O Bayern München é, na minha opinião, o melhor campeão da história do futebol. Nunca nenhuma equipa lhe conseguiu fazer frente, e prova disso são as 25 vitórias em 28 jogos, tendo como resultados menos favoráveis três empates (um deles já como campeão, contra o Hoffenheim).
Pep Guardiola levou o tiki-taka a um outro nível, fazendo com que este se tornasse não tão enfadonho como no Barcelona, mas mais vertical e mais ofensivo, com jogadores muito mais fortes fisicamente, como Javi Martínez, Thomas Muller ou Thomas Müller.
O técnico catalão mal chegou à Baviera e fez com que Philipp Lahm deixasse a lateral direita, e tornou-o no único pivot defensivo, desfazendo a táctica anterior de Jupp Heynckes, que apostava em dois jogadores para a posição. Lahm foi fundamental no relógio da equipa, fez com que surgisse um equilíbrio ainda maior entre a defesa e o meio campo, e, ainda mais importante, libertou um jogador, Schweinsteiger, para se juntar ao carrossel ofensivo.
Mas, se a época passada já tinha sido brilhante, com a chegada de Thiago Alcântara e Mario Götze, a presente teria tudo para ser ainda melhor, e a verdade é que, pelo menos internamente, está a ser. Estes jogadores foram fundamentais, e os responsáveis do clube não devem estar nada arrependidos de gastar uma fortuna neles.
Thiago Alcântara trouxe com ele o perfume, a velocidade, a imprevisibilidade e a técnica do tiki-taka catalão. Apesar da sua aparente fraqueza física, é mais forte do que muitos alemães na disputa pela bola. É dono de um remate de elevado recorte técnico e faz do seu passe longo uma das suas maiores qualidades. Esta época foi importante, não só como uma aposta vinda do banco, mas surgindo muitas vezes a titular no centro do terreno, com Schweinsteiger, Kroos ou Muller. O ‘Golden Boy’ de 2011 não parecia estar satisfeito com os minutos que estava a ter em Barcelona, portanto reencontrou-se com Guardiola em München. Não podia ter decidido melhor – leva três golos em 25 jogos.
Mario Götze já vinha rotulado como grande jogador mundial, e não apenas ainda uma promessa, como o seu colega de equipa. Era uma pedra fulcral no Borussia Dortmund, clube pelo qual venceu por duas vezes a Bundesliga e ainda o carregou às costas. Guardiola usa-o várias vezes na posição mais avançada do terreno, mesmo sendo ele um 10 puro. Quer fazer dele uma espécie de Messi do Bayern München, um falso 9, que troca muitas vezes com Thomas Müller e que vai muitas vezes à ala, permitindo a deslocação de Robben, Ribéry ou Shaqiri para o centro. Até à data, participou em 34 partidas, tendo marcado 12 golos, um deles em pleno Signal Iduna Park à sua antiga equipa.
Com jogadores goleadores como este, e falando ainda de outros, como Müller, Robben, Ribéry, Schweinsteiger e Kroos, quase não era preciso haver pontas de lança nesta equipa, mas eles existem e também marcam que se fartam. Mario Mandzukic é o melhor marcador da Bundesliga, com 17 golos marcados, e o melhor marcador da equipa, com 23 em 39 jogos. Há espaço ainda para o veterano Claudio Pizarro – o peruano de 35 anos soma 396 minutos na Bundesliga, o suficiente para marcar cinco golos.
A baliza está entregue ao melhor guarda-redes do mundo. Manuel Neuer provou-o mais uma vez esta época, tendo sofrido apenas 13 golos em 2340 minutos, tendo três deles sido sofridos no mais recente empate do Bayern München, frente ao Hoffenheim, tendo o Bayern já garantido o título na jornada anterior, em Berlim.
A defesa é provavelmente o sector menos forte da equipa. Dante, Badstuber, Boateng, van Buyten e Javi Martínez, que também faz a posição, são bons mas não parecem ter a mesma qualidade do ataque e do meio campo. São suficientes, sim, mas, num plantel destes, um jogador da qualidade de Mats Hummels, David Luiz ou Thiago Silva não caía nada mal.
O meio campo é, sem qualquer dúvida, o melhor, o mais polivelente e o que mais soluções apresenta no mundo inteiro. É quase um pecado ter Kroos, Javi Martínez, Schweinsteiger, Götze, Thiago e Müller, tendo de deixar quase sempre, pelo menos, dois destes de fora. Fazem da posse e da verticalidade o seu modo de jogo, e que bem que o fazem. Quando estão inspirados, fazem arte, dão um espetáculo melhor que ópera.
Estão com uma equipa excelente, não deverão ter nenhuma saída relevante no Verão e ainda vem Robert Lewandowski, um dos melhores avançados do Mundo. Se esta equipa já faz o que faz, como será com mais este nome?
Guardiola é fantástico, os jogadores são os melhores, o estádio é assombroso, o ambiente é frenético, a mentalidade é excelente. Tudo isto fez do Bayern München o melhor campeão de sempre.