«Jorge Jesus abriu a porta para muitos profissionais de Portugal no Brasil» – Entrevista BnR com Sandro Orlandelli

– Wenger, um homem à frente do seu tempo –

«Normalmente, o melhor treinador para o jogador é o que o põe a jogar, e eu vi essa exceção com o Arsène Wenger»

BnR: Como foi trabalhar com Arsène Wenger?

Sandro Orlandelli: Ele é uma pessoa que está à frente do seu tempo. Se falamos em adaptação, ele já tinha muito conhecimento, já via se os jogadores tinham educação ou não, via o limiar entre a educação e a disciplina. Quando ele iniciou o processo de colocar a bola no chão, no processo das ligações, os jogadores que foi trazendo tinham essa caraterística, mas ele não rompeu a cultura existente de forma brusca, foi deixando e eles foram fazendo, até ao momento em que ele conseguiu ter jogadores magníficos ali na frente – Henry, Bergkamp, Patrick Vieira, Gilberto Silva , Edu – jogadores que tinham essa facilidade de trabalhar com a bola no chão. Ele tinha a visão e conseguiu que o processo se tornasse natural. O lateral direito que tinha uma caraterística verticalizada, ele trouxe jogadores que tinham o mesmo perfil físico, mas jogavam com a bola no chão, e isso no scouting fez-me evoluir muito, porque tinha a responsabilidade de entender o que ele procurava e ele deixava isso muito vincado.

BnR: No Arsenal, viveu a melhor altura do clube, quando foi campeão invicto.

Sandro Orlandelli: Outra aprendizagem, vendo sempre com alguma distância, sempre muito observador, a atmosfera criada, que é um dos pontos que tento replicar no Bragantino, uma atmosfera muito positiva. Não havia nenhum tipo de lacuna, ele conseguia controlar muito bem tudo, sempre deixou muito claro que se tem de entender o que motiva um jogador, e cada jogador tem uma motivação própria. Se entendes isso, extrais o máximo do jogador, e essa genialidade dele é para poucos.  Se perguntares a qualquer jogador dessa época, mesmo os que estiveram no banco, nenhum ficou descontente com ele, todos estavam com ele, isso é impressionante. Normalmente, o melhor treinador para o jogador é o que o põe a jogar, e eu vi essa exceção com o Arsène Wenger, mesmo os que não gostavam tinham grande respeito por ele, pela serenidade e tranquilidade que demonstrava.

BnR: Trabalhou com muitas estrelas, o Sandro foi responsável pela chegada de alguma delas?

Sandro Orlandelli: Desses jogadores, eu participei em algumas análises, mas os responsáveis por essas chegadas foram o Steve Rowley , o nosso chefe de scouting, um olho fantástico, e o Francis Cagigao, que é também um dos mais importantes observadores, sempre participou muito mais ativamente porque ele tratava mais da parte da Europa. Com o Gilberto Silva sim, porque eu trabalhava com a América, mas nos outros só na integração.

BnR: Coincidiu com dois portugueses no Arsenal: Rui Fonte e Bischoff. Tinham potencial para chegar mais longe?

Sandro Orlandelli: O Rui Fonte eu lembro-me bem, participava em muitas ações com ele. É um avançado muito inteligente, com muito boa técnica e precisão para finalizar. Um dos maiores desafios do Rui foi que a liga inglesa, na altura, exigia muita velocidade ao avançado, e ele não tinha essa capacidade genética, mas fora isso tinha todos os atributos para jogar. Era um jogador muito inteligente tecnicamente.

Pedro Pinto Diniz
Pedro Pinto Dinizhttp://www.bolanarede.pt
O Pedro é um apaixonado por desporto. Em cada linha, procura transmitir toda a sua paixão pelo desporto-rei, o futebol, e por todos os aspetos que o envolvem. O Pedro tem o objetivo de se tornar jornalista desportivo e tem no Bola na Rede o seu primeiro passo para o sucesso.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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