de Blanc. Agora, com Deschamps, começa uma nova etapa. E isso comprova-se com esta convocatória, repleta de jovens talentosos. Espero uma França forte e capaz. Renovada e eficiente. Uma selecção com sede de títulos e capaz de voltar a ombrear com os melhores. Podemos estar mesmo diante do renascer da Gália, de que a conquista do Mundial Sub-20 de 2013 pode ter sido apenas o começo.

Em suma, penso que com estes jogadores Deschamps pode ir longe. Fico apreensivo quanto à ausência de Nasri, pois faz falta um jogador criativo neste elenco. Por outro lado, percebo a atitude de Didier que com certeza ficou inquieto com os contínuos altos e baixos de Nasri ao longo da época, com prestações e atitudes oscilantes. Espero para ver, mas conto que este seja o ano de regresso em grande da França após aquele desaparecimento descabido no Mundial de 2010.

OS CONVOCADOS

Guarda-redes – Hugo Lloris (Tottenham), Steve Mandanda (Marselha), Mickaël Landreau (Bastia).

Defesas – Raphaël Varane (Real Madrid), Mamadou Sakho (Liverpool), Mathieu Debuchy (Newcastle), Laurent Koscielny (Arsenal), Lucas Digne (PSG), Eliaquim Mangala (FC Porto), Bacary Sagna (Arsenal), Patrice Evra (Manchester United).

Médios – Yohan Cabaye (PSG), Paul Pogba (Juventus), Blaise Matuidi (PSG), Moussa Sissoko (Newcastle), Clément Grenier (Lyon), Rio Mavuba (Lille), Mathieu Valbuena (Marselha).

Avançados – Karim Benzema (Real Madrid), Franck Ribéry (Bayern Munich), Antoine Griezmann (Real Sociedad), Olivier Giroud (Arsenal), Loïc Rémy (Newcastle). 

A ESTRELA

Frank Ribéry Fonte: Mirror
Frank Ribéry
Fonte: Mirror

A estrela da selecção francesa é indubitavelmente Frank Ribéry. Apesar de uma época um pouco mais apagada não se pode negar a influência do extremo do Bayern de Munique na formação de Deschamps. Eleito melhor jogador a actuar na Europa na época 2012/2013, promete destruir os laterais e confundir a defesa adversária com cruzamentos e remates imprevisíveis.

Após uma época brilhante ao serviço do seu clube no ano passado, com a conquista da Liga dos Campeões e das respectivas competições internas, Ribéry baixou um pouco o rendimento, sendo a meu ver este ano ultrapassado por Robben como figura central da equipa da Baviera.

Penso que apesar da época no Bayern, em que conquistou o campeonato e a Taça, Ribéry vai querer mostrar que a Bola de Ouro lhe deveria ter sido entregue. Prevejo, assim, uma actuação de grande suor e esforço por um papel de destaque neste Mundial. 

O TREINADOR

Didier Deschamps Fonte: thehardtackle.com
Didier Deschamps
Fonte: thehardtackle.com

Didier Deschamps foi apresentado como seleccionador francês a 9 de julho de 2012, findado o Europeu. Chegou com a promessa de criar uma equipa que “controle e se imponha ao adversário”. Na fase de qualificação conseguiu morder os calcanhares à selecção espanhola mas acabou por ficar em segundo lugar no seu grupo. No play-off livrou-se da Ucrânia, após uma reviravolta que ninguém esperava.

Analisando o percurso deste treinador (AS Mónaco, Juventus e Marselha), podemos esperar grandes coisas. Habituado aos títulos e aos grandes palcos, vai com toda a certeza trazer-nos um futebol atractivo e eficaz. A passagem por Itália teve grande influência no seu método de trabalho. Didier vai, certamente, apostar numa atitude mais pragmática, com grande coerência defensiva e um meio-campo exímio a lançar bolas para o ataque.

Penso ter sido a melhor escolha para recolocar a selecção gaulesa na discussão das grandes competições. 

O ESQUEMA TÁTICO

10425771_652132668194723_776059109_n

Espera-se uma equipa a jogar ao estilo italiano: com uma defesa sólida e com os laterais a subir e apoiar no ataque. No meio-campo espera-se competência e pragmatismo, quer na hora de defender, quer na hora de atacar. Jogar um pouco no erro adversário, lançar a bola no ataque e cortar os lances ofensivos adversários pela raiz. No ataque, há uma grande dependência de Benzema e Ribéry, mas há também soluções no banco para alterar a filosofia de jogo.

O PONTO FORTE

Uma equipa bastante jovem e renovada, com muitos dos elementos da selecção de sub-20 campeã do mundo em 2013, pode trazer muita criatividade. A coerência táctica de Deschamps e a influência de alguns jogadores experientes como Sagna, Evra ou Ribéry é uma grande vantagem, especialmente dentro de um grupo jovem, que, apesar de talentoso, pode perder a calma e a maturidade em momentos de maior pressão. De salientar ainda a grande muralha defensiva que conta com defesas de grande nível mundial e o meio-campo, onde alinha uma das maiores promessas do futebol: Pogba.

O PONTO FRACO

Defesa e meio-campo são importantes mas o ataque é essencial. E não sei até que ponto uma marcação cerrada a Ribéry e Benzema poderá deitar o plano de Deschamps pelo cano abaixo. Apesar de renovada, a equipa continua a depender muito destes dois jogadores. Falta nesta selecção um desequilibrador nato. Vamos esperar para ver o que estes jovens podem fazer.

Tomás Gomes
Tomás Gomes
O Tomás é sócio do Benfica desde os dois meses. Amante do desporto rei, o seu passatempo favorito é passar os domingos a beber imperial e a comer tremoços com o rabo enterrado no sofá enquanto vê Premier League.                                                                                                                                                 O Tomás escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Gonzalo García a brilhar no Mundial de Clubes 2025: eis os números do avançado do Real Madrid

Gonzalo García tem sido titular indiscutível no Mundial de Clubes 2025 pelo Real Madrid. O jogador é um dos protagonistas da competição.

Kátia Aveiro sai em defesa de Cristiano Ronaldo: «Sociedade doente»

Cristiano Ronaldo tem sido criticado por não ter estado presente nos funerais de Diogo Jota e André Silva, que faleceram num acidente de viação.

Ilia Topuria: A ascensão inevitável de um campeão com identidade própria | UFC

No universo competitivo e imprevisível da UFC, poucos trajetos têm sido tão marcantes e estrategicamente bem trilhados como o de Ilia Topuria.

Antevisão GP Grã-Bretanha: Verstappen volta a sacar coelho da cartola

Depois de uma ronda desastrosa no Red Bull Ring, com um abandono logo na primeira volta após um acidente com Kimi Antonelli, Max Verstappen respondeu da melhor forma

PUB

Mais Artigos Populares

FCSB derrota Cluj e conquista Supertaça da Roménia

O FCSB conquistou durante este sábado a Supertaça da Roménia, depois de ter vencido o Cluj por duas bolas a uma.

Vai ser reforço do Sporting mas afirma: «Pensava que era brincadeira»

Víctor Guzmán vai ser reforço do Sporting nos próximos dias. O jovem prepara-se para integrar os escalões jovens do emblema leonino.

Moreirense perto de se reforçar com internacional jovem pela Sérvia

O Moreirense está muito perto de garantir a contratação de Mateja Stjepanovic, jogador que finalizou o seu contrato com o Moreirense.