A oito jornadas do fim, apesar de o primeiro lugar estar atribuído há muito tempo, ainda se vivem momentos de aflição nos últimos lugares.
Com apenas 18 pontos em 25 jogos, o Eintracht Braunschweig parece estar já condenado à despromoção, terminando a edição 2013/2014 da Bundesliga em último lugar, na mesma época em que voltou à principal divisão alemã. A equipa de Marcel Correia, luso-descendente que fez os 90 minutos nas últimas cinco jornadas, vai voltar então ao segundo escalão germânico, para desilusão de todos aqueles que costumam encher os 23 000 lugares do Eintracht-Stadion. Não foi certamente o regresso esperado, mas a verdade é que é talvez a equipa com menos qualidade individual dentro do plantel, e mesmo a nível colectivo nunca mostraram estar a postos para se baterem com as outras equipas. A prova disso é a diferença de golos (-25), a pior da Bundesliga.
Com mais três pontos, surge o VfB Stuttgart num surpreendente 17º lugar. O clube que triunfou em 2006/2007, com Fernando Meira, está assim num lugar impensável, correndo sérios riscos de descida.
Ao contrário do Eintracht Braunschweig, a turma comandada por Huub Stevens (ex-Schalke 04 e PAOK) tem nas suas fileiras bons nomes do futebol alemão, como é o exemplo de Niedermeier, experiente central alemão, e de Arthur Boka, que, apesar de nunca ter confirmado as qualidades que prometia em 2006, também não se tornou numa desilusão, revelando ser um lateral esquerdo rápido e com um pontapé muito forte, mas não muito mais do que isso. No ataque também não parecem estar mal servidos, pelo menos a título individual, já que contam com Ibisevic, Martin Harnik e Cacau. Mas a verdade é que “a equipa da Mercedes” fez balançar as redes ‘apenas’ por 39 vezes, tendo sofrido 52 tentos adversários. O grande problema parece residir no centro do terreno, já que o melhor jogador para aquela zona é Moritz Leitner, um jovem de apenas 21 anos, emprestado pelo Borussia Dortmund.
No 16º posto (lugar que dá acesso ao play-off de despromoção) está o SC Freiburg, com 22 pontos. Esta é a equipa que parece ter o calendário mais favorável daquelas que se encontram sob a linha de água, apesar de uma deslocação a Stuttgart poder mudar completamente a tabela final da Bundesliga. A época da equipa comandada por Christian Streich não tem sido fácil, e um plantel à sua disposição também não é o melhor. Coquelin, francês emprestado pelo Arsenal, e Gelson Fernandes são quem tem como papel fundamental a construção de jogo dos alemães, enquanto Václav Pilař é quem mais desequilibra nas laterais. A grande esperança dos adeptos que se deslocam ao Mage Solar Stadion reside no jovem de 23 anos emprestado pelo Dynamo Kyiv, o tunisino Admir Mehmedi, que é avançado e fez oito golos esta época.
Com mais um ponto (23 no total), está o FC Nürnberg. Gertjan Verbeek chegou a meio para tentar salvar a época, e a verdade é que a equipa ocupa agora uma posição que garante a manutenção. Raphael Schäfer, o veteraníssimo guarda-redes de 35 anos e figura incontornável do clube, foi uma autêntica muralha, salvando a equipa em alguns jogos difíceis, mas pode não ser o suficiente. Os experientes Emanuel Pogatetz e Per Nilsson são o esteio da defesa, o meio-campo está entregue a Feulner, a Hiroshi Kiyotake, a Mike Frantz e a Hloušek, enquanto quem ocupa a posição goleadora é Daniel Ginczek e o quarto melhor marcador do campeonato – Josip Drmić. O suíço já festejou por 12 vezes, as mesmas de Adrián Ramos, Thomas Müller e Roberto Firmino. A equipa de Nürnberg tem pela frente jogos com alto grau de dificuldade, como as recepções ao Borussia M’gladbach e Bayer Leverkusen e mesmo as deslocações aos terrenos do VfL Wolfsburg e Schalke 04. Os jogos chave serão nas jornadas 27 e 28, sendo estas disputadas com a diferença de apenas três dias entre elas. O primeiro será em casa, contra o VfB Stuttgart, e terá depois uma deslocação que se espera muito difícil a Freiburg.
Quando Mirko Slomka assumiu o cargo de técnico do Hamburg, em meados de Fevereiro, a equipa do ‘benfiquista’ Ola John ocupava um preocupante 16º lugar, que, a manter-se, conduziria a equipa a uma despromoção vergonhosa face à qualidade dos seus jogadores. A verdade é que, apenas um mês volvido, a mesma equipa encontra-se num aparente confortável 14º lugar, dividido com o Nürnberg, e a três pontos do Eintracht Frankfurt.
À semelhança do Nürnberg, o Hamburg terá dois jogos seguidos importantíssimos. Terão lugar já nas duas próximas jornadas: o primeiro é uma difícil deslocação ao terreno do VfB Stuttgart; a outra partida terá lugar no seu estádio, frente ao SC Freiburg. Nestes dois jogos, Slomka poderá garantir uma importante vantagem de três pontos para dois concorrentes directos. Contudo, se olharmos para os jogos seguintes, não têm nada de fácil: mais uma deslocação muito difícil a Monchengladbach e recepções igualmente difíceis perante equipas como o Bayer Leverkusen, VfL Wolfsburg e Bayern München.
Slomka, ainda assim, é talvez o treinador com mais sorte, já que é aquele que tem ao seu dispor o plantel mais forte de todos aqueles que se encontram nos últimos lugares da tabela. René Adler na baliza, Dennis Diekmeier, Michael Mancienne, Heiko Westermann, Johan Djourou e Jonathan Tah na defesa, Tomás Rincón, Hakan Çalhanoğlu, Ivo Ilicevic, Milan Badelj, Petr Jirácek, Rafael van der Vaart e Ola John no meio campo, e Pierre-Michel Lasogga no ataque constroem um plantel que, em condições normais, estaria com Bayer Leverkusen, 1. FSV Mainz 05, VfL Wolfsburg, Borussia M’gladbach, FC Augsburg e Hertha BSC a lutar por um lugar europeu.
Destas cinco equipas, duas vão descer, uma disputará o play-off de despromoção e outras duas irão permanecer na Bundesliga. Quais serão?